sexta-feira, 31 de julho de 2009

Boas Férias!

E agora começam as férias...



Boas férias, num novo tempo!

Sala Escura


O cinema só faz sentido na sala grande e escura, que tanto pode ser dentro dum edifício, como, de preferência, ao ar livre. Num espaço amplo onde só a estrelas conseguem iluminar aqueles momentos únicos em que olhamos o ecrã grande, quando nos deixamos afundar pelos sentidos, pelas imagens, os sons e os sentimentos que fazem do cinema uma tão grande arte, uma tão imensa forma de nos vermos a nós próprios, de nos contentarmos, animarmos, rirmos e emocionarmos.
Fica por aqui esta sala escura, uma sala onde o céu está descoberto. Despedimo-nos embalados por um dos mais tocantes filmes de todos os tempos. Olhando a praça onde Totó nos vai fazendo sorrir, acompanhando Alfredo e Salvatore num paraíso chamado cinema, sonhando com o dia em que Lisboa possa, também ela, conter em si estas estrelas iluminadas que nos indicam o caminho para todas as salas escuras onde a vida se vive com um brilhozinho nos olhos.
Bom fim de semana!
E boas férias!

Ícones do século XX (30)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eterno retorno


Creio que em cada um de nós permanece, latente, a ideia de retorno. Um retorno à infância, a momentos bons, a odores que enternecem, a sorrisos que aquecem, a confortos que não se esquecem.
Há quem lhe chame saudades, há quem a viva como uma nostalgia doce, embora melancólica, há quem pouco a visite, há também quem a evite. Mas ela permanece. Às vezes evidente, outras espreitando oportunidades para se mostrar.
Eu reconheço-a. Num constante vaivém de emoções, nos dias que se sucedem imparáveis, lestos, que não deixam espaço para paragens. Consigo vê-la à minha volta, mostrando-me imagens, sons e gestos que vou reconhecendo, que vou relembrando, que vou acarinhando.
Creio que esta ideia de retorno, de eterno retorno, não é, afinal, mais que o caminho que nos vai conduzindo ao local a que chamamos casa, ou seja, a nós próprios!

Ícones do século XX (28)

terça-feira, 28 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A ilha das laranjas podres


No Público de ontem:

«Madeira: tiros abatem zeppelin preparado pelo PND para sobrevoar Chão da Lagoa
O zeppelin, preparado pelo PND para sobrevoar o Chão da Lagoa, na Madeira, foi hoje abatido a tiro, quando estava a ser preparada a sua partida a mil metros de distância da festa do PSD.(…)»


Na ilha daquele senhor anafado que prima pela boa edução, continuam a acontecer fenómenos estranhos…
Aquele pedaço de terra que, até há bem pouco tempo, tinha muitas semelhanças com uma espécie de república das bananas, está, cada vez mais, transformado numa monarquia das laranjas. O problema é que estas, talvez devido ao seu carácter ácido, estão a ficar, definitivamente, podres!
Como dizia um amigo meu há algum anos atrás: e não há ninguém que abra o ralo daquela coisa!

Ícones do século XX (26)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Alice Burton

E agora vejam lá se isto não promete?

O Alfa novo-rico


Quando surgiu trazia consigo assim como uns ares de coisa de novo-rico. Tantas salas num espaço que se queria inovador e diferente, mas que, no fundo, pouco ou nada acrescentava à arte de bem ver (e viver) cinema. Essas várias salas eram umas grandes e outras nem tanto, chegando, uma delas, a não ser mais que uma sala de estar cheia de cadeiras.
Teve um sucesso quase instantâneo, os Alfas eram um must, um multiplex avant la lettre, pelo menos nesta cidade à procura de novos tempos. Só que, afinal, os novos tempos vieram mesmo e o novo-riquismo acentuou-se, refinou-se e tornou-se ainda mais insuportável. Os Alfas começaram a encher-se de gente que, na verdade, não queria ver cinema, e depressa começou a definhar. Já acabou, hoje, naquele sítio, ergue-se um condomínio de algum luxo, ou seja, continua o novo-riquismo bacoco e provinciano. Quase apetece citar a antiga cantiga: Lisboa não sejas francesa, tu és portuguesa, tu és só para nós…
Bom fim de semana!

