sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Vamos ao Star?
Mais um fim de semana à vista, mais uma volta pela Lisboa que vai desaparecendo sem contemplações.
Aqui ficavam as mais confortáveis cadeiras dos cinemas lisboetas. Era esta umas das salas mais simpáticas dos cinemas que já não existem!
Bom fim de semana!
As Aventuras do Magalhães
No Público on-line:
«Sócrates promove Magalhães na Cimeira Ibero-Americana
Durante mais de cinco minutos Sócrates apresentou o Magalhães como sendo "o primeiro grande computador ibero-americano" dizendo mesmo que é uma "espécie de Tintim: para ser usado desde os sete aos 77 anos".»
É verdade que Tintin foi um dos grandes Globetrotters da História. É igualmente certo que Magalhães foi o primeiro a tentá-lo. E não me parece que nenhum dos dois tenha tido necessidade de um computador para o fazer.
De qualquer forma, é sempre positivo associar esta ferramenta informática ao nome de um dos grandes ícones aventureiros do século XX. Até porque a distribuição, efectiva, do equipamento, parece estar mesmo a ser uma grande aventura, sem fim à vista!
Ainda brilham!
Lembro-me perfeitamente de ir ao Caleidoscópio, ali no jardim do Campo Grande, lá pelos finais de 70, assistir a este grande êxito da altura. Estávamos ainda em “ressaca” do Saturday Night Fever! A Travoltamania estava no auge!
Grease era muito engraçado, divertido, bem disposto e com uma banda sonora que se ouvia, ainda hoje se ouve, com muito agrado! E a Olívia ia também muito bem!
Inevitavelmente os anos passam, mas, esperançadamente, o gozo pode continuar a ser o mesmo! Talvez mais devagarinho…
Heróis de Papel (27)
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Sousa Tavares e o Rio dos Contentores
Nas notícias:
«Miguel Sousa Tavares ameaçado por estivadores
Miguel Sousa Tavares foi ameaçado e insultado à chegada à Câmara de Lisboa, onde era esperado por cerca de 200 estivadores. O escritor e jornalista, opositor do projecto de ampliação da doca de Alcântara, teve de abandonar o local sob escolta policial.(...)»
Por momentos pensei que os estivadores detestassem a TVI, não quisessem trabalhar no Rio das Flores, ou até fossem todos do Benfica!
Mas não, afinal a razão era mais bem mais prosaica! Ou não!
Da absoluta relatividade
Heróis de Papel (26)
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
A verdadeira livraria
Nos tempos que correm, há já muito tempo, tudo se vende, tudo se compra. Aparentemente não há limites, mesmo para aquelas coisas que nunca pensamos ser passíveis de trocas pecuniárias!
Nesta desenfreada rendição ao deus cifrão, há alguns objectos que deviam merecer mais respeito, digamos mais seriedade, maior culto, porque são, sem dúvida, objectos de culto. Falo dos livros.
Os processos editoriais, como quaisquer outros sedentos de lucro, não olham a meios para publicar, para publicar de tudo, como se escrever e ler não fossem, como são, actividades maiores. Qualquer cara conhecida do público é incitada a escrever, mesmo que não saiba, como acontece amiúde, juntar duas palavras com sentido. A sua figura na capa de um livro é sucesso de vendas garantido. Ora isso vem rebaixar não só a arte da escrita, como a arte da leitura e até a nobre arte de ser livreiro. Daqueles que se apegam aos livros, daqueles para quem a venda de um livro se reveste de um acto quase litúrgico. Para isso existiam verdadeiras livrarias e não meros armazéns de aglomerados de páginas escritas, como agora se verifica. Para isso quem vendia os livros sabia do que se tratava, sabia como cuidar, quer de quem escrevia, quer de quem procurava, nesses templos, o saber como via para completar a sua curiosidade natural e a sua sede de conhecimento. A verdadeira livraria pulsava com a vida que guardava dentro dos livros que oferecia. A verdadeira livraria chegava a guardar os livros para que só fossem vendidos a quem os merecesse. Hoje a tristeza invade os sítios onde se vendem livros por atacado, tal como grassa na alma daqueles que ainda consideram os livros como dotados de alma própria e não como meio de afirmar pessoas que nem sequer sabem ler!
