segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Senhor dos Anéis


Para que o dia fique mais fantástico, apetece-me falar do Senhor dos Anéis. Aqui vai:

Falar sobre JRRTolkien e a sua obra O Senhor dos Anéis é, ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil porque o gosto e o prazer que tal situação oferece é imenso. Difícil porque os inúmeros textos que já foram escritos sobre este autor fazem-nos temer que qualquer proposta de texto que se pense corre o risco de já ter sido feita.
De qualquer forma e tomando como pedra de toque a primeira das situações atrás referidas, vamos tentar elaborar um pequeno texto que consiga transmitir a sedução que as obras de JRRT nos sugerem, juntando-lhe alguns outros dados que permitam fornecer mais luzes sobre essas razões, que tanto podem ser biográficos, como relativos aos recentes filmes produzidos, como até outros que se sintam propícios ao desenrolar do texto.

Depois do ponto prévio que atrás se alinhavou, partamos então nesta aventura que é contar porque uma obra de ficção nos proporciona tanto prazer e vontade de saber mais.
A primeira razão de todas é exactamente o prazer que se retira da leitura, deixar a mente vaguear, andar à solta nessas maravilhosas paisagens da Terra Média, imaginar e conseguir visualizar a beleza natural do Shire e das suas gentes, ou a magnificência de Rivendell, a obscuridade e o temor que as Minas de Mória nos transmitem e depois o maravilhamento etéreo de Lórien e dos seus Elfos, com a suprema presença de Galadriel.
Mas por outros lugares nos passa igualmente a imaginação, em Rohan, em Isengard, em Gondor e o medo que nos invade à medida que nos vamos aproximando da porta negra de Mordor.
É da imensidão das mais de 1000 páginas escritas desta história, que saem personagens maravilhosas, belas, companheiras, atemorizantes, enigmáticas que nos vão acompanhando, ou nós a elas, por todos esses caminhos, com toda uma envolvência que transforma todo o ambiente à nossa volta, tornando-o tão avassalador que não é possível pensar em mais nada, tal é a absorção que nos é transmitida por aquelas imagens escritas.
E se não há, verdadeiramente, descrições pormenorizadas de coisas horrendas, é-nos, por outro lado, transmitido um temor, um medo sobrenatural, que consegue ultrapassar as páginas do livro e enredar-se à nossa volta de uma forma quase palpável. Podemos assim recordar-nos da perseguição dos cavaleiros negros, mas também da presença atemorizante e imensa do Balrog de Mória; dos orcs que vão surgindo tentando atacar-nos, ou da voz enfeitiçadora de Saruman, da viscosidade enorme de Shelob e acima de tudo daquele olho sem pálpebra que percorre toda a Terra à nossa procura, desde Mordor, a terra maldita, onde tudo tem que acabar.
Mas também é verdade que nunca nos sentimos completamente sózinhos. Os nossos companheiros, embora falíveis, embora sentindo medos, embora vacilando aqui e ali, transmitem-nos confiança e força e também poder, pelo menos aquele poder da vontade, do querer.
Com os “pequeninos”, mas fundamentais, sem dúvida os mais importantes para um final “feliz”. Falamos de Frodo, Sam, Merry e Pippin, os Hobbits. Mas falamos também dos que os acompanham na longa, dura e perigosa viagem. Desde o princípio, mesmo que por vezes não esteja presente fisicamente, Gandalf o Cinzento (mais tarde o Branco), o feiticeiro, o Istari, o “semi-deus”, em cujos ombros recai, talvez, a sabedoria, a experiência e a última palavra, aquele que não poderá ter dúvidas, mas que não está, no entanto, completamente livre das mesmas.
Mas também de homens se faz esta história, de homens bons e nobres e de outros também, dos duvidosos, dos infiéis, até de traidores.
Na primeira hora Aragorn – Strider (o Passo de Gigante), o rei sem trono, o rei que regressará, o mais nobre entre os nobres; depois Boromir, o homem corajoso, cheio de dúvidas e muito ambicioso que só verá a verdade na última das horas e seu irmão Faramir, que embora tenha igualmente muitas dúvidas é bem mais perspicaz, compreendendo a missão como um bem em si, revelando menos ambição imediata, mas uma lucidez mais “longa”.
Também as outras “raças livres” se representam na irmandade do anel, os anões por Gimli, filho de Glóin e os Elfos por Legolas. Estes são os nove que formam a já referida Irmandade do Anel, que seguirá a sua demanda de destruir o Um, por oposição aos nove “espectros do anel”, servos preferidos de Sauron, os Naz-Gûl, antigos reis dos Homens, a quem Sauron “ofereceu” os nove anéis destinados a esta “raça”, e a quem dominou.Mas a Terra Média é vasta, um continente imenso onde coabitam estes e outros seres, todos eles fantásticos, todos eles enigmáticos, todos eles vivos e actuantes, num mundo de papel, mas real, muito real.

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