segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A literatura e o senhor Brown


Os doutos entendidos em questões de literatura dizem-nos que isto não o é. Que são umas historietas contadas por um senhor com o seu quê de manhoso, que aproveita temas que suscitam a curiosidade mórbida dos potenciais leitores, para vender uns quantos milhares, milhões, de palavras mal engendradas e assim enriquecer à custa de tolos que não fazem a mínima ideia do que é a literatura e para que servem os livros.
Pois eu confesso que, apesar de ler muito e de nunca me sentir satisfeito com a quantidade de livros que leio, também não consegui, ainda, descobrir o que é, exactamente, a literatura, embora tenha uma (leve) ideia do propósito dos livros.
E esse, creio eu, está perfeitamente cumprido nas páginas que o senhor Brown nos vem deixando. Puro entretenimento, alguma descoberta, ficção q.b., um crescente interesse pelo que se está a ler e uma satisfação garantida quando se chega ao fim da leitura.
Dei sempre por muito bem empregue todo o tempo que demorei a ler os seus livros e agora, quando acabo de ler o Símbolo Perdido, reforço esse meu sentimento.
Gostei bastante, empolguei-me e até, pasme-se, fiquei satisfeito.
Mesmo não sabendo, ainda, o que é a literatura, mais uma vez fiquei convencido de que os livros servem para nos satisfazer e este cumpriu o seu dever.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Uma rapsódia a valer!

De visita a um dos meus sitios do costume, deparei-me com esta maravilha.
Nunca esta canção (que até uma das minhas preferidas desta banda) me soou tão perfeita!

Obrigado Sérgio (IX)

por isto...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de Novembro

No dia de hoje muitos vão falar, naturalmente, de Jaime Neves e outros tantos de Ramalho Eanes.
Eu, por outro lado, creio, muito sinceramente, que se não fosse este senhor a radicalização seria imparável e muitos de nós não chegaríamos a ver o dia de hoje.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A sorte dança em Covent Garden


Sempre que aqui vou vem-me à memória este cativante filme e esta canção em particular.
E um sorriso aflora-me os lábios porque, de facto, com um pouquinho de sorte podemos mudar o(s) mundo(s).

histórias de Rosa Branca


XIX

O tempo era de espera, como, aliás, vinha acontecendo nas últimas dezenas de anos. Tinha sido uma espera longa, mas nunca desesperada, eles sabiam bem o que poderia acontecer se, por um mero acaso, acontecesse um pequeno deslize, por muito diminuto que fosse.
Por isso, quando sentiram que algo, ou alguém, se vinha aproximando demasiado da entrada que tinham mantido secreta por tantos anos, todos os alertas foram accionados.
Uma manobra de diversão tinha sido, por isso, activada. Aqueles que, de entre os seus, viviam do lado de fora, foram avisados e todas as atenções tinham sido desviadas para outros propósitos.


Jordão olhou nesse momento para baixo e viu Violeta que corria na direcção errada. Abriu então as suas asas e, nesse instante, todos pararam o que estavam a fazer.

(continuará)

Ícones do século XX (47)



embora este tenha invadido o século XXI com uma força imparável...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ary dos Santos - Rua da Saudade

Um grupo de quatro meninas, resolveu recriar alguns dos poemas que José Carlos Ary dos Santos construiu para algumas das mais belas canções dos anos 70.
Gostei particularmente desta, que abaixo podemos ver, na mais simpática voz que integra o projecto.



