domingo, 31 de maio de 2009

Big Ben


Há 150 anos a contar o tempo!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

222


Apetece-me chamar-lhe o coração da cidade. Por ali passam as grandes artérias, as veias que transportam a vida que a cidade vai vivendo. Porventura não transportarão aquilo que a cidade verdadeiramente necessita, uma espécie de oxigénio que lhe daria outras cores. Por ali existiu um cinema grande, uma grande sala de cinema, já desaparecida. Hoje há por lá várias outras salinhas, encaixotadas entre os espaços comerciais que nascem como cogumelos.
Ali perto, à espreita da grande praça, fica uma pequena salinha, que se foi aguentando com alguns filmes bons e outros nem tanto. Há algum tempo começou a fazer ciclos disto e daquilo, hoje não sei se ainda existe, mas se existe poucos a ouvem, menos a vêem. Chama-se Cine-Estúdio 222 e esta repetição do algarismo quase nos leva a pensar se não estará como a cidade, gaguejante.
Bom fim de semana!

Museu Hergé


Abre já na próxima 3ª feira aquele que, muito provavelmente, irá ser o meu museu preferido.
Acentuando a vontade (e necessidade) de visitá-lo in loco (muitas vezes), aproveito para vos recomendar, pelo menos, a visita a partir daqui.

Absolut (47)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Supercalifragili...


Descia lentamente dos céus, agarrando firmemente o seu guarda-chuva.
Trazia um sorriso aberto, repleto de certezas.
À sua volta as crianças regozijaram.
Abriu os braços e levou-as consigo, ao longo de um sonho bom, onde o irreal se tornava palpável.
Os risos eram sonoros, coloridos, supercalifragili!
Os objectos mudaram de lugar, as nuvens desceram e as árvores subiram, o próprio sol lhes assobiou aos ouvidos.
Os dias não queriam passar, a noite nunca chegava e as brincadeiras nunca cansavam.
Como todas as imaginações, esta dura o tempo dum fósforo; torna-se fugaz, rápida e inevitavelmente finita.
Pelo menos até que outro guarda-chuva desça dos céus e as leve pelo vento dentro, soltando os sorrisos que nelas habitam.

Das prosas e dos cardos


No Público online:

«Apresentado por Manuela Moura Guedes
ERC condena TVI por “desrespeito de normas ético-legais” no Jornal da Noite de 6.ª Feira
A TVI, mais concretamente algumas das suas emissões do Jornal da Noite de 6.ª Feira, foi condenada pelo Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social por “desrespeito de normas ético-legais aplicáveis à actividade jornalística”.
A deliberação divulgada hoje toma posição sobre um conjunto de queixas apresentadas contra aquele canal de televisão, em concreto contra o jornal televisivo semanal que Manuela Moura Guedes apresenta à sexta-feira.(…)»


Coitadinha da Manelita! Primeiro foi o horrível Marinho que lhe lançou os cães, agora são estes energúmenos da ERC que não lhe respeitam a casinha. Qualquer dia nem o facto de ser casada com o chefe a safa de voltar para a trauteação de cantiguitas.
É caso para se dizer que, se primeiro foram as prosas, agora são os cardos.

28 de Maio


Vieram de Braga, encabeçados por um militar de porte altivo e de bigode farfalhudo.
Parece que estavam fartos da rebaldaria em que a 1ª República se tinha transformado.
Parece que queriam ordem e sossego. Vieram por aí abaixo há 83 anos e, pensavam eles, iam tornar este pequeno país, tão dilacerado, em algo melhor, ou não!
Abriram caminho para que o António de Santa Comba descesse também à capital e por aqui se mantivesse, agarrado à cadeira, durante anos demais! Até que um dia ela, a cadeira, cedeu. Ou terá sido a banheira? Tanto faz!
Infelizmente o pequeno país não melhorou e ainda hoje, apesar de tantos anos já terem passado, não se conseguem vislumbrar melhoras acentuadas.
Há datas que preferíamos não recordar, mas, no fundo, a memória não deve ser apagada e, tenhamos esperança, com a recordação de dias menos felizes, talvez consigamos evitar erros semelhantes. Ou, pelo menos, evitar que bigodes farfalhudos e provincianos santos protectores nos continuem a subjugar as vontades.

