quinta-feira, 26 de março de 2009

O prestigio da literatura


Hoje, no JN, vem uma curta entrevista com José Rodrigues dos Santos. Sobre aquilo que acho da escrita deste autor/jornalista já falei aqui.
Agora J.R.S. afirma duas coisas a que eu gostaria de dar algum realce. Numa primeira afirmação diz que antes de si a «Literatura portuguesa hostilizava os leitores»! Ora,acho eu, nenhuma literatura tem como objectivo hostilizar um leitor, terá, isso sim a vontade e até a necessidade de conquistar leitores! Só assim poderá fazer sentido. Um livro serve para ser lido, absorvido, vivido! Mesmo que, por vezes, seja difícil entrar em alguns, o que poderá tornar o desafio ainda mais aliciante! Ou seja, se um livro for de fácil leitura, de entendimento linear, de escrita escorreita, pode ser mais lido, mas não quer, necessariamente, dizer que é melhor, e essa parece ser a ideia central deste autor. Os seus livros são muito vendidos, o que não é sinónimo de mais lidos. E isso vem entroncar na outra afirmação que gostaria de realçar: «Esses livros são comprados para serem colocados na estante como um objecto de prestígio, não necessariamente como objecto de leitura.». Um livro não é um bibelot! Quem usa livros como elementos decorativos não sabe, nunca saberá, usufruir de um bem inestimável. A literatura, mesmo a mais fácil, não pode servir para adornar, serve para viver e o maior prestigio que se pode ter ao colocar um livro numa estante é saber que ali está algo que nos acrescenta enquanto pessoas

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