terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Uma ceia para os sentidos


Ontem há noite recuei mais de trinta anos e parei em 1972, os Genesis convocaram-me para uma ceia e eu tomei-a com muito gosto.
Voltei a pegar no seu 4º álbum de originais, Foxtrot e foi com um imenso prazer que ouvi, mais uma vez, uma das suas obras máximas, Supper's Ready, faixa de 22,58 minutos, divida em 7 secções, autêntico deleite para os sentidos, peça máxima do chamado rock progressivo ou sinfónico. A voz de Peter Gabriel transfigura-se nas várias personagens que atravessam este arco-íris musical, desde o Willow Farm até Narcisus, da calmaria penetrante ao épico final, cujas palavras aqui deixo:

«There's an angel standing in the sun, and he's crying with a loud voice,"This is the supper of the mighty one",The Lord of Lords,King of Kings,Has returned to lead his children home,To take them to the new Jerusalem.»

Bandas desenhadas


Desde tenra idade que sou um adepto entusiasmado da banda desenhada franco-belga. Nunca tive muita apetência pelos comics norte-americanos e ainda menos pelos manga japoneses, já a franco-belga e mesmo outras europeias como a italiana ou espanhola e mesmo a portuguesa, sobretudo a mais recente, sempre fizeram as minhas delicias. De entre todas, como já fiz referência, as Aventuras de Tintin levam a palma, mas delicio-me com muitas outras , Astérix; Valérian; Spirou; Lucky Luke, com primazia para a fase Goscinny; e para os mais recentes Enki Bilal, François Burgeon e François Boucq, para citar apenas alguns.
O destaque de hoje vai, no entanto, para uma obra maior, para a ópera de papel, como alguém já lhe chamou. Da autoria de Edgar Pierre Jacobs, que também fez parte da equipa de Hergé, a brilhante série centrada nas personagens de Francis Blake e Philip Mortimer; aventura no seu estado puro, com muita ficção científica à mistura. Jacobs não produziu muitos títulos, mas os que realizou são todos eles brilhantes e mesmo a continuação da série após a morte do seu criador, consegue transmitir-nos as componentes originais, pelo que que se saúda.
Aconselho pois, a releitura de todos os albúns e, se porventura nunca a leram, creio que darão por bem empregue todo o tempo que lhe dedicarem.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

"Pieguices" de pai

Um simples sorriso, um beijo, uma festa, uma brincadeira, até um choro ou uma birra. Assim também se fazem os seus dias, dias enormes para quem ainda tem idade para tal, dias preenchidos com a alegria de quem tem tudo pela frente e quer agarrar a vida com todas as forças, dias bons, dias que devem durar para sempre, dias que lhes quero dar.
Cada gargalhada que lhes sai do peito, cada sorriso que lhes ilumina o rosto, cada abraço que lhes sinto, cada vez que dizem o meu nome agradeço a benção que é tê-los em mim.
São grandes assim estes pequeninos, são enormes os seus sorrisos, que os mantenham sempre!

Lamento

Afinal a Luz ficou, INGLORIAMENTE, apagada para os da casa. Esperemos novos e melhores dias...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Derby


Amanhã é noite de derby futebolístico lisboeta. Espero que a Luz fique GLORIOSAMENTE incendiada com a vitória dos da casa.

W.A.Mozart


Hoje é inevitável. Parabéns ó Wolfgang!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Os amigos de Hergé


Em 1985, dois anos após a morte (física) de Hergé, Stephane Steeman, o maior coleccionador tintinófilo do mundo, resolveu criar uma associação que ajudasse a perpetuar a memória e o trabalho de Hergé. Esta associação existe ainda hoje, comemorou o seu 20º aniversário no ano passado e, para além de realizar uma assembleia geral todos os anos, onde se reunem os seus associados para debaterem a obra com diversos especialistas e onde também fazem uma feira à volta da parafernália tintinesca, edita uma excelente revista semestralmente. Esta revista é obrigatória para todos os que queiram aprofundar o seu conhecimento sobre a obra e o seu autor. A associação conta no seu seio com associados dos quatro cantos do mundo, Portugal incluido. O seu site é www.lesamisdeherge.com, façam-lhe uma visita.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

O Senhor dos Anéis (parte 2)


Voltemo-nos agora para coisas bem mais agradáveis e passemos mais uns breves momentos com o Senhor dos Anéis. Continuando o que ontem começámos :

É uma imaginação delirante que nos faz vogar em volta da Terra Média, esse continente maravilhoso, esse mundo que não sendo real faz todo sentido, quando nos deixamos nele emergir. Para nos facilitar o trabalho temos mapas, muitos mapas, uns mais detalhados, outros mais simples, mas que ajudam a nossa imaginação, tendo entretanto sido criados atlas que nos dão muito para além da simples carta geográfica, que analisam cada pormenor, cada topónimo, cada ser vegetal, animal, cada cidade e caminho, cada povo e cada fortaleza.