24 de Julho


Hoje é dia de avenida!
A 24 de Julho de 1833 as tropas liberais comandadas pelo Duque da Terceira entram em Lisboa. Sem ser disparado um tiro a capital do país é libertada das tropas absolutistas.
É por isto que, uma das mais badaladas avenidas lisboetas, tem este nome.

Ícones do século XX (25)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

We Let the Stars Go

Let's Change the World with Music, assim se irá chamar o aguardado. E não foi isso que eles sempre fizeram? Como aqui, nesta tão bonita canção:

histórias de Rosa Branca


XI

Santiago já não via a luz do sol há vários dias. Praticamente nem dormia. Fervilhava de emoção.
Estava fechado na sua enorme cave, o seu local de eleição, de onde só saia para dormir. Mas, há cerca de três dias, nem isso acontecia.
Tinham-no avisado do que iria acontecer hoje, tinham-lhe dito que Jordão iria tentar.
Mas Santiago nem os tinha ouvido. Apesar de ser um dos mais chegados amigos de Jordão, provavelmente o único verdadeiro amigo.
Naquela manhã Santiago pensava estar à beira de sua grande descoberta, estava certo que iria chegar à solução do problema que trazia consigo há já tanto tempo.
À sua volta os tubos de ensaio cheios de líquidos multicores, fervendo aqui e ali, exalando cheiros peculiares, faziam daquela imensa sala uma espécie de laboratório alquímico. No fundo era isso que Santiago almejava conseguir. Os segredos mais profundos de alquimias seculares. E hoje, pensava, era o dia certo para o sucesso.
Foi por isso que não ouviu a porta abrir-se e não reparou em quem entrava, nem mesmo quando o intruso lhe dirigiu a palavra:
- Santiago, este é o momento de parar…


(continuará)

Ícones do século XX (24)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eclipse


«O mais longo eclipse do século
O maior eclipse parcial solar do século durou quase sete minutos. Só se repete no próximo século»




(...)All that is now
All that is gone
All thats to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.

Ícones do século XX (23)



O João Mascarenhas, ali em baixo na caixa de comentários, faz referência a um dos seus magnificos (apreciação minha)desenhos, para quem não conhece ei-lo aqui:

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sous les pavés la plage

Em 1968, em Paris, quando sonho, a insurreição e todas as utopias estavam na rua, uma das muitas (in)certezas era Sous les Pavés la Plage!


Hoje, quando o alheamento e a impavidez vão imperando, descobriram-na finalmente.

histórias de Rosa Branca


X

Violeta nunca parava. Violeta vasculhava tudo o que mexesse, ou que ameaçasse mexer, o jornalismo estava-lhe no sangue, herdara-o de seu pai, Gustavo. Herdara igualmente o único jornal que informava convenientemente os habitantes de Rosa Branca. O Clarim tinha sido sempre uma voz livre e independente. Nunca agradara a gregos nem a troianos, apenas os livres de espírito se sentiam recompensados pela sua leitura.
Naquele dia Violeta rondava a Praça Central. O que estava prestes a acontecer não era o que mais lhe interessava. Já conhecia Jordão de outras histórias e não era a loucura que ele tinha imaginado para hoje que a motivava. Violeta procurava, por entre os rostos daquela multidão, um em particular. Mas há horas que por ali estava e não o encontrava.
Olhou para o casarão e viu sua irmã Olívia a espreitar por detrás das portadas.
Havia qualquer coisa no ar, Violeta sentia-o nitidamente.
Foi então que reparou em Jerónimo Navarra parado na entrada do seu café, viu como o seu rosto se transfigurava e pensou: é agora!