Heróis de Papel (25)
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Música e letra
“A letra da canção é o que julgamos entender, mas o que nos faz acreditar nela é sempre a música”
Sempre achei que uma canção era esta mistura, inevitável, entre as palavras e os sons! Sempre acreditei que as melhores canções seriam aquelas que conseguissem unir, na perfeição, as tonalidades da música, com as promessas ditas e cantadas.
Sempre confiei que uma canção só poderia ser brilhante quando, ao soar das notas, se juntasse uma superior conjugação de palavras nunca antes ditas.
Mas, ao ler a frase que iniciou estas linhas, julguei compreender uma nova realidade. Uma realidade que, afinal, sempre tinha pressentido, intuído, experimentado quase sem dar por isso. A de que o que nos faz acreditar, verdadeiramente, numa canção é a música! Porque, mesmo havendo palavras que serão sempre bonitas ou sublime quando ditas, ou lidas, no silêncio, se lhes juntarmos os sons exactos, conseguimos perceber que a sua força interior, a verdadeira força da canção nasce aí. É a música que nos vai tocar nos sentidos mais profundamente adormecidos, é ela que nos estremece e faz arrepiar. É ela que nos descobre quando estamos escondidos, é ela que nos desperta quando estamos adormecidos. A palavra, assim ouvida, fará outro sentido. Aliás, são tantas as vezes que dou por mim a retirar algumas das palavras originais de canções e dar-lhes o sentido que eu próprio crio (não raras vezes tão distante daquilo que o autor das palavras quereria dizer) que para mim, ouvinte, passa a ser essa a definitiva forma daquela canção! Deixo-me assim levar por aquelas notas musicais coloridas que me permitem identificar uma canção e saber que, independentemente daquilo que o seu autor me quis mostrar com as suas palavras, eu já interiorizei, já me deixei vencer, já me enriqueci, pelo simples soar de uns acordes que me fazem acreditar na sua beleza!
O Jogo do Anjo
Há mais de ano e meio escrevi aqui sobre uma espécie de revelação. Uma descoberta, um mistério, uma nova visão. Tudo dentro de um livro.
Uma nova forma de ler, um reaprender a leitura. A infinita durabilidade de uma leveza que, apesar disso, nos esmaga, nos torna mínimos, ínfimos perante tanta grandeza. Tudo isso dentro de um livro.
“ (…) e cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se mais forte. (…)”
E foi assim que me senti, outra vez! Voltei a percebê-lo! Noutro livro! Afinal é possível haver mais que um livro assim!
“ (…) todos os volumes que vês à tua frente têm alma. A alma de quem os escreveu, a alma daqueles que os leram e viveram e sonharam com eles. (…)”
Outro livro que é duro, cru, violento até, mas torna-nos mais resistentes. Bate-nos até nos deixar quase inconscientes, abana-nos até quase ao desconforto, faz-nos parar por não aguentarmos mais e depois dá-nos de novo a mão e leva-nos com ele, aprisionados, sem o conseguir largar, mantém-nos sem respirar quase até ao sufoco e, por fim, liberta-nos, dá-nos a felicidade merecida, recompensadora, como que nos obriga a agradecer!
E agradecemos! Agradecemos por ter sido escrito, por nos ter deixado lê-lo, por nos ter agitado assim. Por existir!
Estes livros, que nos falam de um cemitério de livros esquecidos, estarão sempre connosco, porque, uma vez lidos, não mais os esquecemos. Sentimo-nos gratos por termos percorrido todas aquelas palavras que em nós ficaram marcadas como se fossem ferros em brasa, oferecendo-nos uma recompensa única e fundamental. A de nos tornarmos mais ricos, maiores! A de nos redescobrimos, a de nos terem ensinado a sonhar outra vez, a de voarmos naquelas asas que só uma imaginação única nos pode dar. Só por os termos lido e por termos garantida a certeza que irão ficar connosco para sempre!
“Este lugar é um mistério! Um santuário!”
Heróis de Papel (24)
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
O passeio público
Não sei quantas mil pessoas foram, durante este fim-de-semana, para a Avenida da Liberdade ver carros a queimarem combustível, a ultrapassarem os decibéis permitidos e a tornarem mais poluída uma das mais poluídas avenidas europeias!