Vários são então os livros que foram sendo escritos sobre este mundo imaginado e criado por JRRT, todos eles acrescentando mais um ponto, mais uma nota, mais um elemento. O próprio JRRT apenas deu corpo ao Hobbit e à trilogia do Senhor dos Anéis, o seu filho Christopher preencheu a sua obra ao dar à estampa alguns textos, ainda que de certa forma incompletos, nos permitiram obter uma visão mais ampla de Arda, da sua criação, da sua mitologia, referimo-nos ao Silmarillion e aos Contos Inacabados e à obra monumental em doze volumes History of Midlle-Earth.

Muitos outros estudiosos universitários, ou simples curiosos elaboraram os mais diversos trabalhos tendo por base a criação de JRRT. De análises místicas e religiosas, a atlas e geografias, a enciclopédias e guias de leitura, de biografias a simples opiniões de tudo se fez e continua a fazer. Todos estes trabalhos vem enriquecer ainda mais a primeira criação, dando-nos hipótese de melhor a conhecer e compreender e dando ainda azo a que cada um de nós possa, por seu lado, sub-criar a sua própria visão da obra, construindo-a pouco a pouco, juntando aqui e ali novos dados, novas perspectivas e novos conhecimentos, criando então um grande painel que passará a ser uma outra História do Mundo, um mundo ficcionado, mas com uma presença tão forte que é quase corpórea.

A culminar, para já, esta(s) veia(s) criativa(s) foram realizados por Peter Jackson, cineasta neo-zelandês três longas-metragens, levando desta forma ao grande écran a monumental obra de J.R.R.T.. A versão cinematográfica ultrapassa, no conjunto dos três filmes, a nove horas de duração, sendo que as versões longas editadas em DVD totalizarão cerca de 12 horas de filme. Uma outra obra monumental, esta em cinema, que sendo uma visão pessoal de P.J. se mantêm muito fiel ao espirito da obra escrita. Utilizando as últimas novidades em termos de tecnologia usada em cinema, foi possível realizar aquilo que há poucos anos se pensou impossível, transpor para imagens reais toda a imaginação de J.R.R.T.. De tal forma esta versão se tornou um sucesso, que alcançou vários recordes de bilheteira e somou, no conjunto dos três filmes, vários prémios de cinema, oriundos de vários países, culminando nos óscares de Hollywood, que para o último filme da trilogia lhe atribuiu 11 estatuetas, tantas quantas as nomeações.

Bons exemplos

Num relatório hoje publicado, Portugal continua a ser o país mais pobre da União Europeia e onde existe maior grau de desigualdade. Cerca de 2 milhões de pessoas vivem no limiar da pobreza ou abaixo desse nível, desse número 15 % são crianças.
Obrigado Portugal por elegeres tão capazes governantes, ainda no domingo novo exemplo nos ofereceste.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Senhor dos Anéis


Para que o dia fique mais fantástico, apetece-me falar do Senhor dos Anéis. Aqui vai:

Falar sobre JRRTolkien e a sua obra O Senhor dos Anéis é, ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil porque o gosto e o prazer que tal situação oferece é imenso. Difícil porque os inúmeros textos que já foram escritos sobre este autor fazem-nos temer que qualquer proposta de texto que se pense corre o risco de já ter sido feita.
De qualquer forma e tomando como pedra de toque a primeira das situações atrás referidas, vamos tentar elaborar um pequeno texto que consiga transmitir a sedução que as obras de JRRT nos sugerem, juntando-lhe alguns outros dados que permitam fornecer mais luzes sobre essas razões, que tanto podem ser biográficos, como relativos aos recentes filmes produzidos, como até outros que se sintam propícios ao desenrolar do texto.