(continuará)

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, ensaiam-se os risos…

Ícones do século XX (22)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Certezas

Há uma idade em que só temos certezas absolutas. Percorremos o caminho sem olhar para os lados, sem ouvirmos ninguém, sem sequer nos vermos ao espelho.
Com o passar dos anos as perguntas começam a assaltar-nos, os escolhos saem-nos ao caminho quando menos esperamos e chegamos ao tempo em que a única certeza é a das dúvidas que não nos largam.
A minha idade das certezas já passou há muito, ficou lá pelos anos 70, desde aí que convivo, e bem, com as minhas dúvidas, não consigo, aliás, viver sem elas. São elas que me ajudam a saber olhar em frente, ao mesmo tempo que vou mirando todos os cantos à minha volta, são elas que me vão permitindo fazer escolhas, acertar e errar, subir e descer, rir e até chorar.
No entanto, daquele tempo das certezas inabaláveis, mantenho uma, que cimentei hoje mais um bocadinho. É que, mesmo depois de ouvir muitos milhares de novas músicas, canções, melodias e delas tanto gostar, mantenho uma absolutidade, estes senhores que espreito aqui em baixo são, de certezinha, os melhores, mesmo quando, como aqui, já o mago Gabriel tinha expressado todas as suas dúvidas e tinha ido construir maravilhas para outro lado.
Vejam-nos e ouçam-nos com atenção.
Advirto, no entanto, que se não forem admiradores confessos e acharem que não têm dúvidas quanto a isso, não vale a pena o esforço. Fiquem-se pelas vossas certezas…

Os poleiros


Devemos acreditar neles, nas suas boas vontades, nas suas convicções enquanto homens de estado, dedicados à causa pública, com uma verdadeira e honesta vontade de ajudar, de fazer o melhor pelos seus conterrâneos, sem ganhar mais do aquilo que a justeza dos seus serviços lhes outorgar?
Devemos crer que dão o seu melhor independentemente dos ganhos pecuniários? Devemos acreditar nas suas, aparentes, convicções? Devemos aceitá-los como pessoas de bem e escolhê-los para regerem as nossas vidas? Elegê-los como nossos representantes? Dar-lhes a oportunidade de nos guiarem, de nos mostrarem os caminhos, de nos direccionarem?
Ou será que isso é apenas uma quimera e que, na verdade, todos se chamam Isaltino, ou Valentim, ou Fátima, ou Arlindo, ou Manuel Dias?
Até onde, até quando, nos deixaremos levar por uma escumalha que tem no egoísmo e no egocentrismo a sua única motivação?
Às vezes apetece mesmo fazer aquilo que os anarcas proclamavam há uns anos atrás e, nas próximas eleições, votar no galo de Barcelos!!!!

A lua deixou a órbitra terrestre

O Armstrong, o Aldrin e o Collins chegaram lá em 1969, mas parece que em 1999 ela se cansou dos grandes passos da Humanidade e fugiu de vez. Pelo menos foi o que eu vi na televisão...

histórias de Rosa Branca


IX

Não sabia bem como, mas sentia-se impelido a ir. Havia uma força maior que ele a empurrá-lo, uma força que não lhe dava tréguas e que o mantinha num estado de alerta constante.
Queria tê-la afastado, afastá-la-ia se pudesse. Mas sentia-se incapaz disso.
As imagens que sempre o acompanharam, voltavam agora mais fortes, mais nítidas e, mesmo sem o querer, sabia que não havia outro caminho.
Tinham passado muitos anos, talvez anos de mais e agora, apesar da contradição permanente em que vivia, tudo se estava a tornar mais claro e sabia que a única direcção a tomar o levava a Rosa Branca.
Tentou serenar-se enquanto a resolução definitiva lhe ia fazendo já o caminho.
Sentou-se a olhar o infinito e fechando os olhos reviu, mais uma vez, todos os momentos que tanto quisera esquecer.
No dia seguinte abriu a porta de casa sabendo que, provavelmente, não voltaria a franqueá-la, pelo menos tal como hoje dali saía.
O caminho era longo, muito mais longo que apenas a distância terrena.
Sabia que iria fazer os últimos quilómetros a pé. Sabia que era assim que teria de entrar em Rosa Branca, exactamente como de lá saíra há já tanto tempo.
Também sabia que seriam vários os que por ele esperavam e que o seu regresso não seria uma surpresa, mas antes uma certeza.
Fez-se, então, ao caminho…


(continuará)

Há 40 anos

E quando Neil Armstrong lá chegou...