Já agora, se assim o desejarem, espreitem aqui o original, cantado por Hugo Maia Loureiro no Festival da Canção de 1970, onde conquistou o segundo lugar.

histórias de Rosa Branca


XVIII

Enquanto se dirigia para o café, Violeta apertou contra si o antigo manuscrito que num dia, aparentemente já esquecido, Santiago lhe tinha dado a guardar, dizendo que nunca o mostrasse a ninguém até que o dia chegasse. Hoje, pensou Violeta, é o dia.
E releu-o pela milésima vez:

Debaixo do chão viviam os outros, os que não se atreviam a subir. Aqueles para quem o sol estava interdito. Debaixo do chão construíram a sua vida, a sua cidade, o seu sonho e nunca saiam à superfície, porque na superfície vivia o mal que a todos culpava, que a todos olhava com o seu único olho, feito de fogo e lava, feito de fel e amargura, feito de chuva e ventos.
Na superfície reinava o terror, mesmo que os de cima nunca o vissem, mesmo que os de cima não acreditassem, mesmo que os de cima continuassem cegos perante a dor, perante a tristeza, perante a vida.
Debaixo do chão, apesar da escuridão aparente, as luzes nunca se apagavam e o frio nunca chegava, porque debaixo do chão estavam aqueles que conheciam …


Começou então a correr...

(continuará)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um perfeito fim de tarde


Quando lá fora o frio e a chuva vão anunciando a noite, sabe bem ficar perto da janela, admirando as imagens da cidade que se vão recortando à nossa frente, ao mesmo tempo que o agradável sabor dum café quente nos aquece a alma e amacia a torrada de onde vai pingando a manteiga já derretida.
Um som baixinho sai do pequeno aparelho de rádio, ali mesmo ao lado repousa a leitura guardada para mais daqui a pouco.
Acredito que se desenha assim, o fim de tarde perfeito…

Obrigado Sérgio (VIII)

por isto...

Ciências Ocultas?


Lido hoje no i on-line:

«Figo apanhado nas escutas de Vara e Sócrates
O apoio de Luís Figo a José Sócrates nas últimas legislativas custou 75 mil euros a uma empresa pública, publica hoje o Correio da Manhã (CM).
O ex-futebolista esteve presente num pequeno-almoço no Hotel Altis Belém no último dia da campanha, onde anunciou o seu apoio a Sócrates.(...)»


Por outras razões já lhe chamaram pesetero, agora nisto custa-me a acreditar, parece uma história saida de imaginações peritas em ciências ocultas, daquelas que não dão a cara...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vejamos então...


Tenho estas imagens todas que se vão mexendo à minha frente. Tantos botões, tantos canais, tanto barulho, tanta confusão.
O que vou vendo aqui, vou esquecendo já ali, porque não seguro nada do que me mostram, não retenho um milímetro de palavra, de som, de imaginação.
Se conseguir parar toda esta parafernália, talvez consiga entender o quero daqui. Certamente não a velocidade enganadora que me querem oferecer.
Não.
Vou desligar todos os botões e olhar, para ver, o que realmente interessa.
É aqui que mora o encantamento, a sabedoria, o sonho. O resto, o que está á volta, são apenas imagens mortas, aqui sim, a vida começa.
Vejamos então…

Ícones do século XX (46)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Soon

Retirado do baú das minhas memórias, das minhas mais gratas memórias musicais, um dos mais belos momentos que o chamado rock progressivo nos ofereceu, a parte final de Gates of Delirium, do álbum Relayer, que ficou conhecida como Soon. Aqui numa versão mais velha, cerca de 28 anos, que o original.
Por favor desfrutem:

Destaques da nossa imprensa (pelo menos de alguma)


«Cláudia Vieira vai tomar vacina da gripe A »

Isto é noticia no Correio da Manhã on line.
Isto é noticia???
Mas onde será que esta gente tem a cabeça?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Haverá sempre o Outono

Há quem acredite piamente no Verão.
Há quem acredite infinitamente no amor.
Há quem pense que o destino nos marca as horas e nos leva pela mão.
Mas também há quem consiga contar os dias ao contrário.
Quem consiga sonhar mais longe do que imaginava ser possível.
Há quem perca as esperanças…
Mas também há quem as ganhe de novo.
Senão no Verão, então no Outono que lhe sucede.