Depois do ponto prévio que atrás se alinhavou, partamos então nesta aventura que é contar porque uma obra de ficção nos proporciona tanto prazer e vontade de saber mais.
A primeira razão de todas é exactamente o prazer que se retira da leitura, deixar a mente vaguear, andar à solta nessas maravilhosas paisagens da Terra Média, imaginar e conseguir visualizar a beleza natural do Shire e das suas gentes, ou a magnificência de Rivendell, a obscuridade e o temor que as Minas de Mória nos transmitem e depois o maravilhamento etéreo de Lórien e dos seus Elfos, com a suprema presença de Galadriel.
Mas por outros lugares nos passa igualmente a imaginação, em Rohan, em Isengard, em Gondor e o medo que nos invade à medida que nos vamos aproximando da porta negra de Mordor.
É da imensidão das mais de 1000 páginas escritas desta história, que saem personagens maravilhosas, belas, companheiras, atemorizantes, enigmáticas que nos vão acompanhando, ou nós a elas, por todos esses caminhos, com toda uma envolvência que transforma todo o ambiente à nossa volta, tornando-o tão avassalador que não é possível pensar em mais nada, tal é a absorção que nos é transmitida por aquelas imagens escritas.
E se não há, verdadeiramente, descrições pormenorizadas de coisas horrendas, é-nos, por outro lado, transmitido um temor, um medo sobrenatural, que consegue ultrapassar as páginas do livro e enredar-se à nossa volta de uma forma quase palpável. Podemos assim recordar-nos da perseguição dos cavaleiros negros, mas também da presença atemorizante e imensa do Balrog de Mória; dos orcs que vão surgindo tentando atacar-nos, ou da voz enfeitiçadora de Saruman, da viscosidade enorme de Shelob e acima de tudo daquele olho sem pálpebra que percorre toda a Terra à nossa procura, desde Mordor, a terra maldita, onde tudo tem que acabar.
Mas também é verdade que nunca nos sentimos completamente sózinhos. Os nossos companheiros, embora falíveis, embora sentindo medos, embora vacilando aqui e ali, transmitem-nos confiança e força e também poder, pelo menos aquele poder da vontade, do querer.
Com os “pequeninos”, mas fundamentais, sem dúvida os mais importantes para um final “feliz”. Falamos de Frodo, Sam, Merry e Pippin, os Hobbits. Mas falamos também dos que os acompanham na longa, dura e perigosa viagem. Desde o princípio, mesmo que por vezes não esteja presente fisicamente, Gandalf o Cinzento (mais tarde o Branco), o feiticeiro, o Istari, o “semi-deus”, em cujos ombros recai, talvez, a sabedoria, a experiência e a última palavra, aquele que não poderá ter dúvidas, mas que não está, no entanto, completamente livre das mesmas.
Mas também de homens se faz esta história, de homens bons e nobres e de outros também, dos duvidosos, dos infiéis, até de traidores.
Na primeira hora Aragorn – Strider (o Passo de Gigante), o rei sem trono, o rei que regressará, o mais nobre entre os nobres; depois Boromir, o homem corajoso, cheio de dúvidas e muito ambicioso que só verá a verdade na última das horas e seu irmão Faramir, que embora tenha igualmente muitas dúvidas é bem mais perspicaz, compreendendo a missão como um bem em si, revelando menos ambição imediata, mas uma lucidez mais “longa”.
Também as outras “raças livres” se representam na irmandade do anel, os anões por Gimli, filho de Glóin e os Elfos por Legolas. Estes são os nove que formam a já referida Irmandade do Anel, que seguirá a sua demanda de destruir o Um, por oposição aos nove “espectros do anel”, servos preferidos de Sauron, os Naz-Gûl, antigos reis dos Homens, a quem Sauron “ofereceu” os nove anéis destinados a esta “raça”, e a quem dominou.Mas a Terra Média é vasta, um continente imenso onde coabitam estes e outros seres, todos eles fantásticos, todos eles enigmáticos, todos eles vivos e actuantes, num mundo de papel, mas real, muito real.

Encavacados

Hoje esperava encontrar este país mais alegre. Infelizmente encontrei-o encavacado! E parece que vai continuar assim por alguns anos...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Marca do Século


Na minha senda de melhor compreender e, ao mesmo tempo, admirar a obra-prima de Hergé, deixo aqui mais um pequeno texto sobre Tintin e o que significa para mim.