Nesta cidade que temos, com os dias luminosos que o Sol nos ofereceu, deviam era ter mandado fechar a Avenida para as pessoas ali passearem à vontade! Sem ruídos, sem poluições, sem bulícios citadinos!
E pensar que naquele mesma zona já existiu o Passeio Público!!!
In the backseat
A sede de protagonismo que grassa, de forma quase lunática, na nossa sociedade é uma coisa que me deixa abismado. Todos querem, ou pelo menos gostavam, de ser capa de revista, de aparecer na televisão, de estender os tão apregoados 5 minutos de fama, por uma interminável exposição pública que lhes desse, a qualquer preço, um lugar cativo sob as luzes da ribalta. São pessoas que gostam de se ver ao espelho, que gostam de ser contempladas, admiradas, mesmo que não haja nada para admirar (e a maior parte das vezes não há mesmo!)
São poucos aqueles que se quedam pelo chamado low profile, que se contentam em olhar os outros para melhor se perceberem a si próprios e o mundo que os rodeia. São raros os que querem aprender mais e melhor, para mais e melhor conseguirem serem maiores! Por isso vemos tanta inutilidade à solta, tantas figuras emergentes serem queimadas à velocidade de um fósforo a consumir-se a si próprio! Têm uma tão grande voragem, que não deixam espaço para mais do que para um auto fagismo inconsequente e logo desprovido de um sentido minimamente inteligente.
Parece-me que muitos daqueles que se deixam, aparentemente, ficar na sombra, no banco de trás, saberão melhor aquilo que a vida terá de bom para lhes oferecer, aprenderão melhor o que é viver, admirarão melhor as paisagens que lhes surgem pela frente e aproveitarão o tempo para aprender o seu sentido.
Como, por exemplo, é possível fazer ouvindo a música e as palavras dos Arcade Fire:
“I like the peace
in the backseat,
I don't have to drive,
I don't have to speak,
I can watch the country side,
and I can fall asleep.
(….)
I've been learning to drive.
My whole life,
I've been learning.”
Heróis de Papel (23)
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Bom fim de semana!
Estamos a chegar ao fim da semana. De repente apeteceu-me passar por aqui, por este sitio onde passei tantas horas de tantos fins de semana!
Tenho, sem dúvida, muitas saudades de uma certa Lisboa que nos tem vindo a abandonar!
Bom fim de semana!
Coitado do senhor!
Segundo o Diário Económico de ontem:
«(…) seis presidentes de câmara têm o mandato em risco e 39 vereadores das principais autarquias do país estão numa situação de incumprimento por não terem actualizado a declarações de rendimentos junto do Tribunal Constitucional.Entre os presidentes de câmara(…) está o social-democrata Francisco Moita Flores (Santarém). Ao Diário Económico, Francisco Moita Flores diz desconhecer a obrigatoriedade de renovação anual da declaração de rendimentos: “Sou confrontado pela primeira vez com essa questão” e “amanhã mesmo vou tratar disso”»
Coitado do senhor, só lhe arranjam chatices!!
Então não sabem que o Francisco tem que comentar na SIC, dar aulas não sei bem onde, escrever telenovelas, séries e livros e ainda tem que pensar em todas as solicitações que lhe fazem, para além daquelas que lhe advêm do facto de ser presidente de câmara??!!!
Dêem-lhe paz e sossego, por favor! Agora só faltava mais esta coisa de ter que cumprir obrigações legais junto dos tribunais!
Coitado do senhor presidente, comentador, escritor, ex-policia e eu sei lá que mais!
«(…) seis presidentes de câmara têm o mandato em risco e 39 vereadores das principais autarquias do país estão numa situação de incumprimento por não terem actualizado a declarações de rendimentos junto do Tribunal Constitucional.Entre os presidentes de câmara(…) está o social-democrata Francisco Moita Flores (Santarém). Ao Diário Económico, Francisco Moita Flores diz desconhecer a obrigatoriedade de renovação anual da declaração de rendimentos: “Sou confrontado pela primeira vez com essa questão” e “amanhã mesmo vou tratar disso”»
Coitado do senhor, só lhe arranjam chatices!!
