segunda-feira, 30 de março de 2009
Alecrim
Descer a rua devagar, olhando os prédios, antigos, que lhe compõem as margens. Reparar naquelas janelas em forma de olhos, olhos cegos, escuros, onde já houve vida, mas onde, agora, só existem vidros partidos, esquecidos.
Tropeçar, ao de leve, numa pedra da calçada também ela esquecida dos melhores dias que já viveu.
Assobiar uma melodia melancólica, escura mas feliz, dum contentamento ilusório, como no fundo são todos, mas que faz com que aquela rua, escura, antiga, abandonada, se torne num momento de fugaz alegria.
Até que, fechando os olhos, assoma uma leve brisa que anuncia o rio, com o seu cheiro característico, com o seu som inconfundível.
A noite está serena…
À esquerda fica a rua onde esperam às portas. Vão entrando devagar, cadenciando cada passo ao som que, fugidio, lhes é soprado do interior.
Ao entrar, a música inunda todos os sentidos. Aquela música actual, vibrante, que no próximo segundo se transforma na mesma música de há vinte anos atrás. Assim se confundem tempos, se mascaram idades, se revivem memórias. Assim se recompõem quereres…
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