Sete-Rios


Quando era miúdo era um dos meus passeios favoritos. Adorava deambular pelas suas ruas, espreitar a aldeia dos macacos, correr pelos caminhos que me iam mostrando tantos animais divertidos, assustadores, selvagens, perigosos. Espreitar os leões ao longe, no seu recinto que me parecia imponente. Dar a moeda de 5 tostões ao elefante e deliciar-me quando ele tocava a sineta. Na altura não reparava que alguns deles, daqueles animais perigosos e selvagens, estavam atrás de grades o que, apesar disso, não lhes tirava a aparência dura e forte, mas lhes tirava alguma dignidade. De qualquer forma eram sempre tardes divertidas, que começavam no lago da entrada, com uma viagem nas gaivotas.
Tenho lá voltado várias vezes, aliás, para os meus filhos, é, igualmente, um dos passeios favoritos. O Jardim está hoje mais agradável, tem outras ofertas, tem novos animais, tem maior animação, mas creio que o realce vai, apesar das grades e da necessária prisão dos animais, para um sincero sentimento de liberdade, de descoberta, uma sensação única, como que uma selva domesticada, um jardim suspenso no meio do bulício da cidade, essa sim uma espécie de nova selva, onde os animais perigosos andam à solta e os predadores são, verdadeiramente, selvagens.
O Zoo de Lisboa faz hoje 125 anos. Muitos parabéns e muitos, mais, anos de vida!

Absolut (46)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Levado pelo vento


Quando ele abriu as portadas não reparou no vento que entrou. Não o viu, não o cheirou, não lhe tocou.
O vento escondeu-se, lesto. Rondou as cadeiras, procurou os recantos mais longínquos, prendeu-se ao chão.
Ali ficou, quedo e mudo, esperando.
Quando a noite chegou o vento espreitou. Não viu vivalma. Atreveu-se a sair. Rodopiou pela sala, levantou papéis, escancarou portas, derrubou cadeiras, alterou o tempo, modificou o espaço.
Pela manhã o ventou cansou-se, parou.
Quando a porta se abriu já tinha saído, fininho, pelas frestas da janela.
Ele esfregou os olhos incrédulo. Era difícil perceber o que tinha acontecido.
O vale perdia-se numa enorme vastidão.
Ao longe o vento sorria-lhe…

Coupling

Coupling, foi a mais seriamente divertida série britânica a que já assisti. Não me canso de ver e rever e tornar a ver!
Fica aqui só um breve exemplo deste humor delirante.
Apreciem!

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, habitam os sonhos...

Absolut (45)

terça-feira, 26 de maio de 2009

A morte dum soldado (a partir de Capa)


(Robert Capa)


Malditos fascistas!
O grito mal contido saiu-lhe da garganta com a força duma bala disparada na direcção daqueles que o tentavam matar.
Para ele aquele era um pleonasmo óbvio, cheio de uma pujança que lhe era dada pela força das suas convicções e por tudo o que tinha assistido durante aquela guerra infernal.
A seu lado Jordi agonizava, olhava para ele com olhos cheios de uma dor profunda, perdidos num longínquo horizonte, que não era o daquele negrume que dali se via.
Lembrou-se dos primeiros dias. De como estavam convictos da justeza da sua entrega à luta. De como era exaltante verem chegar todos aqueles estrangeiros que a eles se vinham aliar, unidos contra a tirania que estava do outro lado.
Lembrava-se particularmente do inglês, George, e das bonitas histórias que lhes contava. De como se alentavam com o que ele lhes dizia, de como estavam certos de estar certos.
Hoje tudo estava diferente. Aqueles malditos cabrões estavam por todo o lado. Os alemães tinham chegado com as suas máquinas voadoras, os portugueses não os deixavam passar. Tinham acontecido traições várias no seu lado, no lado certo que se tinha transformado em tantos lados errados.
Agora estava ali preso naquele buraco, com os filhos da puta dos falangistas por todo o lado.
Jordi já tinha fechado os olhos. Ninguém respirava à sua volta, mal ouvia a sua própria respiração.
Levantou então a cabeça, olhou para a frente e começo a subir o buraco.
Não me apanharão aqueles cobardes.
Disse para si próprio no exacto momento em que saiu por completo do buraco.
Empunhou então a espingarda, gritou toda a sua revolta e correu para frente…