Então não sabem que o Francisco tem que comentar na SIC, dar aulas não sei bem onde, escrever telenovelas, séries e livros e ainda tem que pensar em todas as solicitações que lhe fazem, para além daquelas que lhe advêm do facto de ser presidente de câmara??!!!
Dêem-lhe paz e sossego, por favor! Agora só faltava mais esta coisa de ter que cumprir obrigações legais junto dos tribunais!
Coitado do senhor presidente, comentador, escritor, ex-policia e eu sei lá que mais!
Apagar memórias?!
No DN de hoje:
«'Pílula do esquecimento' apaga as más memórias
(…)Um grupo internacional de investigadores apagou, de forma selectiva, memórias do cérebro de ratos, através da manipulação de uma molécula. Nos humanos, a técnica é mais complexa, mas espera-se que, no futuro, alguns medos e recordações traumáticas possam ser apagados
Apagar memórias de forma selectiva é agora possível.(...)»
E porque não apagar a consciência, eliminar os escrúpulos, destruir os medos, abater a emoção, expulsar as vivências, dinamitar as experiências, desfazer as vontades, afastar os sonhos, aniquilar a vida?
Porque, no fundo, é tudo isso que se pode prever a partir desta novidade! Ao cortarmos partes de nós, estamos a desaparecer lentamente e para isso não são necessárias pílulas, basta que deixemos o tempo correr!
Heróis de Papel (22)
O prazer e o best-seller
«(...)Temos supostamente grandes autores, mas ninguém os consegue ler, são intragáveis. Mas como ninguém os pode culpar, porque são tão bons que ai daquele que os criticar, a culpa é sempre dos leitores. Grande parte dos escritores portugueses gosta de uma escrita experimental, mas a generalidade dos leitores detesta-a. Creio que foram justamente esses leitores que eu fui buscar.(...)
Os meus romances são muito meus. Não conheço nenhum autor que escreva os romances como eu os escrevo.(...)
Sinto-me à vontade com qualquer género, o que importa é que eu e o leitor tenhamos prazer.(...)» (sublinhados meus)
Estes são excertos de uma entrevista que José Rodrigues dos Santos concedeu ao DN, a propósito do lançamento do seu último livro.
Eu, que até já li três livros deste senhor, e sou apenas um mero e simples leitor, confesso que o prazer que tive ao lê-los, foi diminuindo à medida que o fazia! De um codex com algumas esperançosas expectativas, passei a uma fórmula que me deixou muitas dúvidas e a um selo que me causou desconforto, talvez porque a experimentação ali tentada tenha sido tão desastrada que não deixou nenhum espaço para uma réstia de prazer.
Creio que ainda ninguém explicou ao senhor pivot, que o conceito de best-seller não é equivalente ao de qualidade! Creio que ninguém lhe conseguiu dizer que, pelo facto de aparecer quase todas as noites a debitar noticias, não lhe dá estatuto de verdadeiro escritor! Ao contrário de outros!!
É óbvio que lhe dou (e quem sou eu para lhe dar alguma coisa!) alguma admiração por ter capacidade para escrever e publicar, mas sendo leitor assíduo de muitas leituras e gostando de ter prazer nessa actividade, também lhe gostava de dizer que com as suas letras não consigo, embora ainda tente, obter mais que uma gritante impotência que resulta, se calhar, de uma incapacidade (minha) em gerir um arrazoado de bazófias de quem, no mínimo, deveria gostar de ser mais que um mero vendedor de livros por atacado!
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A persistência da memória
Antes que a memória nos falte, devemos guardar tudo o que nos faz ir mais além, ou simplesmente tudo o que nos faz ficar melhor connosco próprios. Devemos ser capazes de rever aquilo que nos trouxe até aqui, sem medos, sem recuos, sem mágoas, sem feridas por sarar. Devemos poder abrir o nosso baú e ver que nele se guardam os momentos marcantes e até aqueles que se resumem a cheiros, sons e simples hiatos de tempo, mas que nos ajudaram a crescer, a saber e a conhecer. Aprenderemos assim, que a vida é apenas uma sucessão de tempos que nos ajudam a percorrê-la fazendo sentido, mesmo que, a esse, só o venhamos a conhecer no seu limite!
