terça-feira, 28 de outubro de 2008
Música e letra
“A letra da canção é o que julgamos entender, mas o que nos faz acreditar nela é sempre a música”
Sempre achei que uma canção era esta mistura, inevitável, entre as palavras e os sons! Sempre acreditei que as melhores canções seriam aquelas que conseguissem unir, na perfeição, as tonalidades da música, com as promessas ditas e cantadas.
Sempre confiei que uma canção só poderia ser brilhante quando, ao soar das notas, se juntasse uma superior conjugação de palavras nunca antes ditas.
Mas, ao ler a frase que iniciou estas linhas, julguei compreender uma nova realidade. Uma realidade que, afinal, sempre tinha pressentido, intuído, experimentado quase sem dar por isso. A de que o que nos faz acreditar, verdadeiramente, numa canção é a música! Porque, mesmo havendo palavras que serão sempre bonitas ou sublime quando ditas, ou lidas, no silêncio, se lhes juntarmos os sons exactos, conseguimos perceber que a sua força interior, a verdadeira força da canção nasce aí. É a música que nos vai tocar nos sentidos mais profundamente adormecidos, é ela que nos estremece e faz arrepiar. É ela que nos descobre quando estamos escondidos, é ela que nos desperta quando estamos adormecidos. A palavra, assim ouvida, fará outro sentido. Aliás, são tantas as vezes que dou por mim a retirar algumas das palavras originais de canções e dar-lhes o sentido que eu próprio crio (não raras vezes tão distante daquilo que o autor das palavras quereria dizer) que para mim, ouvinte, passa a ser essa a definitiva forma daquela canção! Deixo-me assim levar por aquelas notas musicais coloridas que me permitem identificar uma canção e saber que, independentemente daquilo que o seu autor me quis mostrar com as suas palavras, eu já interiorizei, já me deixei vencer, já me enriqueci, pelo simples soar de uns acordes que me fazem acreditar na sua beleza!
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