O Grande Protector


Estava, como sempre, escuro.
O céu ostentava aquele peso imenso, cor de chumbo, impenetrável.
De repente alguém gritou: OLHEM!
Ninguém sabia de onde o grito tinha saído, ninguém sabia para onde olhar.
Olharam para todos os lados. Para baixo. Para cima.
E nada viram.
Até que o novo grito surgiu: DIGAM!
De novo ninguém percebeu o que devia ser dito, ninguém sabia quem tinha gritado.
Continuaram a olhar em todas as direcções… e continuaram sem nada ver.
Até que novo grito, agora mais longínquo, menos claro, fugidio, se perdia na aragem cinzenta:
OIÇAM!
Mas já quase ninguém ouviu…
Retomaram o caminho, de cabeça baixa, de ombros caídos, como sempre tinham feito. Percorreram, rapidamente, o estreito carreiro que os levava de volta aos abrigos. As portas não tardariam a fechar-se e era perigoso ficar cá fora, sem o benevolente amparo do Grande Protector.

Já não viram as nuvens abrirem-se e o sol a espreitá-los.

Conquistador


Ontem à noite, em passeio pela rede, dei de ouvidos com esta canção. Com uma ponta de simpática nostalgia, lembrei-me que foi este o meu primeiro 45 r.p.m.. Exactamente com a capa que aqui se reproduz. Ainda não tinha 10 anos e a música popular ia-me conquistando!

Absolut (44)

New York Stories

Hoje lembrei-me deste filme tripartido por três dos mais excelentes realizadores norte-americanos, Allen, Copolla e Scorcese.
É do capitulo realizado por este último, que tiramos estas imagens cheias de força, com um Nick Nolte no seu máximo!
Fantástico! Like a rolling stone...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Marinho, o justiceiro!


Sempre achei que o actual bastonário da Ordem dos Advogados tinha uma costela trauliteira! Sempre pronto a chegar a roupa ao pelo áqueles com os quais não concorda. Se calhar, para a classe que representa, isso pode ser considerado uma virtude, mas não creio que essa seja a atitude mais correcta para quem tem que encontrar consensos, gerir contraditórios e chegar a conclusões que satisfaçam a justiça.
No entanto, na última 6ª feira, acabei por perceber o quanto é necessário, de quando em vez, ser trauliteiro q.b.. É que há, de facto, pessoas que precisam de ouvir umas valentes verdades!
A Manelinha embatocou e, espero, percebeu que a sua fúria estúpida também tem direito a resposta condizente!

Absolut (43)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ao Chile


Ali bem perto ainda se podem saborear os bifes cheios de molho, imagem de marca da Portugália. Andamos por Arroios, pelas redondezas do Bairro das Colónias, na fronteira com o Chile e com a Morais Soares. Zona clássica de Lisboa, corrida por uma Almirante Reis que carrega hoje gentes oriundas de muitas partes, tornando esta Lisboa mais cosmopolita, mas, ao mesmo tempo, menos luzidia, numa avenida pejada por artes obscuras. Por ali ficava o Pathé, que antes foi Imperial, depois chegou a ser uma dancetaria e hoje é nada. Descaracterização normal, dizem alguns, já nada admirados pelos exemplos que vão surgindo por toda a cidade, mascarando-lhe a identidade com carrancas disformes.
Bom fim de semana!

Morrisey 50 anos

Goste-se ou não, é impossível passar pela música dos anos 80 e não os ver.
Foram autores de muitos hinos da década, daqueles que foram sendo repetidos, recriados, reavaliados ao longo dos anos.
Morrisey, a sua voz, para muitos o seu mentor, completa hoje meio século. Está agora mais gordo, menos ágil, mas continua a cantar por aí.

La Folie

Uma música de culto!
Um dos momentos mais sublimes dos Stranglers, diria de toda a música popular!
Para ouvir com todos os sentidos! Com uma ponta de loucura...

Hergé - 22 de Maio de 1907



Há 102 anos nascia, em Bruxelas, o pai da banda desenhada moderna!

Absolut (42)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

E Deus? Estará a dormir?


No Público online:

«Relatório denuncia abusos sexuais em orfanatos católicos na Irlanda
Há relatos de violações e de agressões. De medo causado por uma disciplina severa. O relatório sobre o que se passou desde 1936 em instituições católicas irlandesas para acolhimento de crianças era esperado há muito tempo e está a deixar a Irlanda chocada. São 2500 páginas em que se conclui que mais de 2000 crianças sofreram abusos físicos e sexuais e que líderes da Igreja Católica sabiam o que estava a acontecer.»


