quinta-feira, 30 de abril de 2009

Europa em Lisboa


Sempre achei que Campo de Ourique era uma espécie de cidade dentro da cidade. Ou melhor, uma pequena vila de características urbanas, inserida numa cidade maior. Quase como uma ilha, rodeada de cidade por todos os lados, mas mantendo uma autonomia que lhe dava ares de quase independência em relação à restante urbe. Tinha comércio próprio, hábitos próprios, vida própria. Quase se poderia dizer que não precisava do resto de Lisboa para sobreviver em condições muito aceitáveis. O mais engraçado é que, ainda hoje, quando lá entro, me dá essa sensação. A de que estou num outro sítio que não Lisboa, com a vantagem de estar bem no centro da capital. Como toda a vila urbana que se preza, também Campo de Ourique tem a sua sala de cinema. O Cinema Europa! Ou melhor, tinha, porque afinal este bairro também é Lisboa e como vai acontecendo por toda a cidade, este também é um cinema que já não se deixa ver. Lamentavelmente!
Bom fim de semana!

Subitamente nos verões passados...


Quando somos pequenos as férias grandes são enormes!!! O tempo nunca mais acaba, os dias são uma imensidão de minutos por explorar, com aventuras e venturas várias, com momentos únicos que estendemos por infindáveis sorrisos, por prazeres inigualáveis. Cada manhã é um revigor, é um soalheiro dia que vamos enchendo de ensejos novos, como uma colecção de cromos em que nos vamos maravilhando ao abrir cada nova carteira, colando cada cromo com a espátula a escorrer de cola branca, sabendo, de antemão, que a colecção irá chegar a um fim, mas tendo igualmente a certeza que o cromo mais difícil só irá sair lá mais para a frente.
Quando éramos pequenos saboreávamos, como nunca, a vastidão daqueles dias sem fim!
Agora, que a colecção está já completa, resta-nos ir folheando a caderneta já um tanto amarelecida e esperar que ainda estejamos a tempo de conseguir preencher mais colecções, mesmo que agora os cromos já venham impressos em papel autocolante.

Lucidez alaranjada


No DN:

«Paula Teixeira da Cruz: Santana sem perfil de "rigor"
A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz (PSD), reitera que Santana Lopes não tem o perfil de "rigor" e "ascetismo" que defende para a presidência da autarquia da capital. (…)»


Afinal sempre há alguém que, no reino laranja, ainda consegue ver para além do efeito das luzes!
Também eu acho lamentável que se deixem regressar à ribalta aqueles que, vezes demais, já deram provas das suas (in)capacidades! Só mesmo neste país em que as revistas cor-de-rosa continuam a ter mais importância que a seriedade, a competência e, sobretudo, a vontade de fazer melhor!

Absolut (28)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Elas (não) dançam sozinhas!

Hoje, Dia Mundial da Dança, é um bom dia para celebrar a liberdade e rejeitar toda a tirania!
Sting escreveu esta canção como homenagem às Mães da Praça de Maio! Oiçamo-lo com o respeito que merece e celebremos a liberdade e a vida humana como os valores mais preciosos!

Esquecer jamais!!!


No DN:

«Ontem, nos 120 anos do seu nascimento, houve romaria de populares à campa no Vimieiro e uma missa celebrada em Lisboa.

A campa "todos os dias recebe flores e foi recentemente arranjada depois da destruição que lhe fizeram", contou Manuel Martins, um dos muitos idosos do Vimieiro que prestaram "homenagem" ao ditador. Outra das romagens foi prestada por um grupo de alunos do Centro de Formação Profissional de Águeda que ali fizeram uma visita de estudo. João Caseiro, formador do centro e responsável do grupo, contou à Lusa que "é preciso deixar de pensar no Salazar como um fantasma e compreendê-lo como um homem do seu tempo". Um destes alunos esclareceu que Salazar "não deu a liberdade à população, mas não nos envolveu na II Guerra Mundial". (…)Já entre os locais a admiração nasceu "pela forma simples como viveu", conta Lurdes Santos que cita a inscrição na lápide "modesto sem igual, nasceu humilde e humilde morreu".(…)»


Mas que argumentária!!!!! Mas que lata!!!! Mas que falta de senso, de conhecimento!!! Mas que ignorância! Da História, da morte que se instalou, da ditadura que nos corroeu tantos anos, dos malefícios que ainda hoje nos afligem!