No fundo e tal como diz Carlos Záfon no seu Jogo do Anjo: não se aprende nada de importante na vida; apenas se recorda!
Schtroumpfando
A realidade enganada
«É impossível sobreviver num estado prolongado de realidade (…)» (Carlos Ruiz Zafon no Jogo do Anjo)
É doloroso estarmos sempre presentes. É insuportável o sufoco que nos aperta quando não temos possibilidade, ou capacidade, ou vontade de sair do quotidiano que nos cerca e nos faz correr atrás dos dias, sem reparar que a vida nos desaparece por entre os dedos.
A realidade engana-nos tantas vezes, que nem damos conta da sua malícia, das suas máscaras, das suas garras aguçadas, prontas a prenderem-nos subtil mas eficazmente.
É por isso necessário que nos deixemos assomar pelo sonho, nos deixemos tomar pela fantasia. É fundamental tornear a realidade e fazê-la vacilar, conseguir que se confunda, dar-lhe, a ela própria, a possibilidade de viver de uma outra forma, ajudá-la no fundo, para que, calmamente, possamos, com um sorriso nos lábios, dizer-lhe:
Não te inquietes, estás apenas enganada!
Heróis de Papel (21)
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Dias úteis
«Dias úteis
às vezes pretextos fúteis
pra encontrar felicidades
no percurso de um só dia
(…)
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis(...)»
Sabedoria condensada nas palavras duma canção que, certamente, nos ajuda (e muito) a tornar o dia mais raro, mais alegre, mais útil!
Heróis de Papel (20)
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Entalanços!
Das efemérides:
«Em 1147, D. Afonso Henriques, ajudado por cruzados que se dirigiam para a Terra Santa, enceta um cerco ao Castelo de Lisboa, com o intuito de conquistar esta fortificação aos mouros. Durante uma das investidas, concretizada a 21 de Outubro de 1147, teria existido um tal Martim Moniz que se deixou entalar numa das portas do castelo para permitir a entrada dos sitiantes. Os historiadores não podem comprovar a existência real desta personagem em virtude de não haver qualquer documento da época que a ela faça referência. Citam-na, no entanto, como figura lendária da história de Portugal.»
A verdade é que, 861 anos depois, continuamos entalados por portas várias que não nos deixam respirar à vontade!
A magia dos brinquedos
No JN:
«Museu do Brinquedo mostra como notáveis se divertiam em criança
(…)A nova exposição, patente até 28 de Fevereiro de 2009, constrói-se com um mundo de curiosidades e de pequenos objectos, alguns insignificantes a um olhar menos atento mas que, em determinado período de tempo, tiveram uma importância fundamental na vida dos seus donos.
(…) Ana Arbués Moreira apenas lamenta "três grandes ausentes" que, por mais que procurassem um brinquedo da sua infância, pelas mais variadas razões não o conseguriam encontrar. Entre essas personalidades ausentes estão José Saramago, Manoel de Oliveira e Paula Rego. (…) Apesar destas ausências os visitantes vão surpreender-se com a caixa "Meccano" que fez a alegria da infância do professor Marcelo Rebelo de Sousa, os quatro carrinhos e o primeiro livro do "TinTim, pertencentes ao actual presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, o singelo pião do nosso medalhado maratonista olímpico Carlos Lopes, a viola que alegrou os dias do escritor José Luís Peixoto, o gatinho de peluche da nossa também medalhada olímpica Vanessa Fernandes, o palhaço da meninice do premiado fadista Carlos do Carmo ou o tricilo de Fernando Seara, o actual presidente da Câmara Municipal de Sintra.»
Acho que todas as iniciativas que tenham como objectivo revelar a magia da infância, dar-nos conta de momentos únicos, devolver-nos o sabor, nostalgicamente doce, dos tempos passados, são de louvar. Assim me parece ser esta nova exposição que o Museu do Brinquedo de Sintra leva a efeito.
No entanto, tenho dúvidas se a eficácia expositiva em concreto, não ficaria melhor servida se, em vez dos brinquedos escolhidos, tivessem sido expostos os brinquedos do Manuel, do António, do José, da Maria, da Inês ou da Isabel.