E será a Irlanda caso isolado? Não é, claro que não!
Todos ouvimos falar de casos, sabemos de casos e vamos fechando os olhos, os ouvidos e as bocas. Porque aqueles senhores são os representantes de Deus na Terra e não cometem tais vilanias!
Resta saber qual o Deus que representam? Resta saber que Igreja representam? Resta saber se são pessoas? Resta saber se são dignos de viver?
É claríssimo que não!
Tenho uma profunda convicção de que esta Igreja, aliás como todas as outras, não servem Deus, nunca serviram, servem-se Dele para perpetrarem todo o tipo de aleivosias ao abrigo de um escudo que, julgam, os torna invencíveis.
Desejo, muito, que a justiça humana lhes consiga dar as penas adequadas, porque a divina, já o testemunhámos vezes demais, não existe, ou se existe, está numa profunda e eterna letargia!

O complexo Calimero


Não sei se será assim nos outros países, mas neste, onde vivemos, parece-me que todos, ou quase todos (não gosto de generalizações), têm uma particular tendência para a auto-comiseração. Ocupam todo o tempo útil a olhar para o seu umbigo ou, pelo menos, para o espelho que o reflecte, e vêem-se como mais ninguém os vê, com uma dimensão descomunalmente disforme. Ou muito grandes, ou muito pequenos, nunca do tamanho ideal. E depois o que é que dá? Pois dá a ideia de que toda a gente se sente injustiçada por não ser, ou parecer, aquilo que pensa que é, ou parece. E vai de lamentar, vai de choradinho, vai de calimerice
É uma injustiça, não é?

João Bénard da Costa


E, na sala escura, a tela grande verte hoje uma lágrima...

Absolut (41)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Insert coin


Custa-me aceitar que os livros sejam tratados como meros objectos comerciais.
Sou daqueles que acreditam que os livros, pelo menos na sua maioria, transportam consigo parte da alma de quem os escreveu e que, com um bocadinho de sorte, integrarão a alma de quem os lê e de quem se deixou enlear por palavras que acarretam sonhos, desejos, fantasias, enamoramentos que só os, verdadeiros, livros nos conseguem transmitir.
Por isso creio que devemos tratar os livros como objectos de carinho, de quase culto até. É-me difícil vê-los nas prateleiras dos hipermercados ao lado das alfaces, ou dos tampões. Mas, por paradoxal que possa parecer, apesar dessa dificuldade, acredito que esses pontos de venda têm contribuído para uma maior divulgação do prazer de ler, pelo menos fazem chegar as letras àquelas pessoas que não as costumam visitar onde elas devem estar.
É só por isso que vejo com algum agrado, comedido é certo, estas novas máquinas que a Leya agora inventou para a sua colecção BIS de livros de bolso. Não são bonitas e os livros não são snacks, nem coca-colas, mas pode ser que alguém meta a moeda na ranhura e lhe saia um Saramago, ou um Lobo Antunes, ou até mesmo um Le Carré e seja tentado a lê-los e a perceber que o prazer de ler não é efémero!

Ida


47 milhões de anos são uma imensidão de horas e dias. Todos aqueles em que Ida esteve escondida, à espera que a descobríssemos. Para que confirmássemos, mais uma vez, que a vida humana não tem origem em costelas, nem em vontades sobre humanas, mas nas maravilhas que a natureza vai produzindo em cada dia que passa.
Afinal 47 milhões de anos, apesar da sua aparente enormidade, são apenas uma breve gotícula na História da Terra.

A velha pastilha elástica


Nas noticias:

«Novo álbum dos Taxi em 2009
Os portugueses Taxi vão editar um novo álbum em 2009, depois de terem lançado o último trabalho em 1987.(...)»


Será que a chiclete ainda tem sabor??

Absolut (40)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pelos olhos do Hubble


Dizem-me que é isto que está lá em cima, que é assim o espaço sobre as nossa cabeças.
Apesar de ser apenas uma fotografia, consegue-se sentir o deslumbramento, a infinitude, a beleza total.
Talvez seja esta a visão de Deus...