A leitura dos álbuns da série “As Aventuras de Tintin” contém em si várias “leituras”, várias formas de olhar, vários modos de apreender.
Há o desenho. Há o texto. Há o argumento. Há o pormenor. Há o que está “escondido”.

O DESENHO
Por aqui passa o encantamento inicial. A atracção primeira. O desenho é simples, melhor dizendo, de simples leitura e apreensão. Embora seja altamente elaborado não o demonstra, o resultado surge-nos linear, escorreito, perfeito. É sinónimo de facilidade, Qualquer menino, de 7 ou 77 anos, consegue, facilmente, afeiçoar-se-lhe e a ele aderir rápida e espontaneamente.
Por isso lhe chamaram linha clara, embora esta designação seja mais vasta, pois engloba questões que passam igualmente pelo texto e pelo próprio argumento.

O TEXTO
O texto, ou melhor, os diálogos, expressam apenas o essencial, de forma a tornar o mais legível possível toda a trama que se está desenvolvendo.
Há a preocupação de não fastidiar o leitor e de ocupar o menor espaço possível do quadradinho com balões excessivamente grandes. A grande parte da informação é dada pelo desenho, surgindo muitas vezes o texto como “mero” acompanhante da acção. É mais uma vez a linha clara em toda a sua expressão. Esta aparente simplicidade dos diálogos não lhe retira, obviamente, a qualidade e a medida exacta que, de facto, eles possuem e que juntamente com os desenhos, nos fazem descobrir outra faceta, talvez a mais brilhante, o argumento, a “estória”.

O ARGUMENTO
É aqui que reside, talvez, a grande propensão para o êxito que as Aventuras de Tintin alcançaram.
O argumento é, em quase todos os álbuns, de uma perfeição enorme e de uma clareza surpreendente.
Com o mais variado tipo de motivos, a história tem sempre um (ou mais) denominador comum, a justiça, a amizade, a solidariedade. Tintin é como um Robin dos Bosques moderno e urbano, que não rouba ninguém, mas que ajuda todos aqueles que necessitam de ajuda. Acompanhando a cronologia das Aventuras, acompanharemos toda uma evolução da personalidade de Tintin e dos seus companheiros e quando chegamos ao último álbum verificamos ser esta uma obra única, obra de uma vida.
A história é quase sempre brilhante, radicando o seu êxito, tal como no desenho e no texto, na linha clara, na clareza que não a diminui, pelo contrário, torna de fácil leitura problemas e questões muito sérias, ao lado de simples e verdadeiras aventuras. Sensações e sentimentos verdadeiramente humanos passam por aqui, momentos de arrebatamento total ao lado de momentos de carinho, de calma, sendo o que mais resulta, cremos, o sentido de amizade, a grande e imensa amizade que transborda de quase todos os livros. Será aí que está o segredo, é por isso que gostamos tanto destes livros.

O PORMENOR
Já lemos este livro mais de vinte vezes e é só à vigésima primeira que damos conta que na página vinte e um há, no canto superior esquerdo, um quadradinho que nos mostra que foi aí que o Capitão Haddock colocou o lenço na cabeça, nunca até aí nos tínhamos preocupado em reparar nesse pormenor, achamos que ele não tinha importância no desenrolar da história. Mas, se de facto, os quadradinhos estão completos, é porque tudo o que lá está inscrito tem a sua importância na acção.
É isto que dá uma grande, grande qualidade às Aventuras, cada quadradinho tem um manancial incrível de informações, não basta apenas olhar para as figuras principais, ou ler o balão, temos de olhar, atentamente, para todo o quadradinho, ver todos os pequenos (e os maiores) pormenores e assim apreender, em toda a sua dimensão, a mensagem que nos é transmitida pelo autor.
Mas também podemos falar de outro nível de pormenores, que passam por vezes despercebidos, mas que revelam toda a minúcia desta obra. Vejam-se, por exemplo, o desenho completo do foguete que levou Tintin à Lua, ou as fardas dos guardas do Castelo Kropov em Klow, ou os navios Sirius e Aurora, ou o jacto do milionário Carreidas, ou os monumentos de Nova Deli, ou a perspicácia da mais recente edição da Ilha Negra, vejam-se os esgares, os gestos, as feições do Capitão Haddock.
Pegue-se em qualquer álbum e analise-se quadradinho por quadradinho, a descoberta será, certamente, incrível, é uma nova forma de (re)descobrir os álbuns, já dezenas de vezes folheados e lidos, de certeza que irá surgir uma nova leitura que ainda não era conhecida, será um novo prazer.

