quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A realidade enganada


«É impossível sobreviver num estado prolongado de realidade (…)» (Carlos Ruiz Zafon no Jogo do Anjo)

É doloroso estarmos sempre presentes. É insuportável o sufoco que nos aperta quando não temos possibilidade, ou capacidade, ou vontade de sair do quotidiano que nos cerca e nos faz correr atrás dos dias, sem reparar que a vida nos desaparece por entre os dedos.
A realidade engana-nos tantas vezes, que nem damos conta da sua malícia, das suas máscaras, das suas garras aguçadas, prontas a prenderem-nos subtil mas eficazmente.
É por isso necessário que nos deixemos assomar pelo sonho, nos deixemos tomar pela fantasia. É fundamental tornear a realidade e fazê-la vacilar, conseguir que se confunda, dar-lhe, a ela própria, a possibilidade de viver de uma outra forma, ajudá-la no fundo, para que, calmamente, possamos, com um sorriso nos lábios, dizer-lhe:
Não te inquietes, estás apenas enganada!

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