O Portugal dos pequeninos


Somos pequeninos!
Andamos sempre atrasados em relação ao que se passa no resto da Europa. Mantemo-nos sempre nas caudas de todas as taxas que marcam alguma positividade, olhamos sempre para cima quando procuramos os caminhos por onde passa a excelência.
Uma vez por outra lá conseguimos erguer a cabeça, quando algum conterrâneo dá um salto e se mostra ao mundo. Mas isso não é sinónimo de grandeza, será, aliás, sinónimo de maior pequenez, já que nos contentamos com um feito desgarrado e esquecemos a pequenez que nos continua a marcar constantemente. Creio que era preferível não ter nenhum super-homem ou mulher-maravilha e conseguir que a mediania fosse elevada, que o comum fosse medido pela bitola alta. Mas, normalmente, fechamos os olhos e deixamos que os que se distinguem corram lá para fora e nós por cá todos bem, na mesma modorra medíocre, até chegar outro alguém que nos eleve o orgulho nacional, mesmo que por breves instantes, como tem sido norma.
Ainda hoje corre esta notícia por todos os jornais cá da terra:
«Professora suspensa pela forma como falou de sexo
Numa aula de História, uma docente da Escola Básica 2-3 Sá Couto, de Espinho, fala de modo grosseiro sobre virgindade com alunos de 12 e 13 anos. O discurso está numa gravação e originou uma queixa-crime por parte dos pais. »

A mim não me choca que se fale de sexo numa sala de aula, aliás acho que as aulas de educação sexual, devidamente enquadradas, são uma necessidade. Para o caso o que mais me interessa é que a senhora professora afirma que estudou muitos mais anos que a mãe duma das alunas em causa e que esta, se se lhe quiser dirigir, terá que usar a expressão SENHORA DOUTORA! Isto sim, confirma, de forma singular, a pequenez que nos tem vindo a caracterizar!

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, vão-se abrindo janelas...

Absolut (39)

Beatles ao vivo

Mesmo presos por fios, os Beatles continuam, ainda hoje, a encantar-nos com as suas actuações ao vivo!

Tangerinas


Gostava de estar sentado na marquise da casa dos avós, a olhar as nuvens que lá fora iam passando devagar, ouvindo o vento que abanava as folhas do limoeiro que ficava mesmo em frente da grande janela. Quando o tempo estava bom, descia ao pequeno quintal e aí brincava por entre os canteiros de onde pendiam os brincos de princesa. No Outono ia apanhando as tangerinas que lhe adoçavam aqueles momentos únicos. Por vezes montava o triciclo e serpenteava por entre os minúsculos caminhos que rodeavam aquele jardinzinho que lhe parecia um enorme mundo.
A avó contava-lhe histórias verdadeiras; memórias e invenções pacientes, misturadas numa alegre composição de quem tem tempo para colorir as horas das intermináveis tardes dos verões infantis, quando o mundo era ainda uma criança que sorria perante a infinitude das suas alegrias.
Ao abrir os olhos, agora, nota que no jardim já não existem canteiros, que as árvores já não dão frutos e que as histórias da avó são hoje as suas próprias memórias. Percebeu que as alegrias não são infinitas e que os verões têm fim.
No entanto, as tangerinas continuam a ser doces, as nuvens continuam a passar devagar e as histórias, mesmo as verdadeiras, continuam a fazer sentido quando se enchem de invenções pacientes que as tornam eternas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lucy

As palavras de Wordsworth, a música de Neil Hannon, uma certa ideia de Inglaterra, aquela de que eu, também, gosto.
Lucy encerra Liberation e abre-nos a vontade de continuar a ouvir The Divine Comedy!

domingo, 17 de maio de 2009

Good moments...

Deve ser a isto que chamam uma boa mesa!

sábado, 16 de maio de 2009

The lamb...

«Quita tus dedos de mi ojos. Quando escribo me gusta contemplar las mariposas de cristal...»

