segunda-feira, 20 de abril de 2009

A vara do fonâmbulo


«O escritor norte-americano Paul Theroux defendeu que os escritores "não são pessoas equilibradas", numa intervenção realizada no IV Encontro de Literatura em Viagem, que decorre até terça-feira em Matosinhos. (…) "as pessoas que são normais, equilibradas, não sentem a necessidade de escrever: são felizes".»

Quem escreve não pode ser feliz? Ou quem é feliz não pode escrever?
Aceito e até concordo que uma ponta de insanidade, de loucura, de paranóia até, possam ser necessárias para se criar a dose certa de genialidade.
A normalidade não permite o golpe de asa que torna o trivial em especial, em algo que ultrapasse a mediania.
Também acredito que a falta de equilíbrio oferece algo mais que uma dor profunda e uma tristeza permanente e que, nesse sentido, a escrita pode ser, exactamente, o ponto de equilíbrio que os desequilibrados procuram para se encontrarem. Para encontrarem a tal felicidade que, aparentemente, só os normais possuem.
Digamos que, a capacidade e necessidade de escrever, funcionam como a vara do fonâmbulo e quando aquilo que se escreve sai do fundo da alma, então já se pode deitar a vara fora e correr o resto do caminho apenas apoiado na força do querer, não do querer ser normal, mas, pelo menos, do querer ser feliz…

1 comentário:

anita disse...

Não podia estar mais de acordo contigo...!

Quem escreve também pode ser "equilibrado"... e feliz.