Ícones do século XX (21)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

The Sound of Crying

Mais uma das canções bonitas:

A Barraca de Santos


Apesar do deserto que se abre em Lisboa durante a noite, zonas há em que se concentram grandes magotes de pessoas, sobretudo jovens, ávidas de emoções mais ou menos fortes, à procura de diversões mais ou menos diversificadas mas que, sobretudo, se vão resumindo à procura de locais para dançar, ou, na maioria dos casos, de locais para beber. Assim sucede no Bairro Alto, no Cais do Sodré, nas Docas ou na zona de Santos, onde uma fauna predominantemente imberbe, vai rondando os locais onde a noite vai embriagando os sentidos.
Por aí fica esta sala, que um dia se chamou Cinearte e era um cinema. Hoje já não é! Felizmente alguém lhe tomou as rédeas e fez daquele lugar uma outra montra de culturas.
As artes cénicas assentaram arraiais, a Barraca fez dela o seu poiso. Há alguns anos também ali se faziam uma espécie de performances musicais/humorísticas que tiveram um período de grande sucesso.
No meio das bebedeiras juvenis, no interior de um deserto nocturno em que esta cidade se vem tornando, é bom saber que nalgumas das salas escuras de outrora, a luzes ainda se acendem para as artes.
Bom fim de semana!

A ilha das delicias loucas


Na RTP online:

«Alberto João Jardim quer rever a Constituição e proibir o comunismo em Portugal.(...)»

Já nem percebo bem se ele diz as coisas que diz porque crê nelas, se o diz porque quer afrontar alguém, ou se, simplesmente, é mesmo imbecil!
Eu, correndo o risco de me enganar redondamente, acho que a última hipótese é a mais plausível. Só alguém completamente fora da realidade, que vive numa ilha que parece estar cristalizada numa outra dimensão, se dá ao luxo de fazer propostas como esta e como tantas outras que a sua imaginação desvairada e completamente desfocada, está sempre a engendrar.
Cá por mim, como tantas vezes tenho feito, reafirmo a necessidade, imperiosa, de lhe darmos, em definitivo, a independência. Desse modo a sua ilha, que mais não é que um brinquedo nas suas mãos, deixa de ser preocupação nossa e os que dele tanto gostam podem, de uma vez por todas, aturar e aplaudir as idiotices que esta mente alucinada não pára de cuspir.

Ícones do século XX (20)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Johnny Johnny

A menos de dois meses de distância do próximo deslumbramento, continuamos, por aqui, a celebrar a excelência das mais bonitas canções:

Rumo à Lua

No DN de hoje:

«Rumo à Lua
'Apollo 11' partiu da Terra há 40 anos(…)»



Mas, há 56 anos, já estes lá tinham estado…

Trilogia Millennium


Nas minhas, insuficientes, deambulações pelas livrarias já tinha visto estas capas. Reparei nos títulos e nas fotos que as ilustram. Não me causaram nenhuma espécie de atracção. Pensei que seriam mais uns livros daqueles que hoje abundam por aí, de historietas com muito pouco sumo, destinadas a agradar a quem não procura nos livros mais do que um sucedâneo para vidas isentas de emoção, cheias de trivialidades, que pouco acrescentam ao verdadeiro gozo que um verdadeiro livro pode e deve causar.
Imbuído deste preconceito nem lhes peguei.