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Às portas de Santo Antão


Imagino a Rua dos Condes nos anos 30 e 40. Pejada de gentes que passeiam pela baixa lisboeta, num inicio de uma noite de verão. Olhando os corrupios que se adivinham nas Portas de Santo Antão. Enchendo cafés e restaurantes, preparando-se para assistir a uma soirée cinematográfica. Gozando a noite lisboeta, naqueles tempos de dias tão cinzentos que se tornavam, inesperadamente, tão coloridos à noite.
Entravam as pessoas na sala de cinema, naquela sala que me dizem ter sido das mais bonitas de toda a cidade. Eu, infelizmente, nunca a vi na sua totalidade. Espreitei-a uma vez, quando pelas portas entreabertas pude admirar, quase de relance, uma decadência que se veio tornando hábito em Lisboa, nesta cidade moderna que parece tudo esquecer.
Hoje o Odeon ainda lá está, velhinho, talvez à espera de uma cura, talvez desesperando por uma remodelação que lhe traga outras cores, como aconteceu com o seu vizinho de cima. Qualquer que seja a solução uma desconfiança continua a espreitar os meus receios, a de que Lisboa teime em não ter memória.
Bom fim de semana!

Palavreados



Gosto de frases grandiloquentes. Daquelas que ostentam um fato de gala, que se deixam banhar de luzes de todos as cores, daquelas que se põem em bicos dos pés e tapam tudo em seu redor. Daquelas que, apesar de toda a sua imensidão, não querem dizer absolutamente nada. Como é o caso, comum, da maior parte dos slogans políticos.
São do tamanho da sua bazófia, mas significam tanto quanto as vulgares conversas dos fazedores de pesudo-politica.
Agora é frequente vê-las pelas ruas da cidade. Enormes, naqueles cartazes pelos quais passamos sem ver. Exalam perfumes atraentes, pensam eles, mas tresandam a ideias cheias de naftalina, sabemos nós.
No entanto continuo a gostar daquelas frases, de umas mais que outras é certo, mas não há nada mais relaxante, depois da correria quotidiana, do que ouvir um engravatado qualquer, mesmo daqueles que não usam o acessório, a zurzir-nos a paciência com frases feitas, cheio de certezas que não chegam a convencer o carreiro de formigas que por ali passa, mas mesmo assim convencidíssimo que está cheio de ouvintes e, sobretudo, de razões para lhes agradar.
Coitados, deixemo-los assim, debitando as suas infindáveis verborreias, enchendo-nos o dia de sorrisos, se bem que alguns amargos, e apreciemos as novas frases que fazem surgir como por encanto, escolhidas num qualquer almanaque que Calisto Elói não desdenharia e achando que descobriram a pólvora.
Sim, porque NÓS, EUROPEUS, NÃO ANDAMOS A BRINCAR AOS POLITICOS, PORQUE SE NADA FIZERMOS, NADA MUDARÁ E TODOS SOMOS PRECISOS. FAZEMOS TODA A DIFERENÇA, PORQUE MELHOR É POSSÍVEL para MUDAR EUROPA, MUDAR PORTUGAL!

Eurovisão (V)

Canção número 5: Paulo de Carvalho, 1974, E Depois do Adeus!

Sem desculpas


No DN:

«Alunos do Décroly amarrados em salas
Directora de um colégio para deficientes de Lisboa foi acusada de cinco crimes de maus tratos pelo Ministério Público. Nas buscas, as autoridades encontraram alunos sozinhos, a quem não era dado banho, amarrados e malnutridos(...)»



Tenho-me por tolerante, por conciliatório e até um pouco aberto a algumas pequenas quase-maldades. No entanto há casos em que não consigo abrir a alma a nenhum tipo de tolerância! Esta senhora, que segundo a noticia se chama Cristina Parente, não merece qualquer atenuante, tendo em conta o comportamento que demonstrou enquanto directora de um colégio cuja primeira preocupação deveria ser o bem-estar dos seus utentes, que, como é patente, têm necessidades especiais. Pessoas como estas, que se norteiam pelo lucro fácil, que patenteiam uma cegueira provocada por uma imensa desumanidade e exibem uma incapacidade gritante para serem consideradas gente, merecem-me, apenas, um, muito sentido, comentário: filhos da puta!!!!

