segunda-feira, 27 de outubro de 2008

In the backseat


A sede de protagonismo que grassa, de forma quase lunática, na nossa sociedade é uma coisa que me deixa abismado. Todos querem, ou pelo menos gostavam, de ser capa de revista, de aparecer na televisão, de estender os tão apregoados 5 minutos de fama, por uma interminável exposição pública que lhes desse, a qualquer preço, um lugar cativo sob as luzes da ribalta. São pessoas que gostam de se ver ao espelho, que gostam de ser contempladas, admiradas, mesmo que não haja nada para admirar (e a maior parte das vezes não há mesmo!)
São poucos aqueles que se quedam pelo chamado low profile, que se contentam em olhar os outros para melhor se perceberem a si próprios e o mundo que os rodeia. São raros os que querem aprender mais e melhor, para mais e melhor conseguirem serem maiores! Por isso vemos tanta inutilidade à solta, tantas figuras emergentes serem queimadas à velocidade de um fósforo a consumir-se a si próprio! Têm uma tão grande voragem, que não deixam espaço para mais do que para um auto fagismo inconsequente e logo desprovido de um sentido minimamente inteligente.
Parece-me que muitos daqueles que se deixam, aparentemente, ficar na sombra, no banco de trás, saberão melhor aquilo que a vida terá de bom para lhes oferecer, aprenderão melhor o que é viver, admirarão melhor as paisagens que lhes surgem pela frente e aproveitarão o tempo para aprender o seu sentido.
Como, por exemplo, é possível fazer ouvindo a música e as palavras dos Arcade Fire:

“I like the peace
in the backseat,
I don't have to drive,
I don't have to speak,
I can watch the country side,
and I can fall asleep.

(….)
I've been learning to drive.
My whole life,
I've been learning.”

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