O Estado do casamento


Que diabo tenho eu a ver com o facto do João e do Manel gostarem um do outro e quererem casar?
O que me interessa a mim se a Isabel e a Maria desejam contrair matrimónio?
Quero lá saber se o Joaquim e a Luísa querem trocar alianças.
Será que não temos, todos, os mesmos direitos? Será que é o Estado que deve definir o sexo da pessoa com que cada um quer casar?
Não somos todos iguais aos olhos do Direito?
Ou afinal Orwell é que tinha razão e não passamos de porcos.

Uns mais iguais que outros…

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, vai crescendo a água na boca...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Marcelo e as suas escolhas


Até gosto de o ouvir, sabendo de antemão que tem uma agenda pessoal e aquele ego imenso, próprio de quem não admite erros, a não ser os alheios.
Ontem só o ouvi por poucos minutos, mas ainda fui a tempo de assitir à apresentação das novidades editoriais:

«(...)o último livro de Baptista Bastos, interessante como sempre, Elegia para um Caixão Vazio(...)»

Ora, sabendo que este livro foi editado em 1984 pelas extintas edições O Jornal, pergunto-me, será que o Marcelo sabe mesmo do que fala?

Obrigado Sérgio (VII)

por isto...

Ícones do século XX (45)

Só visto

Carvalhal diz: “Os adeptos não podem deixar adormecer o Sporting”
E estes notáveis(?) não perderam tempo



Pelo menos enquanto estiverem a rir não adormecem.

O muro das lamentações


- De que te lamentas tu?
- De nada Senhor.
- Então porque estás aqui?
- Porque busco, apenas.
- E o que buscas tu?
- O caminho que me possa levar para além do muro…

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os heróis que nos acompanham


Então, um dia, tomamos consciência que os heróis da nossa infância também envelhecem. Por isso, quando os cabelos brancos já vão dominando, sorrimos e tal qual uma criança tranquila, adormecemos mais calmos, porque sabemos que, afinal, nunca estivemos sózinhos.

Obrigado Sérgio (VI)

por isto...

Luthien Tinúviel


Haverá alguém que recuse a imortalidade?
Haverá alguém que se perca na voragem dos dias em busca duma finitude que não lhe é própria?
Haverá alguém que troque a visão do fim dos tempos pelo fim certo daqueles que nem o sonham?
Haverá alguém que queira ficar por aqui sabendo que os outros caminhos o podem levar a portos onde o sol nunca se põe?
Haverá alguém disposto a trocar um paraíso, pelo constante sofrimento dos que sabem que o inferno pode estar ao virar de uma qualquer esquina?
Haverá alguém que troque um perpétuo sorriso por uma fugaz, mas intensa, gargalhada?
Haverá alguém que deseje ser apenas gente e não um semi-deus impossível?
Não conheço muitas pessoas assim, aliás só conheci Tinúviel e Arwen que, por amor a algo maior que a vida, se permitiram perdê-la.
Mas estas são personagens que viveram apenas na imaginação de Tolkien, ou então na esperança de alguns de nós…

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

On drums Phil Collins



«Phil Collins (...) declarou ao jornal alemão "Hamburger Abendblatt" que perdeu a sensibilidade nos dedos desde que foi submetido a uma cirurgia a uma vértebra deslocada no pescoço, realizada em Abril deste ano.(...)»

Seria preferível, digo eu, que tivesse sido a voz a ser afectada, já que na bateria ele ainda conseguia fazer umas coisas bastante boas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