Então e a Guerra Colonial????
E a Pide????
E a pobreza????
E o subdesenvolvimento????
E tudo o resto????

O homem não foi simples! Foi muito complexo! Da maior e mais redundante tirania! Duma insensibilidade medonha perante os seus contemporâneos e conterrâneos!!!
O homem não foi humilde!!! Aliás é difícil encontrar, no século XX português, alguém com uma soberba tão grande!!! Encapotada talvez, mas dum tamanho descomunal! Só um cego não a veria!
Concedo que haja pessoas que dele tenham gostado! Concedo que haja pessoas que dele tenham saudades! Concedo que haja pessoas que lhe prestem, ainda hoje, homenagens.
Mas não posso permitir que o branqueiem, que o tornem limpo e impoluto! Porque não foi! Muito pelo contrário, foi do mais sujo, insensível e malicioso que este país já conheceu! E isso não podemos, nem devemos esquecer, sob pena de nos tornarmos, todos, tão horrivelmente desprezíveis como o tal senhor!!!!

Feira do Livro 2009


Uma boa forma de contrariar o que ficou expresso no post anterior pode ser uma (de preferência várias) visita à Feira do Livro 2009, que se inicia amanhã com novos horários.
E já agora, que se aproveitem as visitas não para só passear, usufruir da boa companhia dos livros, mas igualmente para ir folheando aqui e acolá e levar algumas daquelas páginas para casa, ou lê-las mesmo ali!
De qualquer das maneiras, é um dos momentos altos no panorama livreiro da capital, acrescento mesmo que será um dos momentos capitais no panorama livreiro que anda tão por baixo, desculpem-me o trocadilho fácil e tão pouco literário!

Analfabetismos


«Portugal é o segundo país da Europa onde se lê[em] menos livros. Cerca de 63 por cento dos adultos afirmam que no último mês não pegaram num livro.(...)»

Afinal talvez nem seja de espantar! Afinal talvez seja esta (um)a explicação mais plausível para o estado a que chegou a nação!

A beleza artificial


No DN:

«Vício
Americana viciada em plásticas já fez 47 operações
Cindy Jackson é recordista em cirurgias estéticas e esteve ontem no Porto a gabar o seu modo de vida. Especialistas consideram o caso anormal, mas alertam que em Portugal há jovens "de 21 anos que já vão na terceira operação".(...)»


Estou convencido que, quando são efectivamente necessárias, as cirurgias plásticas são um bem! Por efectivamente necessárias, entendo aquelas que são úteis a quem tenha tido acidentes, aquelas que são reconstrutivas, para quem tenha, de algum modo, ficado danificado na sua integridade. Também não me parecem mal algumas que são executadas por necessidades de elevação da auto-estima, nomeadamente as que podem elevar a níveis aceitavelmente bons algumas pessoas que, de outro modo, estariam condenadas a depressões profundas e irremediáveis. Casos como o desta senhora e outros, vejam-se os das jovens com 21 anos que já vão na terceira operação, parecem-me despidos de qualquer lógica racional e servem apenas para satisfazer vaidades ocas, para manter artificialmente aquilo que, naturalmente, não devia ser alterado. Por muito que alguns queiram, a fonte da juventude nunca foi descoberta e casos como o de Benjamim Button só existem na ficção. No fundo é isto que esta senhora é, um caso de ficção! Que nos mostra, em concreto, uma personalidade rasteira que só se consegue elevar com o bisturi! Desconfio mesmo que, nas primeiras operações que fez, algum cirurgião mais esperto lhe deve ter mexido no cérebro; só assim, para além da beleza aparente, se consegue entender tanta idiotice!

Absolut (27)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Alguém que lhe ligue!


Eu bem que tinha razão!!!
A senhora tem mesmo necessidade que lhe liguem! Agora o número já vem completo.
Sejam precisos! É só pegar no telefone e fazerem-lhe a vontade!
Vá lá, não deixem a senhora mais infeliz do que já está, ou será, do que já é??

Berlusconi un'altra volta...


E Berlusconi continua a dizer das suas!!??

No DN de dia 26 de Abril:


«Berlusconi sugere móveis 'Ikea'

O chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, aconselhou ontem aos desalojados pelo sismo de 6 de Abril em Áquila, que vão ocupar cerca de 1300 habitações disponibilizadas pelo Estado, para adquirirem móveis Ikea, sendo reembolsados pelo Executivo.(...)»