O QUE ESTÁ ESCONDIDO
Cada um de nós poderá, por aqui, tentar fazer uma leitura específica e pessoal de qualquer livro da série. Ou melhor, poderá, se assim quiser, aprofundar o prazer de ler Tintin, analisar esta obra de um ponto de vista que ultrapassa a mera leitura linear dos livros. Será necessário, cremos, ter um conhecimento mínimo da biografia do seu autor, do tempo e das condições em que as histórias foram escritas, não podemos esquecer que todas estas Aventuras foram publicadas primeiramente não em livro (álbum), mas sim em periódicos, primeiro no Petit Vingtième Siècle, depois no Le Soir e por fim no Journal Tintin. Primeiro em página inteira, depois apenas em tira diária (passando algum tempo depois a semanal) e finalmente em dupla página.
As Aventuras atravessaram quase todo o século XX, passando assim por várias situações que aconteceram na Europa, desde a recessão até à II Guerra Mundial. As Aventuras podem ter, e merecer ter, várias leituras, necessariamente diferentes, a leitura daquela pessoa que lê o livro pelo livro, até aquela em que é procurado nas “entrelinhas” todas as leituras “escondidas”.
Desde a morte do autor, em 1983, inúmeros foram os livros que tentaram entender e explicar a obra de Hergé. Desde teses universitárias, a breves artigos de jornal. De tudo já foi feito, cada um com uma leitura diferente, mas que vêm todas elas enriquecer as várias formas de entender as Aventuras, oferecendo a todos aqueles que gostam da série novas possibilidades de sentirem o prazer de Tintin estar a ser reinventado, ou melhor, a ser relido aos mais variados níveis, fazendo com que esta obra se venha a tornar, efectiva e inevitavelmente, imortal.
Como foi utilizado na publicidade duma conhecida marca francesa de automóveis há poucos anos, Tintin é, sem dúvida, uma das MARCAS DO SÉCULO.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

In the beginning...


Ao falar de Peter Gabriel vieram-me à memória tempos mais antigos, quando ainda no inicio da minha adolescência, me deixei fascinar pelas músicas de uma banda da qual P.G. fazia parte, os Genesis.
Os Genesis foram a minha primeira banda de culto e, talvez devido à minha idade nessa altura, foi um culto intenso, vivido de uma forma muito constante. Enchi o quarto com posters e fotos, sabia as letras de cor, usava crachás e ouvia repetidamente cada música.
O primeiro disco que ouvi, o que me fascinou e levou a adoptar esta banda, numa altura em que o fenómeno punk já despontava, foi Selling England by the Pound, trabalho que ainda hoje oiço com extremo agrado e que vou trauteando à medida que a agulha vai sulcando o vinil; pois, discos destes só em vinil.
I KNOW WHAT I LIKE...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

O Mundo de pernas para o ar!


Será Peter Gabriel ou Perfeito Génio? Acho que os dois se confundem.
Isto a propósito do seu concerto registado em DVD - Growing Up Live.
Aí uma música me sobressaiu ontem à noite quando o revia. Downside Up, ou o mundo de pernas para o ar. Delirio puro, maravilha suprema, encantamento à solta, deslumbramento completo.
Peter Gabriel canta-a em dueto com a sua filha Melanie. Eu vi-os com o meu filho ao colo. Os quatro cantámos e dançámos juntos, com muitos sorrisos alegres, a plenos pulmões:

OVO...OVO...OOOVVOOO!!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Palavras


Na minha revisão constante à obra discográfica de Neil Hannon e dos The Divine Comedy, tenho parado por estes dias no seu Casanova e embora tenha sido o disco que mais me custou a apreciar, com o tempo e, obviamente, com a qualidade que possui, foi-se entranhando, qual coca-cola nas palavras de Fernando Pessoa. Por isso deixo aqui dois excertos de duas canções muito belas que integram essa obra:

de Middle-Class Heroes:
"My words fly up to heaven, my thoughts remain below.
Words said without feeling never to heaven go..."