9,15 metros


Mesmo antes de tombar, Robert lembrou-se de tudo.
Do bosque onde costumava esconder-se por entres as árvores frondosas. Das caçadas movimentadas que tentava fazer e das quais apenas resultavam nódoas negras e uns pequenos pássaros de que nunca chegou a saber o verdadeiro nome. Das noites iluminadas por uma lua fugidia que lhe punham os nervos em franja, mas também lhe davam motivos para criar as mais assombrosas e fascinantes histórias de que tinha memória.
Lembrou-se de muitos rostos. Daqueles que lhe eram familiares e dos outros de que nunca voltara a ter noticias.
Recordou até palavras que, há muito, julgava esquecidas. Frases inteiras, histórias completas, vidas que o acompanharam.
Mas não conseguiu lembrar-se porque razão ali estava, tombando inapelavelmente, sentido que o chão se aproximava sem fuga e vendo toda a cena como se tratasse apenas de um mero espectador.
Sentia tudo isto no que lhe parecia uma lentidão exasperante, embora fosse, ao mesmo tempo, possibilitadora da vinda de todas as memórias, que, apesar de o assustarem, o maravilhavam também.
Mesmo antes de tombar, Robert olhou o céu e percebeu que uma luz muito brilhante lhe ofuscava, por completo, a visão. Fechou por isso os olhos e deixou-se tombar mais depressa, numa queda infinita.
Quando sentiu finalmente o seu corpo chocar contra o solo, Robert abriu os olhos…
Um barulho ensurdecedor tapou-lhe os ouvidos.
Foi aí que percebeu que tinha conseguido defender o último penalty.

(em memória de Robert Enke)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

E agora Astérix?


Uderzo afirmou há pouco tempo, no decorrer das comemorações do 50º aniversário de Astérix, que já encontrou sucessor para a continuação das aventuras do pequeno gaulês e da sua tribo de irredutíveis gauleses.
Não é caso inédito nos anais da banda desenhada. Séries tão, justificadamente, famosas como Blake e Mortimer ou Spirou, conheceram o mesmo destino.
A mim, como leitor deleitado dessas histórias, dá-me um prazer suplementar que elas continuem para lá dos seus criadores originais. Sempre surgem mais hipóteses de renovadas horas de prazer. No entanto, creio que é inevitável que se perca alguma (ou, por vezes, toda) originalidade e força criativa que, pelo menos por terem sido os primeiros, os criadores das séries imprimiram às mesmas.
Quem me conhece sabe que sou um admirador irredutível de Tintin e, hoje, passados mais de 26 anos sobre a morte de Hergé, dou graças por este autor não ter permitido a continuação das aventuras. Desse modo Tintin tornou-se, como é legítimo e natural, a obra da vida de Hergé e nós, fiéis leitores, permanecemos fiéis por isso mesmo, porque em cada renovada leitura podemos (e conseguimos) descobrir novas maneiras de ler a sua obra, sendo os motivos de prazer sempre crescentes. E depois temos o conforto de conhecer toda a obra e de a poder apreciar na sua plenitude, por quem a imaginou, criou e deu a conhecer.
Fico, por isso, um pouco apreensivo com esta decisão de Uderzo. Se bem que, depois da morte de Goscinny, Astérix se venha tornando apenas numa fraca sombra daquilo que, muito justamente, foi até finais da década de 70.
O que esperar então? Um renascimento ou apenas a continuação deste limbo pseudo criativo.
Esperemos…

Ícones do século XX (43)

domingo, 8 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

histórias de Rosa Branca


XVII

Em Rosa Branca havia quem estivesse convencido que alguns minutos tinham mais que os usuais sessenta segundos. Quem jurasse que algumas semanas ultrapassavam os meros sete dias.
Na verdade nunca ninguém tinha feito prova científica.
No entanto, mesmo sendo verdadeiro, o fenómeno não era evidente, porque, por efeitos tão naturais como o vento que sopra ao contrário, ou a chuva que só cai nas noites de lua nova, havia igualmente quem jurasse que no mês seguinte iriam surgir alguns dias que acabavam antes da meia-noite, ou meses que paravam no dia 29 mesmo sem pertencerem a anos bissextos.
Acontecimentos como este não eram, por isso, objecto de grandes delongas, aliás eram encarados tão naturalmente como a possibilidade de um concidadão abrir asas e voar.
Por isso mesmo, naquela manhã, não era por curiosidade mórbida que a multidão se acotovela na praça principal, olhando avidamente para Jordão Perestrelo. Mas tão-somente porque naquele dia, que não era maior ou menor que os outros, todos acreditavam que Jordão poderia provar aquilo que toda Rosa Branca sabia ser o seu destino.