28 de Abril de 1945


No dia em que fez 56 anos, o senhor António recebeu a notícia de que o seu amigo Benito tinha falecido.
Nesse dia o senhor António tremeu um bocadinho. O fim do seu amigo Benito não foi pacifico o que, de algum modo, poderia prenunciar que o seu próprio fim não estaria longe. Aliás um outro amigo, o Adolfo, também já não estava nas melhores condições, apesar do seu vizinho, e também amigo, Francisco se encontrar de boa saúde.
O senhor António, contudo, confiava nos brandos costumes daqueles com quem convivia diariamente e suspeitava que, apesar de não despertar neles sentimentos simpáticos, nunca o conseguiriam magoar. Tinha razão o senhor António. Ainda iria durar mais uns bons aninhos, até que uma insuspeita cadeira o haveria de tramar. Não sem que antes ele continuasse a tramar todos aqueles que sob o seu jugo continuaram a viver…
Nunca chegou a ver o brilho do Sol radiante, naquela terra onde moravam as nuvens constantes, aquelas de quem ele próprio tanto gostava e mantinha infinitamente suspensas sobre as cabeças dos seus conterrâneos.

Absolut (26)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Leitor


Será o carrasco o único responsável pelos seus actos? Normalmente conotamos a palavra carrasco com alguém que não pode possuir sentimentos nobres, solidários, bons.
E se não for assim?
E se um carrasco o for por não saber outros caminhos? Será que conseguimos, podemos, queremos, perdoar os seus actos?
Será o carrasco incapaz de amar? Seremos incapazes de amar um carrasco?
Se o conseguirmos ler, se lhe conseguirmos ler a vida, o belo, poderemos abrir nele alguma luz, poderemos torná-lo menos feio?
E para quem não consegue viver sem o seu carrasco, como é? Ficará eternamente preso a essa figura, a essa memória, à sensação de perda irrecuperável, ou conseguirá redimir-se, a si e ao carrasco, quando este, mesmo sem o expressar, se torna no único elo de ligação com alguma coisa parecida com a vida, com a beleza, com o amor.
Triste e bela, ao mesmo tempo, é a história que podemos ver em O Leitor, um filme admirável sobre verdades inconfessáveis, sobre os obscuros meandros da mente humana, na sua constante luta para perceber que aquilo que nos dá não é linear, nem absolutamente límpido, nem tem que ser assim. O amor é, muitas vezes, o caminho mais difícil de percorrer e nem sempre o seu final é o mais esperado. Nem sempre é permitido, aos seus protagonistas, viverem felizes para sempre, mas, por outro lado, é possível que morram felizes para sempre!

Absolut (25)

sábado, 25 de abril de 2009

Há 35 anos...