e em Songs of Love:
"Fate doesn't hang on a wrong or right choice,
fortune depends on the tone of your voice.
So sing while you have time, let the sun shine down from above
and fill you with songs of love"

Mais uma vez obrigado Neil...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Flower Power


Sempre tive algum fascínio pelos anos 60. Talvez por ter nascido nessa década, talvez por terem sido anos de mudanças radicais.
Novas formas de cultura surgiram, a música popular mudou, os conceitos transformaram-se, a juventude tornou-se irrequieta e muitas coisas que hoje temos como adquiridas foram conquistadas então. E, não menos importante que o resto, os cabelos cresceram, os hippies apareceram, fugazes é certo, mas com certezas inabaláveis e uma necessidade ímpar de se tornarem mais pessoas. Desapareceram tão rapidamente como surgiram mas ainda hoje algumas das suas vontades continuam a ser necessárias. E depois quem se bate pelo poder das flores merece, no mínimo, algum reconhecimento.
Make love, not war!!

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Boa Disposição


Passam hoje 7 anos que assisti, pela primeira vez, a um concerto dos The Divine Comedy. Foi no CCB e foi um excelente espectáculo. Foi também nesse dia que conheci os The Gift, que aí fizeram a primeira parte.
Os The Divine Comedy são a minha banda preferida. E são-no, não só pela inequívoca qualidade musical e poética, mas igualmente e, se calhar sobretudo, pela boa disposição que me transmitem, pela esperança que me comunicam, pela vontade de cantar que me dão.
Naquele dia vieram apresentar o seu último albúm do século XX, chamado, obviamente, Fin de Siècle. Deixo aqui algumas breves palavras de duas canções incluídas nesse disco.

de National Express :

"(...) When you're sad and feeling blue
With nothing better to do
Don't just sit there feeling stressed
Take a trip on the National Express"

e de Sunrise :

"(...) The church-bells ring, the children sing
"What is this strange and beautiful thing?
"It's the sunrise
Can you see the sunrise?
I can see the sunrise
It's the sunrising"

ENJOY!

Dos 7 aos 77


Tintin faz hoje 77 anos!
Como sentida homenagem a este "herói" que tanto maravilhou (ainda o faz) a minha infância, deixo aqui um breve texto que escrevi há alguns anos a este propósito.

Um círculo maior para a cara, dois pequenos pontos para os olhos, uma vírgula para o nariz, um semicírculo para a boca e uma característica popa no alto da testa. Eis os ingredientes necessários para criar um mito.
Primeiro entre as crianças e os adolescentes belgas, mais tarde na vizinha França e expandindo-se pelo resto da Europa e pelos outros continentes.
As crianças e os jovens dos primeiros anos cresceram e o mito conquista a geração adulta.

Duas breves sílabas com o mesmo som dão-lhe o nome : TIN TIN.
Hoje quase toda a população da Europa Ocidental e grande parte do resto do mundo está familiarizada com este nome.
Sinónimo de aventura, de humor, de coragem, de inteligência, de valentia, de amizade, de descoberta, de solidariedade, de bravura e sobretudo de encanto; este nome fez, faz e obviamente fará sonhar milhões de jovens em todo o mundo, jovens esses que, conforme o lema da própria série, se situam etariamente entre 7 e os 77, mas que convictamente, acreditamos nós, se deverão realmente situar entre o momento em que se consegue folhear o primeiro livro e aquele em que já nem para isso há força.

Surgiu em 1929 acompanhado unicamente por um pequeno fox-terrier completamente branco e com a faculdade única de saber falar. Foi conquistando, com o passar dos anos uma “sui-generis” e heterogénea “família”, basicamente composta por :

Dois detectives de fato e chapéu de coco negros, inseparável bengala e cuja única diferença visível na sua falsa “gemealidade” se traduz no formato dos seus bigodes, de pontas caídas para DUPOND, de pontas arrebitadas para DUPONT. Perfeitamente imbecis. Incapazes de resolverem por si sós qualquer mistério que se lhes depare, são exemplos acabados da atrapalhação, da confusão e da má interpretação dos factos; têm como característica muito própria o seu verbalismo, de que se destaca a célebre frase : “je dirais même plus...”

