quarta-feira, 6 de maio de 2009

Os Girassóis Cegos


Muitas vezes os despojos das guerras são mais frios, cruéis e dolorosos que todas as batalhas. Permanecem como ferros em brasa espetados nas memórias e levam a desesperos que se julgavam ultrapassados.
São bofetadas ininterruptas numa calmaria que, afinal, não sucedeu ao caos.
São histórias de quem não conseguiu sobreviver à morte que se anunciava mas que nunca chegou.
Nas páginas destas quatro histórias não há tiros no campo de batalha, não há disparos de obuses, nem explosões de corpos retalhados.
Mas há derrotados, há apenas derrotados! Porque todos o são. Todos aqueles que guerreiam sem saber porquê, todos aqueles que batalham por convicções e ideias, mas que na hora final não sabem o que ganharam e sentem, sempre, o que perderam.
É um livro desassombrado, que nos fere, que nos magoa sem piedade, porque também é assim a história dos derrotados.
É um livro assombroso porque nos mostra a verdadeira dimensão daqueles que, mesmo sem o saberem, fazem a história do mundo, porque esta está plena de dores invisíveis, dores recalcadas, caladas, mas que não desaparecem nunca. No entanto, apesar de toda a dureza, que por vezes nos obriga a parar a leitura para recuperar forças, não deixa, igualmente, de nos dar a grandeza da dimensão humana que, de alguma forma, nos permite alimentar a esperança…

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