Amanheceu cinzenta aquela 5ª feira de Abril, a adivinhar chuva… o que, tendo em conta a voz popular, mais certa naquela altura que hoje, nem estava errado, já que em Abril águas mil!
Levantou-se, lavou-se e tomou o pequeno-almoço, tal como fazia todos os dias. Os pais escutavam o rádio, sintonizado no Rádio Clube, como todos os dias.
A escola distava apenas uns 500 metros da casa. Ele já tinha 10 anos e como era habitual fez sozinho o trajecto.
À frente da escola havia um pequeno jardim, onde costumava brincar com os amigos, chamavam-lhe O Alto. No fim desse jardim ficava a casa dos seus avós, onde passava grande parte do seu tempo livre.
Naquele dia avó esperava-o à entrada da escola. Com ar sério disse-lhe:
- Há revolução em Lisboa!
Para ele aquilo soava às histórias verdadeiras que a avó lhe costumava contar. Histórias das revoltas que rebentavam quase semana sim, semana não, durante o tortuoso período da 1ª República. Histórias onde entravam os seus tios-avós, dois dos irmão mais velhos da avó, que era a benjamim de 8 irmãos.
Mas o ar sério da avó deixou-lhe a sensação de que, desta vez, não era apenas uma história.
Entrou na sala de aula, onde o seu colega de carteira lhe disse que, ao passar no posto da GNR, tinha notado as portas fechadas e os soldados à janela com as espingardas visíveis.
Quando a professora entrou levantaram-se, como faziam todos os dias. A senhora, com ar solene, encimada pelas fotos de Salazar, Caetano e Tomás, falou.
Disse-lhes que não havia aulas, que deviam ir para casa e ficar por lá. Não explicou mais nada.
Foi uma festa. Um dia de folga, sem mais nada para fazer. Um dia inteiro para brincar.
Na rua algumas pessoas juntavam-se em pequenos grupos. Não mais de 3, 4 pessoas e reuniam-se à volta de pequenos transístores, que iam debitando noticias e sons que, normalmente, não cabiam nas habituais transmissões.
Passava-se, de facto, alguma coisa!
Brincaram o dia todo. Pela rua, pelos descampados que por lá havia. Com espadas de madeira. Imaginando grandes batalhas, em que só os bons podiam vencer.
Ao fim da tarde acendeu-se a televisão. O som de uma marcha, até aí desconhecida, soava.
Imagens de militares na rua, de imensas pessoas na rua, de gritos de alegria, de festejos impensáveis.
Imagens de vários militares fardados, militares graduados, com ar sério, sentados à volta de uma mesa. Um, talvez o mais velho, de monóculo, falava em nome de uma Junta de Salvação Nacional.
Não percebeu bem do que se tratava, mas começou a ver sorrisos nas ruas, pessoas abraçadas, a festejar, pessoas com cravos vermelhos nas mãos, nos cabelos, nas lapelas.
Nos dias seguintes viu-se, criança que era, no meio da alegria incontida, a descer a rua onde morava, de mãos dadas com outras crianças, com adultos que sorriam e entoavam aquelas palavras que nunca mais lhe saíram dos ouvidos:

O povo unido jamais será vencido!

Hoje, a esta distância, com os anos que se passaram e as experiências adquiridas, vemos melhor que, naquela altura, todos éramos crianças, todos ríamos felizes, todos acreditávamos…
Até que esta espécie de realidade, a que chamam normalidade, falou mais alto e todos percebemos que as festas, sobretudo as mais espontâneas e felizes, também têm um fim.
Para mal de todos nós…

Aqui posto de comando...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Hard-Core


Por este passava quase todos os dias quando ia a caminho do Liceu Camões. Nunca lá entrei. Passava daqueles filmes muito populares após o fim da censura, dirigidos a uma franja da população, sobretudo homens, que queriam ver filmes cuja acção era passada entre corpos suados e gemidos sonoros, sem muito mais para ver além dum hard-core 1º escalão.
Teve um período em que evoluiu para outros filmes, mais próprios das cinematografias alternativas de qualidade, quando deixou de se chamar Cinebolso e passou a ser conhecido como Quinteto, sendo, objectivamente, uma extensão do Quarteto. Contudo essa renovação não durou muito. Passado algum tempo retomou o nome antigo e voltou aos filmes porno. Talvez um sinal de que a qualidade cinematográfica não fosse atractiva para aquela sala, ou então a confirmação dum velho ditado português que nos diz que quem nasceu torto, tarde ou nunca se endireita, o que, perdoe-se-me a comparação, é o que parece estar a acontecer a esta nossa Lisboa!
Bom fim de semana!

Rua António Maria Cardoso - 24 de Abril de 1974


Dói-me o corpo todo…
Sinto um gosto a sangue a marcar-me a boca, um pequeno fio quase imperceptível escorre-me pelo canto do lábio.
Já não sei há quanto tempo não durmo.
Estou todo dorido, extenuado, mal consigo manter os olhos abertos. Já não consigo distinguir as suas caras.
Mas continuo a ouvi-los… embora nem perceba o que me dizem.
Ouço os gritos… as pancadas na mesa…
O pequeno candeeiro lá em cima vai mantendo uma ténue luminosidade, que evita a obscuridade que me quer envolver.
Estou deitado no chão… está muito frio aqui… a pouca roupa que me cobre está completamente encharcada…
Há um cheiro nauseabundo… não sei se vem de mim ou de um qualquer buraco cheio de pútridos despejos.
As dores ocasionais vão-se transformando em permanências.
Quero falar, pedir água, mas não consigo articular palavra…
Sinto uma nova pancada… já nem dói, já nem efeito tem…
Sei que fecho os olhos… a dor foi-se… já nem sinto o corpo…
Parece que levito agora… num estado de inconsciência total… de não retorno…


- Chama o cangalheiro pá! Este já não se levanta daqui!

