terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma certa Lisboa


Tenho saudades de uma certa Lisboa…
Duma Lisboa que, verdadeiramente nunca vi, mas que intuo nalgumas das suas ruelas e travessas, que revejo, sem ver, em muitas das suas avenidas e praças, que pressinto nas suas pessoas e casas.
Tenho saudades dos cheiros das manhãs muito cedo, quando o sol se começava a espreguiçar, correndo as ruelas mais escondidas, enchendo-as de luzes várias. Dos pequenos-almoços que começavam a sair dos cafés e pastelarias onde os primeiros madrugadores iam entrando.
Tenho saudades das noites do início do Verão, quando o aroma da sardinha assada se atrevia a percorrer os becos e desaguava nas maiores avenidas, deixando no ar momentos certos de uma Lisboa que se queria popular.
Tenho saudades de um cosmopolitismo único e diferente, onde o aparentemente igual, se ia desfazendo numa panóplia rica e colorida só possível nesta cidade.
Tenho saudades de ver o Tejo brilhando por entre as árvores que campeavam os caminhos, em fins de tarde de Outono, quando o cobre ia atapetando o chão por onde se passeavam aqueles que não tinham horas para chegar.
Tenho saudades desta cidade sem tempo, num espaço único que, se calhar, nunca foi seu, mas que imagino assim, de cada vez que ainda consigo percorrer-lhe as ruas, mesmo aquelas que só vão existindo na minha imaginação…

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