Outro importante elemento da chamada “família de papel” é a cantora lírica italiana BIANCA CASTAFIORE, também chamada “o rouxinol milanês”. Figura de porte altivo e voz poderosíssima, tem na ária das Jóias da ópera Fausto de Gounod a sua mais brilhante interpretação. Surgindo muitas vezes como um “empecilho” ao bom termo da acção que decorre, esta personagem caracteriza-se muito pelo “bom coração” que possui e pela ajuda que várias vezes presta aos outros elementos desta “família”. Uma nota de humor é dada através da constante troca do nome do Capitão Haddock. A esta figura é, aparentemente, dedicado um álbum da série. Esse livro passa por ser o mais intimista e introvertido de todos e é muitas vezes citado como o exemplo da anti-aventura, sendo por muitos considerado a obra-prima de toda a série.

A terceira personagem a entrar para a “família” tem por nome ARCHIBALD
HADDOCK. Com a entrada do Capitão, no “Caranguejo das Tenazes de Ouro”, Hergé cria uma das personagens mais ricas de sempre no mundo da banda desenhada. Eterno apreciador de whisky, vociferador ímpar, truculento imparável , mas com um coração maior que o mundo, este capitão de longo curso é uma figura inconfundível, com a sua camisola de gola alta de cor azul escura enfeitada com uma âncora, o seu chapéu de oficial marinheiro e o inseparável cachimbo. Torna-se o melhor amigo de Tintin e consequentemente o melhor amigo de todos nós. É ele que personifica a faceta extrovertida, impulsiva e mais divertida de toda a série.

Depois dele surge o professor TRYPHON TOURNESOL, vestido de verde, óculos redondos, pêndulo na mão direita e guarda chuva na esquerda, este sábio caracteriza-se por uma inteligência tão grande quanto o é, inversamente, a sua surdez e distracção. Obreiro de grandes feitos, é graças a ele que se irão desenvolver duas das histórias máximas da série, o duplo álbum “As Sete Bolas de Cristal / O Templo do Sol” e “O Caso Girassol”.
Depois de “lhe ter piscado o olho” em dois volumes anteriores ao seu surgimento, em “Os Charutos do Faraó” com P. Siclone e em “A Estrela Misteriosa” com H. Calys, Hergé fá-lo aparecer, definitivamente, em “O Tesouro de Rackham o Terrível”, de forma abrupta, como que impondo-se, ele mesmo, à entrada na série.
Sempre no “mundo da Lua” (talvez por isso tenha sido o grande impulsionador da viagem a esse satélite), o Professor Tournesol é símbolo da sabedoria e da distracção, sendo ele que congrega unanimemente a amizade, a admiração e a inveja de todos os outros, amigos e/ou inimigos.

A última figura da família (que se pode designar como básica) é o “impossível” SERAPHIN LAMPION. Vendedor de seguros da Companhia Mondass, é uma figura típica da cidade de Bruxelas, com todos os seus defeitos e inconvenientes, tal como é referido por Hergé.
Surge pela primeira vez no álbum “O Caso Girassol” e depois disso (com excepção no “Tintin no Tibete”) a sua presença, indesejada e incómoda é sempre garantida.
Pai de uma numerosa família, não hesita em levá-la para o Castelo de Moulinsart quando neste se encontra apenas o mordomo Nestor, o que origina um verdadeiro pandemónio. Apesar da sua inconveniência, esta figura ganhou lugar de destaque e a sua negatividade deu-lhe a necessária estatura para ser das personagens mais importantes da série.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Parabéns Princesa


Há sorrisos que nos iluminam a alma!
Há vozes que nos aquecem e abraços que nos confortam!
Que se mantenham sempre assim!
Hoje a minha princezinha faz anos!
MUITOS PARABÉNS!!!!!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Dia de Reis


HOJE É DIA DE REIS!!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Happy Birthday J.R.R.Tolkien


Passaram ontem 114 anos que em Bloemfontaine, África do Sul, nasceu John Ronald Reuel Tolkien. Responsável pelos mais belos momentos de leitura que já tive, eu e muitos milhões de outros entusiastas do seu mais famoso escrito, O Senhor dos Anéis.
Por todo o encantamento e magia que nos ofereceu o meu muito obrigado e a certeza que o seu trabalho irá continuar a maravilhar muitas gerações de ávidos leitores através das próximas eras do mundo.
Muitos parabéns Tolkien!