Há 35 anos...

... a esperança falou mais alto!

Dias da Música


Inicia-se hoje no CCB mais uma edição dos Dias da Música.
Este ano as músicas andam à volta de J.S.Bach, o mestre do barroco.
Como forma de homenagem a Bach e a um dos melhores colectivos musicais de todos os tempos, deliciemo-nos com The Long and Winding Road pela orquestra de Peter Breiner.


No. 3 (In the Style of J. S. Bach): the Long and Winding Road - Beatles Go Baroque

Absolut (24)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Europe by Train


Gosto de andar de comboio. De percorrer campos imensos num comboio vagaroso, sem a pressão de um horário.
Gosto do ambiente das estações, da imponência das locomotivas e das carruagens, sobretudo daquelas que ainda têm compartimentos fechados, onde podemos viajar com maior sossego. Gosto de passear dentro do comboio, de ver os companheiros de viagem, de visitar o bar, de passar de uma carruagem para outra, de poder admirar a paisagem. Gosto do barulho que o comboio faz ao chegar a uma estação, de ver o bulício das entradas e saídas.
O comboio é o meio de transporte que mais perto está da poesia, que melhor fica na tela grande e até na música.
Como esta que os Divine Comedy nos ofereceram e que nos dá a exacta medida duma perfeita viagem de comboio numa Europa onde o TGV nem sequer era sonhado.

Venice in the spring (rain)


Era primavera, tal como hoje.
Já noite, depois do jantar, voltearam pelas ruelas estreitas e escuras.
O céu escuro pintou-se, ainda mais, de um negrume quase obsessivo.
Pingo após pingo a chuva adensou-se.
Na praça grande a água caía forte. Realçava a beleza da noite e do momento.
Era primavera, tal como hoje, e chovia intensamente. A água, que estava por todo o lado, entranhava-se nas roupas e chegava aos ossos.
Era primavera, tal como hoje, e um novo ciclo tinha o seu inicio.
A natureza renovava-se...

O milagre do Condestável ?


«D. Nuno Álvares Pereira é canonizado no sábado [dia 25 de Abril] (…)
As cerimónias são (...) na praça de S. Pedro, presididas pelo Papa Bento XVI.(…)»


25 de Abril…?
D. Nuno Álvres Pereira...?
Convento do Carmo...?
Largo do Carmo…?
25 de Abril!!!

Querem ver que o 25 de Abril foi um milagre do Condestável?

Há 35 anos...

...desataram-se as mordaças!

Dia Mundial do Livro


Hoje é o Dia Mundial do Livro. Hoje é um dia ambíguo!
É óptimo que haja um dia em que se comemora o livro! Mas é igualmente muito bom que a leitura seja uma prática diária!
No nosso país não temos falta de livros. Todos os dias vão saindo mais uns quantos. Uns melhores, outros nem tanto. Uns que são para ler, outros nem tanto. No nosso país temos, sobretudo, é falta de leitores. De leitores a sério, daqueles que se deixam cativar pelos livros, daqueles que os acarinham e lhes dão vida, daqueles que os sentem como seus e os transportam consigo, mesmo quando estão fechados. É disso que temos falta, de quem ame os livros e não de quem os considere objectos de luxo, de decoração, meros acessórios.
É bom que haja um dia dedicado ao livro. Melhor seria se houvesse 365 dias dedicados aos que querem ler. Porque só assim se compreende a leitura, a séria, a que realmente conta, a que realmente nos completa.
Hoje, Dia Mundial do Livro irei ler, porque hoje, Dia Mundial do Livro, é um dia como os outros, em que ler é sinónimo de viver.

Absolut (23)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Pieguices de pai

Abre-se o sorriso numa infinidade de cambiantes que nos fazem tremer de emoção.
Sabemos que o tempo não se faz esperar, que corre desalmadamente para um fim que não queremos conhecer e nada podemos fazer para o parar, mesmo quando, como naquele momento, o sorriso que nos oferecem é mais que tudo aquilo a que podemos almejar. Apetece ficar ali, cristalizado naquele instante em que mais nada é possível, nem sequer desejável.
Porque quando são assim, pequeninos, têm em si tudo o que de bom existe e porque nós, os que já crescemos, sabemos (infelizmente?) que a verdadeira beleza é ali que reside, naquele sorriso infinito que nos é oferecido como se fosse a melhor coisa do mundo!
E é!

