segunda-feira, 28 de abril de 2008

A cantiga (também) é uma arma...


Para ele tudo será sinónimo de inquietação. Uma inquietação de nervoso miudinho, que não lhe dá sossego, que o mantém activo, que não lhe traz descanso, como, decerto, é próprio de uma verdadeira inquietação.
É um homem que admiro, não por ser coerente, não sou daqueles que crêem ser a coerência um valor intrinsecamente positivo. Um assassino coerente, continuará sempre a matar! Alguém que consiga evoluir nos seus pensamentos e acções será, com certeza, mais perfeitamente coerente com um projecto de vida mais sólido.
Admiro-o pela sua raiva incontida, pelas palavras duras e certeiras, pela música quase ríspida, incomodativa, que nos vai fazendo ouvir. Pela sua postura de cenho franzido, de cara fechada que, no entanto, se ilumina com a força das suas razões.
Parece-me que é um desassossegado, também um desassombrado, alguém que não acalentará muita esperança, mas que não perde, nunca, os seus objectivos.
Fez da cantiga uma arma, da inquietação um modo de vida. Veio de longe, de muito longe e sabe que o caminho é longo, muito longo e, tenho cá uma impressão que, apesar de tudo, a força não lhe irá faltar.

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