sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Podia ser assim a vida...


...e chegados à cena final cedemos. Deixamo-las sair em catadupa, em enxurrada interminável, em inundação imparável. Libertamo-las, como nos libertamos a nós das amarras que nos seguravam, das forças que nos tinham amparado.
Chegados aqui tornamo-nos vulneráveis, pequenos perante a enormidade que temos pela frente e abrimos a alma que nos mantinha, falsamente, duros e impenetráveis.
Ficamos mais puros, mais indefesos, mais próximos de nós mesmos.
Nada mais está à nossa volta, nada mais importa.
Sentimo-nos lavados, limpos, desarmados, conseguimos até sentir, sentir só...
Sós, perante o belo, perante a inocência que desarma, esperando que o tempo pare aqui, que a vida se suspenda.
Nestes instantes finais, ficamos de bem com a vida, recompensados por termos aqui chegado. O próximo instante não interessa, nada mais há para além disto. Chegados a esta cena final, por aqui ficamos... neste paraíso, mesmo que seja irreal, mesmo que seja aparente, mesmo que seja só um paraíso de faz de conta, só um cinema paraíso!
Mas, afinal, podia ser assim a vida... no (seu) final!

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