quarta-feira, 9 de abril de 2008

Onde andam os ardinas?


No tempo do lápis azul havia muitos jornais. O Diário de Noticias, o de Lisboa, o Popular, a Capital, a República, o Século, o Jornal de Noticias, o 1º de Janeiro, o Comércio do Porto, entre vários outros. A leitura de jornais era um hábito, bom direi eu, que mantinha, mais ou menos, informados os cidadãos deste país sobre os acontecimentos dignos de registo, muitas vezes segundo a voz do dono e algumas outras tentando tornear os riscos azuis dos coronéis. Depois de Abril de 74 alguns desapareceram, muitos outros surgiram, lembro-me assim de repente do Jornal Novo, do Dia, da Luta, da Tarde, do Portugal Hoje. Surgiram até jornais temáticos como o saudoso Sete. Nos semanários havia já o Expresso, a que se juntaram o Semanário, o Diabo, o Tempo e o Independente. E nos desportivos os trissemanários a Bola, Record e Mundo Desportivo. Nos chamados femininos imperava a Crónica Feminina e havia também alguma escrita cor de rosa, como a Gente. E revistas como a Flama, o Século Ilustrado ou a Plateia.
Ou seja, sem ter sido exaustivo,constato que havia leituras para todos os gostos, mas havia sobretudo jornais que eram bem escritos e melhor lidos, num país onde o analfabetismo era muito elevado.
Hoje há mais pessoas a saberem ler, mas o analfabetismo funcional é muito mais elevado. Para além dos resistentes Noticias (o Jornal e o Diário) temos, só, o Correio da Manhã, o Público, o 24 Horas; o Sol nos semanários, a Visão e a Sábado nas revistas de informação geral e o Jogo nos desportivos (diários!).
Enquanto que as revistas cor de rosa são agora inumeráveis.
O que devemos concluir?
Deixámos de saber ler? Deixámos de saber escrever? Ou, simplesmente, deixámos de pensar?

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