Há poucos dias, num jornal de grande tiragem e aparente responsabilidade, li um breve artigo sobre o último destes títulos e a minha curiosidade ficou aguçada, quer por aquilo que lá estava escrito, quer por quem o tinha escrito.
Ontem peguei nos livros, folheei-os, remirei-os de alto a baixo e pu-los debaixo do braço. Ao fim da tarde comecei pelo primeiro, que é sempre uma boa forma de começar. Quando dei por mim já ia lançado sem vontade de parar.
Tenho ainda muitas páginas pela frente, mas já dei por muito bem empregue o pouco tempo que lhes dediquei. Mais uma vez o preconceito que habita em cada um de nós foi desmentido e mais uma vez a velha máxima não julgues um livro pela capa foi muito bem empregue.
A leitura vai seguir em ritmo de cruzeiro e com prazer garantido.

A verdadeira história do facebook?


No jornal i fala-se dum livro que conta a história dos criadores do facebook:

«(…)Miguel Sousa Tavares disse recentemente numa crónica da revista "GQ" que o Facebook "não passa de uma agência de engates onde uma multidão de solitários ou mal resolvidos se põe a jeito". Acertou em cheio. Aliás foi com essa finalidade que o Facebook nasceu. Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin eram dois brilhantes universitários de Harvard. Só que, por muito interessante que a programação informática fosse, por muito fascinante que um computador ou algoritmo possa parecer, estes dois rapazes sentiam falta de mais qualquer coisa na vida. (…)
[este livro] conta como dois rapazes solitários conseguiram triunfar na internet. Não sendo uma inovação, o Facebook ultrapassou toda a concorrência: Orkut, Hi5 ou My Space. Hoje, quem não está no Facebook, não existe. E tudo porque dois cromos de Harvard não conseguiam engatar.(…)»


Eu continuo a achar que estas redes sociais não são mais que uma perda de tempo, como muitos dos entretenimentos dos dias de hoje, e que, quem é verdadeiramente amigo, não necessita de convocar ligações em rede para o provar. Mas enfim, também não vem nenhum mal ao mundo por isso…
Já agora, eu não estou no facebook e, pelo menos aparentemente, continuo a existir!

Ícones do século XX (19)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

I Remember That

Enquanto esperamos pelo seu novo trabalho, que nos dizem não tardar, relembremos uma das, imensas, canções tão bonitas que já nos deram:



Ao longo dos próximos dias irei voltando a estas gratas memórias, porque, é verdade, eu lembro-me...

LUAR


Nos romances de aventuras surgem, por vezes, relatos de protagonistas que passam pela vida lutando contra as injustiças, sendo, quase sempre, alvo da fúria de poderes autoritários e despóticos.
Essa espécie de heróis é depois cantada em histórias que, não raras vezes, ultrapassam uma lógica racional, passando a ser objecto de cultos mais ou menos exagerados.
Na vida real as verdades são outras e quando surgem notícias de pessoas cujos feitos de alguma forma nos emocionam, estas surgem, de forma geral, adulteradas por quem reconta as histórias.
Ou os personagens são elevados aos píncaros da aventura digna e altruísta, ou são remetidos para a coluna de meros ladrões e fora da lei.
Palma Inácio, de certeza, que é visto das duas maneiras por quem o admira e por quem o não reconhece.
Palma Inácio viveu à beira da aventura, mas de uma aventura que era baseada numa luta constante contra uma ditadura que nos amarrou durante tempo demais. Levou a cabo alguns dos mais espectaculares episódios de resistência, foi preso, torturado mas nunca desistiu.
Há quem o considere o mais romântico dos resistentes ao salazarismo. Não sei se foi, mas sei que o respeito enquanto pessoa e enquanto lutador incansável por algo melhor que a sociedade apática que vamos tendo.
Palma Inácio morreu ontem e quero realçar-lhe a luta e a dose de loucura, talvez romântica, que nela empregou, chegando ao ponto de ter dado ao movimento que criou um nome que, ele próprio, patenteava alguma dose de sonho, LUAR.

