terça-feira, 26 de maio de 2009

O Grande Protector


Estava, como sempre, escuro.
O céu ostentava aquele peso imenso, cor de chumbo, impenetrável.
De repente alguém gritou: OLHEM!
Ninguém sabia de onde o grito tinha saído, ninguém sabia para onde olhar.
Olharam para todos os lados. Para baixo. Para cima.
E nada viram.
Até que o novo grito surgiu: DIGAM!
De novo ninguém percebeu o que devia ser dito, ninguém sabia quem tinha gritado.
Continuaram a olhar em todas as direcções… e continuaram sem nada ver.
Até que novo grito, agora mais longínquo, menos claro, fugidio, se perdia na aragem cinzenta:
OIÇAM!
Mas já quase ninguém ouviu…
Retomaram o caminho, de cabeça baixa, de ombros caídos, como sempre tinham feito. Percorreram, rapidamente, o estreito carreiro que os levava de volta aos abrigos. As portas não tardariam a fechar-se e era perigoso ficar cá fora, sem o benevolente amparo do Grande Protector.

Já não viram as nuvens abrirem-se e o sol a espreitá-los.

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