quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A propósito de Eluana


Ashes to ashes, dust to dust…
No fundo tudo se pode resumir a isso.
As cinzas a que estamos destinados.
O pó em que nos vamos desfazendo.
O que transportamos connosco, sem nos darmos conta. Um dia a menos que nos vai pesando, uma partícula nossa que vai desaparecendo no embalo de uma leve brisa.
O que ficará depois? Depois de todo o vento passar?
Uma memória concreta? Uma lembrança fugaz? Um lento segundo que teima em ficar pendurado numa fotografia sorridente?
Uma letra que perdurará numa página amarelada, cheirando a mofo?
Decerto um nome que irá desaparecer, que irá ser lembrado como um antepassado remoto, até que, enfim, o pó já mais não for que uma reminiscência fossilizada.
No entanto, enquanto o caminho nos der para ir caminhando, e o caderno nos for aberto para nele ir escrevendo, não devemos hesitar, porque é na possibilidade de escolha entre o sim e o não que reside, no fundo, toda a razão do ser!
A vida serve para ser vivida na sua plenitude!

«Eluana Englaro, a italiana que se encontrava em estado vegetativo persistente desde 1992, quando sofreu um acidente de automóvel, morreu ontem à noite.(…)
O pai de Eluana, Beppino Englaro, que durante anos lutou nos tribunais italianos e europeus para que este dia chegasse, pediu aos jornalistas que o deixem em paz a partir de agora. "Não quero dizer nada. Quero estar sozinho", disse Beppino que (…) estava visivelmente comovido.»
(DN - 10.02.2009)

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