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, erguem-se os olhos ao alto...

Ícones do século XX (18)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pérola Hannoniana

Naquele que é, muito provavelmente, o mais divertido disco do ano, também há algum espaço para canções como esta.
Na minha opinião mais uma pérola que sai da concha que Neil Hannon tão bem sabe alimentar.

Uma certa Lisboa


Tenho saudades de uma certa Lisboa…
Duma Lisboa que, verdadeiramente nunca vi, mas que intuo nalgumas das suas ruelas e travessas, que revejo, sem ver, em muitas das suas avenidas e praças, que pressinto nas suas pessoas e casas.
Tenho saudades dos cheiros das manhãs muito cedo, quando o sol se começava a espreguiçar, correndo as ruelas mais escondidas, enchendo-as de luzes várias. Dos pequenos-almoços que começavam a sair dos cafés e pastelarias onde os primeiros madrugadores iam entrando.
Tenho saudades das noites do início do Verão, quando o aroma da sardinha assada se atrevia a percorrer os becos e desaguava nas maiores avenidas, deixando no ar momentos certos de uma Lisboa que se queria popular.
Tenho saudades de um cosmopolitismo único e diferente, onde o aparentemente igual, se ia desfazendo numa panóplia rica e colorida só possível nesta cidade.
Tenho saudades de ver o Tejo brilhando por entre as árvores que campeavam os caminhos, em fins de tarde de Outono, quando o cobre ia atapetando o chão por onde se passeavam aqueles que não tinham horas para chegar.
Tenho saudades desta cidade sem tempo, num espaço único que, se calhar, nunca foi seu, mas que imagino assim, de cada vez que ainda consigo percorrer-lhe as ruas, mesmo aquelas que só vão existindo na minha imaginação…

histórias de Rosa Branca


VIII

Os olhares cruzavam-se expectantes. Lá no alto Jordão ia olhando as nuvens, esperando o momento exacto. Cá em baixo a ansiedade sentia-se de forma quase palpável.
Havia um silêncio absoluto.
O dia estava quente, apesar das nuvens que teimavam em passar.
De quando em vez um burburinho ia subindo, sempre que Jordão fazia um qualquer movimento.
A praça não era muito grande, mas estava repleta. Estava repleta não só de pessoas, mas também das suas expectativas, de alguns sonhos animados pelo acontecimento que todos queriam presenciar, de invejas também, de alguma incredulidade e de aproveitamentos que já se preparavam nalgumas das mentes mais febris que ali estavam.
Ao longe desenhava-se um pequeno vulto que se ia aproximando lentamente. Aparentemente ninguém o notara ainda, mas na porta do seu café, agora vazio, Jerónimo Navarra, apesar da grande distância que ainda os separava, viu distintamente quem era.
Lesto correu para o telefone e discou um número.
- Bom dia - disse quando atenderam do outro lado - não há dúvida, ele vem aí…


(continuará)

Ícones do século XX (17)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

domingo, 12 de julho de 2009

Brilliant Trees

Para ouvir deixando que o brilho que delas emana nos consiga atingir na sua plenitude.
Um verdadeiro hino à beleza.

Desilusãozinha


Há pouco mais de dois anos vi a Dave Mathews Band no Pavilhão Atlântico. Na altura considerei-o, considero ainda, como um dos melhores espectáculos musicais a que assisti. Verdadeiramente contagiante, enorme, em tamanho e em emoções, memorável!
Hoje, neste preciso momento, a mesma banda está a actuar ali por Algés, não estou lá, mas estou a vê-la, em directo, pela televisão.
Não sei se é por estar sentado no sofá, ou se é, de facto, pela banda já não ser o que era, mas acho que vou mudar de canal…



ps: Afinal parece que o concerto durou cerca de 3 horas o que, muito provavelmente, significa que a minha observação anterior estava errada! Ainda bem.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

No Jardim das Paixões Extintas


«A Vida como projecto só me fascinou até ao sublimar do imprevisível. Não se julgue que desprezo o futuro, sentimento impossível (até por não ser verdadeiramente um sentimento) e porque ao futuro entregarei sempre o melhor do meu passado. E do meu presente.
Grande parte deste livro ilustra esta ilusão...»

