sábado, 18 de abril de 2009

Da(s) igualdade(s)


Por principio devemos tratar todos como iguais, mas, na verdade, não somos todos iguais e graças por assim ser. Detestava ser igual a certas pessoas que conheço, aliás, detestava ser igual à maior parte das pessoas que conheço.
Prezo a minha individualidade, a minha espécie de liberdade, a minha identidade. E tal como não desejo ninguém à minha imagem, também não quero ser o espelho de ninguém. No entanto devemos ser encarados todos por igual, pois tal como Orwell estipulou, não deve haver uns mais iguais que outros. Contudo, essa igualdade deve apenas ser aceite enquanto for fraterna para com a liberdade de sermos diferentes.

3 comentários:

Rui disse...

Boa Noite, Pan
Ainda na primeira hora do meu 45º ano, ando a navegar os poucos Blogues que tenho nos Favoritos. A maior parte(como o Modus Vivendi) centrada na Poesia, que é alimento. Como me apetece comentar esta afirmação da individualidade fraterna, envio-te um texto escrito numa altura em que quis sublinhar alguma diferença, e que gosto de revisitar, de quando em vez. Espero que não consideres o longo "comentário" despropositado, neste teu espaço.Um abraço, e que não se te acabe o pavio. Aqui vai:

Declaro que

Tudo em ti é citação
de talentosos autores
de rematados estupores
de gente vulgar
- e dos teus amores.
Podias ter o nome de um mosaico
de um Puzzle de cinco mil
de uma faixa em vinil
- ou de um mapa antigo
Podias ter o nome do inventor
da gravura de um campo de batalha
Farias pincéis
farias punhais
e serias um actor inspirado
- nesse palco.
Podias ter ainda
um dos nomes de Rainer Maria Rilke
cuja obra ainda não leste.
Cujo nome tão bem
- e com tanto cuidado
- decoraste.
Podias ser o assobio
a estrofe
ou o refrão - e o romper inesperado de um solo desmedido
na voz rouca
e cheia de arestas
do Bob Dylan.
Podias ser Tom Waits a comandar um assalto à casa dos licores
- com um jarro de sangria em cada mão.
Poderias figurar também por inerência - se quisesses
no coro dos bem intencionados rapazes
da Santo Amaro dos escritores
dos poetas
dos Bocages
que sempre pisaste.

Se pudesses escolher serias
Cavaleiro aguerrido
num livro de Milo Manara
com a participação do Corto Maltese
- e belas nádegas.
Terias que ser ainda (é verdade)
Coluna do Record devorada às escondidas
E a página cento e tal do Sexus e Henry Miller
Nas casas de banho da tua idade
madura
Gostarias de ser um dia
(para não envergonhar tão orgulhoso arquivo)
capa de jornal esgotada
em 15ª edição
por motivos nobres.
E é assim que tudo em ti
é citação.
De talentosos autores.
De rematados estupores.
De gente vulgar…
… e dos teus amores.
Que não se te acabe
- o pavio.

Pan disse...

Então muitos parabéns Rui, que o teu pavio não conheça fim! E muito obrigado pela partilha da tua escrita!

Rui disse...

Foi um prazer, Pan
Continuarei a visitar e a ler os textos que partilhas nesta Terra do Nunca. E obrigado pelo voto, que fica registado - "contra os oiratas, marchar, marchar", e Viva o Glorioso!