sexta-feira, 6 de março de 2009
A verdade nos livros
No Público:
«Inquérito do World Book Day
Mentiras e livros: dois terços das pessoas dizem que leram o que não leram
Uma sondagem levada a cabo pelo site britânico World Book Day revelou que dois terços dos inquiridos já mentiram sobre livros que leram, sendo o 1984 de George Orwell (42 por cento) e o Guerra e Paz de Leo Tolstoi (31 por cento), seguido do Ulisses de James Joyce (25 por cento), aqueles que mais pessoas tinham dito que leram sem ser verdade.
A razão da mentira, na maior parte dos casos, era simples: impressionar o interlocutor.(…)»
Já li, há muito tempo, o 1984. Nunca li Guerra e Paz. Já comecei a ler o Ulisses, na tradução brasileira da Difel, mas não acabei.
Creio que há, de facto, uma necessidade, cada vez mais evidente, de as pessoas parecerem aquilo que não são. De se mostrarem como algo que nunca chegarão a ser. De se tornarem, ainda mais, falsas, artificiais, ocas!
Ler, conhecer as letras, saber as palavras, usufruir desse prazer, é uma coisa única.
Eu nunca mentiria sobre um livro, sobretudo porque me estaria a mentir e, pior ainda, estaria a mentir ao livro, aquele que, no fundo, me poderá salvar de ficar imerso apenas neste mundo em que a mentira grassa de forma abjecta e repugnante, apenas para servir como mola de arranque para vidas que se transformam em futilidades.
Eu gosto de ler, eu quero ler, eu quero saber ler para além das letras e perceber que a leitura me oferece a possibilidade, única, de crescer e ser alguém que nunca seria se, simplesmente, mentisse acerca daquilo que ainda não li.
E agora acho que vou acabar de ler o Ulisses!
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