A televisão tablóide


No DN:

«Moura Guedes processa primeiro-ministro
A directora adjunta da TVI decidiu processar o primeiro-ministro depois de Sócrates ter dito na RTP que o Jornal Nacional de sexta-feira é um "telejornal travestido" e uma "caça ao homem".
"Aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem", é "um telejornal travestido", feito de "ódio e de perseguição", disse, queixando-se ainda da ausência de críticas entre os jornalistas ao tipo de jornalismo praticado por Manuela Moura Guedes.
"Vou processá-lo", foi assim que reagiu a directora adjunta de informação e pivô da TVI, Manuela Moura Guedes, contactada pelo DN, depois de ter ouvido a entrevista(…)»


Não creio que seja exclusivamente uma “caça ao homem”, mas também considero que aquele telejornal se caracteriza, sobretudo, por uma informação/espectáculo, pouco dignificante e ainda menos fiável! O jornalismo, para ser considerado como tal, tem que ser sério, factual e concreto, tudo o resto é fogo de vista, é ruído inútil, é opinião fútil. E é isso que se vê naquele espaço televisivo! É uma espécie de reality show, onde tudo pode estar presente. Tudo menos a informação, tudo menos a seriedade, tudo menos aquilo que, supostamente, devia ter!
E aquela senhora, depois de ter sido cantora, deputada e vendedora de detergentes, quer convencer-nos que ainda consegue ser jornalista?
Só mesmo numa televisão tablóide!

Há 35 anos...

...os sorrisos voltaram!

As vantagens da liberdade


No CM :

«(...) Câmara de Santa Comba Dão inaugura obra no próximo sábado - Largo Salazar abre a 25 de Abril
O presidente da Câmara de Santa Comba Dão fala em “coincidência”, mas da polémica já não se livra. A autarquia vai aproveitar as comemorações do 35º aniversário do 25 de Abril, no sábado, para inaugurar o largo António de Oliveira Salazar, situado no centro da cidade.(...)
O espaço público já existe há três décadas, mas nos últimos três meses foi alvo de profundas obras de requalificação, num investimento que rondou 80 mil euros.(...)»


Não deixa de ser uma estranha e infeliz coincidência! Celebrar o 25 de Abril com uma festa em que se evoca o nome de Salazar é como celebrar a liberdade de expressão com a inauguração duma rua chamada Lápis Azul, ou como louvar as liberdades cívicas com a abertura de uma avenida com o nome de PIDE!!! Ou seja, no mínimo, de um mau gosto atroz!
De qualquer forma não deixa de ser sintomático que foi exactamente por ter acontecido o 25 de Abril que estas parvoíces podem acontecer!

Absolut (22)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Iggy Pop 62

Iggy Pop completa hoje 62 anos! O dinossauro continua bem vivo!
Aqui com Katie Pierson e um delicioso Candy!

Boys don't cry

E este senhor que faz hoje 50 anos!!!!!

Ainda sabemos ler e escrever?


É, de facto, um dos grandes perigos das novas formas de comunicação. A incapacidade para escrever e, sobretudo para ler, mais do que uma pequeníssima quantidade de caracteres, com tudo o que isso pode acarretar em termos da formação e da preparação cultural das próximas e mesmo das actuais gerações. Será que estamos a reduzir a nossa aptidão para saber ler (e ver) para lá do evidente? Será que estamos a deitar por terra a capacidade de lidar com as palavras para além do imediatismo em que os frenéticos tempos que vivemos nos parecem querer atirar?
Espero que a curva descendente, que esta imagem nos promete, não passe apenas de uma visão pessimista e que o futuro nos permita saber ler (e conhecer) para além do óbvio.

Há 35 anos...

...a liberdade saiu à rua!

Absolut (21)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Inspirador


Também fui na onda dos mais de trinta milhões que já viram este vídeo no youtube e, tal como tantos outros, também o acho comovedoramente inspirador!
Vejam-no aqui que vale mesmo a pena!

Tintin no cinema


Aqui está a primeira imagem da rodagem dos filmes que Spielberg e Jackson estão a produzir e realizar com base nas Aventuras de Tintin!

Há 35 anos...

...e sempre!

