segunda-feira, 27 de abril de 2009
O Leitor
Será o carrasco o único responsável pelos seus actos? Normalmente conotamos a palavra carrasco com alguém que não pode possuir sentimentos nobres, solidários, bons.
E se não for assim?
E se um carrasco o for por não saber outros caminhos? Será que conseguimos, podemos, queremos, perdoar os seus actos?
Será o carrasco incapaz de amar? Seremos incapazes de amar um carrasco?
Se o conseguirmos ler, se lhe conseguirmos ler a vida, o belo, poderemos abrir nele alguma luz, poderemos torná-lo menos feio?
E para quem não consegue viver sem o seu carrasco, como é? Ficará eternamente preso a essa figura, a essa memória, à sensação de perda irrecuperável, ou conseguirá redimir-se, a si e ao carrasco, quando este, mesmo sem o expressar, se torna no único elo de ligação com alguma coisa parecida com a vida, com a beleza, com o amor.
Triste e bela, ao mesmo tempo, é a história que podemos ver em O Leitor, um filme admirável sobre verdades inconfessáveis, sobre os obscuros meandros da mente humana, na sua constante luta para perceber que aquilo que nos dá não é linear, nem absolutamente límpido, nem tem que ser assim. O amor é, muitas vezes, o caminho mais difícil de percorrer e nem sempre o seu final é o mais esperado. Nem sempre é permitido, aos seus protagonistas, viverem felizes para sempre, mas, por outro lado, é possível que morram felizes para sempre!
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