terça-feira, 12 de maio de 2009

Dennis McShade


Molero foi a sua coroa de glória. A sua e a de todos nós que tivemos o privilégio de a ler, saborear e rir com toda a parafernália lisboeta que o livro, puramente, nos oferece.
Mas Dinis Machado não é só Molero! Foi jornalista desportivo, bandadesenhadista na Tintin e mestre de policiais. Daqueles escuros, recônditos. Daqueles em que o herói é a sua antítese. Daqueles em que damos por nós a admirar quem, em teoria, não possui os princípios que, comummente, aceitamos como bons, na senda de Marlowe ou Spade. Na velha escola dos policiais negros de Hollywood, quase que nos parece ver Bogart ou Cagney sair daquelas páginas cheias de golpes e contra golpes, plenas de estereótipos deliciosos, de convenções de negrume, mas escritas de uma maneira única, narrando-nos contornos que se situam perto duma poesia desajeitada mas, igualmente, muito bela.
Dinis Machado tornou-se, por vontade e, digo eu, por obrigação de estilo, em Dennis McSahde e pintou-nos uns quadros negros, mas luminosos, em três casos protagonizados por Peter Maynard, o mais improvável assassino profissional, aquele por quem nos deixamos seduzir, aliás, talvez seja essa a faceta mais extraordinariamente necessária aos que abraçam essa profissão.

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