Este texto está escrito na contracapa de um livro. Pensado e redigido pelo seu autor de propósito para o apresentar e, creio, para complementar o seu testemunho perante nós, os que o líamos com prazer, os que aprendemos, sorrimos e conhecemos, através dos seus escritos.
Este livro chama-se No Jardim das Paixões Extintas, é a última obra de Álvaro Guerra. Profundo e leve ao mesmo tempo, com uma energia que nos rompe a alma e a enche de dúvidas inabaláveis e de certezas tortuosas. É uma viagem ao intimo de nós pelos olhos de outros que percorreram caminhos que, mesmo distantes, podiam ser nossos, se tornam nossos.
É admirável a força e a vontade de Álvaro Guerra, é tocante a sua escrita, marca. É fria e quente e é destes opostos que respira e nos deixa felizmente incomodados.
É um livro cheio, é um livro que preenche, é quase um legado, se o completarmos com tudo o que escreveu anteriormente. É sem dúvida um sublimar do imprevisível, que importa conhecer e manter.
Álvaro Guerra morreu no dia seguinte a ter escrito o texto que se acima se transcreveu.
Mais uma vez nos entregou o melhor do seu passado. E do seu presente...

O pequeno Ávila


Estava ali tão escondido que era difícil dar com ele. Eu vi-o algumas vezes, sempre por fora, nunca cheguei a lá entrar. Era um como que um irmão mais pequeno de outros, duma família a que chamaram Medeia. Passava alguns daqueles filmes que levavam uma chancela de bom tom, filmes de qualidade. Talvez por isso tenha sido um pouco marginal, talvez por isso tenha ficado sempre numa espécie de penumbra, como acontece, aliás, nesta cidade onde as coisas fora do comum não são bem vistas; muitas vezes não chegam sequer a ser vistas.
A certa altura o Ávila passou ciclos, daqueles que só alguns, poucos, gostam de ver e rever, mas que ainda conseguem fazer a diferença nesta cada vez maior indiferença que vamos vivendo. Não sei se ainda perdura, creio que não. É esse, infelizmente, o caminho que teimosamente vamos percorrendo.
Bom fim de semana!

Ícones do século XX (15)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Dolce Vita


Ouvi dizer que tínhamos o maior centro comercial da Europa, aquela coisa a que chamam Dolce Vita e que, ao que parece, se situa junto a uma série de estradas rápidas que existem ali pelos arrabaldes da capital, nuns subúrbios pejados de pessoas e carros, com falta de espaço e de tempo.
Também ouvi dizer que na Europa, que não tem centro comerciais, as cidades são pensadas para as pessoas, para a sua vida, para os seus desejos, para as suas felicidades e necessidades, para serem vividas e usufruídas.
Nós, pioneiros, metemos tudo dentro de portas, apesar do sol, apesar do clima privilegiado, apesar das noites amenas com que fomos presenteados, teimamos em esconder-nos dentro dos maiores centros comerciais da Europa, onde temos tudo o que desejamos. É pena não desejarmos que as nossas cidades tenham vida, é pena não desejarmos encher as nossas cidades de animação, de jardins, de gente, de risos, é pena não desejarmos que as nossas cidades sejam, efectivamente, cidades.
Nós, que somos os maiores da Europa, não nos apercebemos que esta nossa Europa acaba mesmo ali, à entrada de Espanha!

Hey Joe


Não sou adepto de blues. Nunca lhes achei muita piada. Musicalmente chateiam-me.
No entanto, há sempre uma excepção.
Por isso, neste ano em que se celebram os 40 anos de Woodstock, nada melhor que relembrar Jimmy Hendrix e o seu magnifico Hey Joe:

Ícones do século XX