quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cars and girls



Umas das coisas que sempre admirei em Paddy McAloon e nos seus Prefab Sprout, para além da música soberba que compunham, era a desmistificação de uma série de clichés comuns a muitos rockers, que passavam por ser transversais nas "preocupações" e ambições dos jovens (e menos jovens) que os ouviam e idolatravam. Sobretudo os provenientes dos U.S.A..
O chamado rock'n'roll tem, quase por norma, a obrigação em falar de temas a que, aparentemente, os seus ouvintes atribuem uma importância vital. Ele são os amores mais ou menos falhados, a alta velocidade das vivências actuais, o desencanto perante a vida e, sobretudo, perante as gerações mais velhas; é um nunca acabar de rebeldias, muitas vezes de mera pacotilha! É, por isso, verdade indesmentível, que estes senhores (e senhoras) se consideram quase como deuses, como verdadeiros guias de gerações que os seguem numa via, a mais das vezes, sem saída. São os rebeldes sem causa definida. São aqueles para quem a vida se explica e é motivada pelos poucos minutos de uma canção que, normalmente, não lhes trará mais nada a não ser uma satisfação ilusória. Mas, como com orgulho dizem, it's only rock'n'roll and I like it!
Mas também há outro tipo de músicos e autores de canções, aqueles, como McAloon, que se entretêm a si próprios e a nós, seus fiéis ouvintes, a brincar com essa "seriedade" musical e geracional e nos mostram, de forma irónica, sorridente e genial, que na música, tal como na vida, há coisas muito mais importantes, divertidas e compensadoras que, simplesmente, cars and girls!

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