(continuará)

Berlim e os muros

Estive em Berlim pouco tempo depois do muro ter caido. Vi uma cidade a abrir-se, a escancarar-se perante todos os que dela se abeiravam. Contudo, notei também que vários outros muros se iam erguendo sem que quase ninguém os notasse, ou os quisesse notar. Muros que eram invisíveis a quem por eles passava sem olhar, sem ver, sem perceber que a vida não é apenas feita do aparentemente tangível.
Berlim significa mais que uma cidade que foi murada, que foi dividida pela cegueira dos homens. Berlim pode significar uma espécie de redenção para aqueles que querem acreditar.

Wim Wenders mostrou como,

Obrigado Sérgio (III)

por isto...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

No aniversário do Blitz lembrei-me...

Há 25 anos nascia o Blitz, jornal ao qual me afeiçoei nos primeiros tempos, mas que, aos poucos, foi caindo no desuso das minhas leituras periódicas nem eu sei bem porquê. O facto é que o deixei de comprar e só o lia muito ocasionalmente. Hoje em dia também não sou leitor assíduo da revista que lhe sucedeu, embora lhe reconheça uma qualidade muito aceitável e a folheie, de quando em vez, com agrado evidente.
Mas antes do Blitz, aí sim, era leitor convicto de alguns semanários que se dedicavam a explicar-nos, de alguma forma, a música que se ia fazendo e que nos ia encantando os dias. Primeiro que todos o inesquecível Se7e. Verdade que não era apenas dedicado ao fenómeno musical e por isso era mais completo, muito mais completo, ainda hoje tenho muitas saudades das manhãs de quarta-feira quando ia a correr comprá-lo e o lia de ponta a ponta.

Depois aqueles que tinham como primeira preocupação a difusão das músicas que iam sendo registadas. O jornal Musicalíssimo que era mais leve, mas que tinha uma cobertura apreciável de tudo o que se ia fazendo e melhor ainda a revista Música & Som, essa sim uma boa resposta portuguesa às estrangeiras que de vez em quando aí apareciam, como a Rolling Stone, a Inrockuptibles, ou a New Musical Express.
Desses tempos guardo o prazer da leitura que associava à audição e à fruição entusiasmada das histórias que giravam à volta das bandas e dos cantores.
Hoje vou ouvindo mais que lendo, até porque, depois destes anos todos, conclui que as histórias daqueles que fazem as músicas interessam muito menos do que aquilo que nos dão a ouvir.

Pelos cabelos


E agora, se mudar de penteado, talvez consiga arranjar algum clube de jeito!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dolce Vita



Será assim que se deseja uma vida doce?

Hide in my shell...

Todos nós temos conchas às quais nos vamos afeiçoando com maior ou menor prazer, com mais ou menos vontade. Se bem que haja quem quase não as note, por andar muito entretido com a sua própria prosápia e tentativa de se evidenciar perante os outros, há também quem nela se refugie amiúde e com vontade nenhuma de lá sair. Podem ser conchas duras, impenetráveis, daquelas que chegam a ser à prova de fogo, ou então só aparentemente isso.
Também eu tenho concha. Anda sempre comigo. Às vezes mal se vê, ou pelo menos assim julgo. De outras é tão enorme que dificilmente passa despercebida. Serve-me para ficar comigo mesmo, para me ir percebendo, para, até, fugir daquilo que me atormenta, ou então para me ajudar a derrubar alguns dos muros que teimam em atravessar-se no caminho.
Sei que preciso dela, sei que nunca a hei-de deixar fugir, tornou-se uma boa companheira e, na verdade, nunca me faltou, nunca me desiludiu, embora, reconheça, às vezes me apareça abruptamente.
E não, não me julgo crustáceo por cauda disso, aliás, esta concha é tão moldável que raras são as pessoas que já a viram, embora algumas dela desconfiem.
No fundo mais não é que um esconderijo, onde gosto de me resguardar e, se possível, apreciar alguns momentos bons e reconfortantes, algumas memórias queridas como, por exemplo, a desta música tão a propósito…

terça-feira, 3 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009