terça-feira, 6 de novembro de 2007

Manias (musicais)


Confesso que me faz uma certa confusão a velocidade surpreendente com que os suportes musicais se vão alterando. Ou seja, ainda mal saí do vinil e os cds já estão ultrapassados!!!
Fiz toda a minha juventude de ouvinte atento das últimas novidades musicais através, sobretudo, da rádio, dos discos de vinil e, um pouco menos, das cassetes que alguns amigos me emprestavam; nunca gostei de gravar as músicas dos álbuns ou dos singles, aliás sempre que gostava de alguma música, ou músicas, preferia comprar o LP onde estas estavam inseridas. Também nunca fui muito adepto do conceito de single. Sempre achei que os longa duração é que interessavam, ali se podia ver e ouvir a verdadeira essência das músicas, inseridas num universo mais vasto do que aqueles poucos minutos que durava o single e que estava, cria eu, completamente desajustado de enquadramento e contextualização musical e mesmo temática. Creio que isto se deveu, muito, ao gosto que cultivava junto do chamado rock progressivo, pioneiro dos chamados concept albuns, onde as músicas só faziam sentido se ouvidas no conjunto para o qual tinham sido criadas, ou seja, o próprio álbum. Depois, mesmo gostando das novas tendências musicais que foram surgindo ao longo dos anos, sempre tive este gosto (quase necessidade) de só ouvir os álbuns e nunca descontextualizar as músicas ligando apenas aos singles. Com os cds, aos quais aderi muito mais tarde que a maioria das outras pessoas, o conceito de single, creio, perdeu-se um pouco. Eu, por mim, estava à vontade, demorei a aderir ao cd, mas quando aderi fi-lo com a mesma vontade do LP. O disco era mais pequeno, mas continuava a haver o longa duração; podíamos, na mesma, possuir o disco completo, continuava a ser possível ter discos com capas, com letras, com fotos ou desenhos, com identidade!
Hoje, parace que está tudo a mudar outra vez. A internet, os iPods e a grande quantidade de sítios onde pudemos ir buscar músicas, todas as músicas, independentes umas das outras, revolucionou, mais uma vez os conceitos de que falava atrás. Hoje, o novo single ganha em toda a linha. Vamos ao iTunes e escolhemos 30 mil músicas de 30 mil autores, misturamo-las todas no nosso leitor mp3 e fazemos os nossos discos. É democrático, é! Mas não é bonito! As músicas perdem identidade, contexto, forma, ficam avulsas na nossa memória, já não fazem parte de um todo, já não as associamos a um disco, a uma capa, a ocasiões especiais. É pena!
Eu ainda não aderi ao iPod. Mais cedo ou mais tarde lá chegarei, é inevitável, mas acho, por agora, que não vou encher o meu leitor de canções desgarradas. Acho que copiarei álbuns inteiros de uma penada e acho ainda que irei copiar os discos que já tenho, até porque tenho uma mania estranha, também acho que todas as músicas de que gosto e gostarei a sério, já foram inventadas e já as tenho comigo! Manias!

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