Eu até percebo a escolha feita, sobretudo o seu poder mediático, mas não julgo que a exposição, ela própria, ganhe muito com isso. O anonimato das peças em exposição decerto lhe traria mais riqueza em termos da qualidade do acervo. Até porque e tendo em conta alguns dos notáveis seleccionados, não me parece que os mesmos, pelo menos a julgar pelas suas constantes intervenções públicas, se lembre da magia, da riqueza e da necessária fantasia, que a infância transporta consigo e que, em última análise, devemos trazer constantemente para as nossas acções quotidianas!
Já agora, deixem-me dizer-lhes que gosto muito deste museu!
Heróis de Papel (19)
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
O Major Jaime Eduardo de Cook e Alvega
Li-o muitas vezes quando era miúdo. Delirava com as suas aventuras nos céus da Europa quando, aos comandos dum Spitfire ia derrotando os Stukas ou outras máquinas voadoras que eram dirigidas pelos maus, aqui encarnados pela Luftwaffe ao serviço dos nazis.
Tinha um orgulho especial por ser um herói inglês mas de origem portuguesa. Jaime Eduardo de Cook e Alvega, o célebre Major Alvega, graças a quem os aliados davam umas valentes surras nos alemães, fazendo com que a vitória na 2ª Guerra Mundial estivesse sempre mais perto. Li-o sobretudo nas edições do Falcão e guardava religiosamente cada número que contava estas histórias de aventura e coragem protagonizadas pelo Major luso-britânico. Só mais tarde descobri que afinal, na sua origem, Alvega não se chamava assim, era na verdade Battler Britton e não era luso-britânico, mas apenas britânico. No entanto para mim e agora que já se festejaram os seus cinquenta anos, Alvega representará sempre a ponta de lança portuguesa que ajudou, com a sua coragem e valentia, a pôr fim ao pesadelo nazi!
Mamma Mia
Ainda me lembro bem de ter acompanhado aquele festival eurovisão da canção de 1974, que foi ganho por uma canção de nome Waterloo. Canção de que gostei no imediato momento em que a ouvi. Um grupo de 4 elementos, com umas vestimentas algo bizarras, embora dentro da moda musical da altura, começou, desde então, a fazer furor no mundo da música. Os ABBA tornaram-se um fenómeno a nível mundial, coleccionando êxito atrás de êxito e tornando-se mesmo a face mais conhecida da Suécia! A mim, apesar daquele gosto pela sua música de lançamento, raramente me agradaram. Virado para outro tipo de musicalidades, as baladas delicodoces dos ABBA não me aqueciam nem arrefeciam, aliás, muitas delas até me faziam fugir a sete pés!
No entanto, depois de se terem separado e depois de muitos anos sem os ouvir, cada vez que, inadvertidamente, me deparava com uma música oriunda dos ABBA, parava para a ouvir com atenção e então, talvez por efeito de algum sentimento nostálgico, ou outra coisa qualquer, gostava do que ouvia e comecei a achar que o grupo, afinal de contas, até tinha feito algumas coisas com muita piada! Sem me tornar um fã acérrimo, tornei-me numa espécie de defensor daquilo que os ABBA nos trouxeram. No fundo, entretenimento e boa disposição acompanhados por melodias simpáticas e bastante audíveis.
Ontem comprovei isso tudo! Vi o filme Mamma Mia e foram cerca de duas horas muito bem passadas, ao som de algumas das músicas que, afinal, marcaram as gerações dos últimos trinta anos! Ontem confirmei isso mesmo!
E já agora confirmei uma outra coisa, da qual não tinha dúvida alguma, Meryl Streep continua a ser ENORME!!!
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Alegria no trabalho!
No JN de hoje:
«Louvar o Magalhães a cantar
Professores criaram músicas a louvar o Magalhães e cantaram durante as acções de formação. Um professor, indignado, filmou e mostrou o que se passou durante as sessões.(...)
Entre os vídeos das acções de formação que estão disponíveis na Internet podem-se observar plateias inteiras a bater palmas e a dançar ao som da música "Esta Vida de Marinheiro", enquanto no ecrã gigante passam imagens alusivas ao Magalhães.