Absolut (38)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Olhares


De cada vez que saía à rua sentia os olhos presos à sua nuca. Eram uma presença constante, que a acompanhava durante quase todo os caminhos que fazia a pé.
Da primeira vez tinha-se sentido assustada, evitou voltar-se com receio do que poderia ver. Deixou simplesmente que a sensação a abandonasse para se poder voltar. Quando o fez não viu ninguém.
Nos dias seguintes os olhos voltarem a prender-se à sua nuca e continuou a não ter coragem para os olhar. Sentia-os vivos, sentia a sua presença e a força com que a olhavam, mas não os conseguia encarar
Um dia sentiu-os mais perto, quase a tocar-lhe e então parou, desejou que os olhos vissem os seus, mas tal não aconteceu. Podia jurar que, no dia seguinte, os olhos tinham falado, tinham sussurrado segredos, tinham até exalado um cheiro suave mas penetrante. Sentiu-os mais presentes que nunca, mas quando a vontade de se voltar se tornou insuportável, o medo falou mais alto e não se voltou.
Até que chegou o dia em que não os sentiu. Nesse dia virou-se. Nesse dia procurou-os. Nesse dia ficou-se pela rua até a noite chegar. Nesse dia os olhos não vieram.
Nesse dia fechou os seus olhos e jurou que só os abriria quando a sensação voltasse. Nesse dia fechou-se para o que lhe estava à volta e foi então que descobriu que os olhos só conseguem ver o que o coração lhes mostra.

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, andam os meus fascínios...

Eurovisão (IV)

Canção número 4: Fernando Tordo, 1973, A Tourada!

Absolut (37)

Patxi Andion


Anda por estes dias em terras lusas, um dos mais marcantes cantores de língua castelhana.
Na impossibilidade de ouvi-lo ao vivo, quero aqui deixar umas das mais bonitas cantigas que lhe conheço.
Para ouvir de olhos fechados.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

BB - Cannes, 1956


Tem hoje inicio a 62ª edição do Festival de Cinema de Cannes.
Apesar de todo o glamour e de todas as beldades (masculinas e femininas) que por lá foram e vão aparecendo, creio que nunca ninguém causou tanto furor como esta senhora!

Eurovisão (III)

Canção número 3: Simone de Oliveira, 1969, A Desfolhada!

A escolha


Cá por mim está escolhido. É Jesus!
Ainda para mais sabendo que o Káká lhe pertence!

Absolut (36)

terça-feira, 12 de maio de 2009

O futuro é míope


No i online:

«Oftalmologistas alertam: Magalhães faz mal aos olhos
Ecrã e teclas pequenas, já se sabe, não fazem bem à vista. Mas o alerta tem um alvo em concreto: O Magalhães, disse hoje a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, pode fazer disparar os casos de miopia. “Com o uso cada vez maior do computador e, neste caso, de um portátil que ainda é mais pequeno, com letras mais pequenas, em que se procuram distâncias de leitura cada vez mais próximas, o número de miopias com certeza vai aumentar em flecha”(...)»

E qual o espanto? Então não é isso que se pretende?! Que no futuro a vista não alcance mais do que aquilo que está a um palmo de distância?
Aliás, pelas evidências quotidianas, parece-me que esse futuro já chegou...

Assim não brinco!


O CDS anuncia que deixa de brincar!
Será por terem tido resultados tão baixos nas últimas sondagens?
Ou será apenas por pura birra?

Dennis McShade


Molero foi a sua coroa de glória. A sua e a de todos nós que tivemos o privilégio de a ler, saborear e rir com toda a parafernália lisboeta que o livro, puramente, nos oferece.
Mas Dinis Machado não é só Molero! Foi jornalista desportivo, bandadesenhadista na Tintin e mestre de policiais. Daqueles escuros, recônditos. Daqueles em que o herói é a sua antítese. Daqueles em que damos por nós a admirar quem, em teoria, não possui os princípios que, comummente, aceitamos como bons, na senda de Marlowe ou Spade. Na velha escola dos policiais negros de Hollywood, quase que nos parece ver Bogart ou Cagney sair daquelas páginas cheias de golpes e contra golpes, plenas de estereótipos deliciosos, de convenções de negrume, mas escritas de uma maneira única, narrando-nos contornos que se situam perto duma poesia desajeitada mas, igualmente, muito bela.
Dinis Machado tornou-se, por vontade e, digo eu, por obrigação de estilo, em Dennis McSahde e pintou-nos uns quadros negros, mas luminosos, em três casos protagonizados por Peter Maynard, o mais improvável assassino profissional, aquele por quem nos deixamos seduzir, aliás, talvez seja essa a faceta mais extraordinariamente necessária aos que abraçam essa profissão.

Eurovisão (II)

Canção número 2: Carlos Mendes, 1968, O Verão!

Absolut (35)