A vara do fonâmbulo


«O escritor norte-americano Paul Theroux defendeu que os escritores "não são pessoas equilibradas", numa intervenção realizada no IV Encontro de Literatura em Viagem, que decorre até terça-feira em Matosinhos. (…) "as pessoas que são normais, equilibradas, não sentem a necessidade de escrever: são felizes".»

Quem escreve não pode ser feliz? Ou quem é feliz não pode escrever?
Aceito e até concordo que uma ponta de insanidade, de loucura, de paranóia até, possam ser necessárias para se criar a dose certa de genialidade.
A normalidade não permite o golpe de asa que torna o trivial em especial, em algo que ultrapasse a mediania.
Também acredito que a falta de equilíbrio oferece algo mais que uma dor profunda e uma tristeza permanente e que, nesse sentido, a escrita pode ser, exactamente, o ponto de equilíbrio que os desequilibrados procuram para se encontrarem. Para encontrarem a tal felicidade que, aparentemente, só os normais possuem.
Digamos que, a capacidade e necessidade de escrever, funcionam como a vara do fonâmbulo e quando aquilo que se escreve sai do fundo da alma, então já se pode deitar a vara fora e correr o resto do caminho apenas apoiado na força do querer, não do querer ser normal, mas, pelo menos, do querer ser feliz…

Absolut (20)

sábado, 18 de abril de 2009

Da(s) igualdade(s)


Por principio devemos tratar todos como iguais, mas, na verdade, não somos todos iguais e graças por assim ser. Detestava ser igual a certas pessoas que conheço, aliás, detestava ser igual à maior parte das pessoas que conheço.
Prezo a minha individualidade, a minha espécie de liberdade, a minha identidade. E tal como não desejo ninguém à minha imagem, também não quero ser o espelho de ninguém. No entanto devemos ser encarados todos por igual, pois tal como Orwell estipulou, não deve haver uns mais iguais que outros. Contudo, essa igualdade deve apenas ser aceite enquanto for fraterna para com a liberdade de sermos diferentes.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Resistente


Este é o último dos resistentes. Aquele onde ainda vou com gosto. Com o gosto pelo Cinema, pelo local, pela sala, apesar de já ter sido dividida em duas. Continua, no entanto, a possuir aquela magia antiga. A magia de uma sala, que apesar de não ser grande, ainda nos consegue transmitir a ambiência duma verdadeira sala de cinema. Daquelas a sério!
E, melhor que tudo, o seu foyer está, quase, na mesma. Ainda se consegue respirar a antecipação do filme que vamos ver, sem estarmos rodeados de milhares de almas que correm em busca da loja mais próxima, ou da pipoca mais irritante!
Afinal em Lisboa nem tudo está perdido! Ainda temos o Londres! É, quase, caso único, mas ainda o temos e espero que se mantenha, espero que a massificação dos gostos parolos não acabe por derrubar o último resistente!
Bom fim de semana!

...pela noite...


Deixam-se levar pelo caminho que se vai abrindo à sua frente. Sem destino definido, sem horário estabelecido. Ao sabor do vento que passa, da estrela que espreita. A música que se ouve embala-lhes a vontade de continuar. A descoberta de uma nova rua traz o sabor da novidade, a ausência de sinais torna cada equina num novo porto de abrigo, onde se pode zarpar para outra viagem. As horas não passam naqueles momentos em que a cidade parece dormir, mas os espreita, sorrateira, por detrás de cada fresta entreaberta.
Ao longe o cheiro a maresia vai cobrindo a ténue luz que se desprende da madrugada. O sol vai surgindo quase envergonhado por vir esgotar aquela noite que parecia perfeita.
Fecham os olhos e recolhem-se então… procurando que a estrela não os apanhe na desprevenida ingenuidade dos crédulos.

Absolut (19)

A loucura no Twitter

«O actor Ashton Kutcher conseguiu alcançar a meta do milhão de seguidores no Twitter, tendo assim conseguido ultrapassar a CNN, a gigante cadeia de informação norte-americana, que passou para segundo lugar. O marido de Demi Moore ocupa assim a primeira posição no ranking da rede social.(…)»

A loucura das redes sociais está no auge! Um milhão de seguidores é obra! Agora, pergunto-me eu, o que será que Ashton tem a dizer que seja tão interessante ao ponto de ter tantos seguidores? Se calhar estão todos com esperança que o senhor ponha fotos da sua esposa ainda mais explicitas do que esta que tanto furor causou!