Num outro vídeo, cinco professores, auto intitulados "Sweet water sailors" (Marinheiros de água doce), estão sentados nos degraus de uma escada, com um Magalhães no colo e simulam estar a remar ao mesmo tempo que cantam: "Aqui vem o Magalhães/ Um PC de encantar/ Para o menino e para a menina / Não é para a mãe brincar//Não é para a mãe brincar/O Magalhães é para ficar / Já não há volta a dar / O Magalhães veio para ficar", ao som da música "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso.»
Quer dizer, o Ministério arranja-lhes estas formações cheias de animação e divertimento, dá-lhes hipótese de cantarem e dançarem durante o horário de trabalho, promove-lhes a criatividade e eles, tão injustamente ingratos, já falam em novas greves!!! Não há pachorra para esta classe de aspirantes a mestres-escola!
Já agora e os professores/formandos que filmaram a coisa e a puseram a circular na Net, também vão ser castigados?
«Louvar o Magalhães a cantar
Professores criaram músicas a louvar o Magalhães e cantaram durante as acções de formação. Um professor, indignado, filmou e mostrou o que se passou durante as sessões.(...)
Entre os vídeos das acções de formação que estão disponíveis na Internet podem-se observar plateias inteiras a bater palmas e a dançar ao som da música "Esta Vida de Marinheiro", enquanto no ecrã gigante passam imagens alusivas ao Magalhães.
Num outro vídeo, cinco professores, auto intitulados "Sweet water sailors" (Marinheiros de água doce), estão sentados nos degraus de uma escada, com um Magalhães no colo e simulam estar a remar ao mesmo tempo que cantam: "Aqui vem o Magalhães/ Um PC de encantar/ Para o menino e para a menina / Não é para a mãe brincar//Não é para a mãe brincar/O Magalhães é para ficar / Já não há volta a dar / O Magalhães veio para ficar", ao som da música "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso.»
Quer dizer, o Ministério arranja-lhes estas formações cheias de animação e divertimento, dá-lhes hipótese de cantarem e dançarem durante o horário de trabalho, promove-lhes a criatividade e eles, tão injustamente ingratos, já falam em novas greves!!! Não há pachorra para esta classe de aspirantes a mestres-escola!
Já agora e os professores/formandos que filmaram a coisa e a puseram a circular na Net, também vão ser castigados?
Os livros de verdade
No futuro, que já está aí, os livros, tal como os conhecemos, irão provavelmente desaparecer. Os e-book vão, calma e sorrateiramente, aparecendo. Um aparelhómetro electrónico, com as dimensões aproximadas de um livro verdadeiro, vai poder conter dentro de si muitos livros, quem sabe colecções inteiras, vai poder disponibilizar muitos ilusionismo tecnológicos, coisas interactivas que, dizem-nos, podem até estimular a leitura, a interacção da leitura com modelos avançados do crescente poderio informático, dando aos novos leitores hipóteses de fazer movimentar aquilo que estão a ler. Se calhar, digo eu, até conseguem pôr as letras a dançar, pôr as palavras fora do lugar, fazer jogos de escondidas com os leitores e sei lá quantas mais manigâncias.
Serão mais ecológicos, não utilizam papel, não criam pó, não cheiram a mofo… não têm, creio eu, vida!
Porque os livros em papel, por terem muitos cheiros, por terem muitas cores, por sofrerem muitos toques,por serem imperfeitos, por terem muito pó, por nos conseguirem sorrir e fazer sonhar, são como que outra vidas que temos nas nossas mãos, não são meras caixas tecnológicas vazias de emoção que se ligam e desligam com a pressão de um botão!
Um livro verdadeiro está sempre aberto, está sempre ligado, está sempre vivo! Tal como um ser vivo, ganha pó, ganha cheiro, respira e transmite vida, não é só um ecrã que se acende e apaga.
No futuro, que já está aí, os livros, tal como os conhecemos, não irão, provavelmente, desaparecer, porque, por muita tecnologia que se invente e ponha a circular, as pessoas serão sempre pessoas e os livros são feitos por e para elas! Com tintas e emoções de papel! Verdadeiras!
Subscrever:
Mensagens (Atom)