quarta-feira, 23 de abril de 2008

consistência dos sonhos


Chama-se consistência dos sonhos, é uma exposição que evoca Saramago. Parece que lhe trata da escrita e da vida, pontuada com fotografias, documentos inéditos ou já conhecidos, momentos de criação solitária ou de consagração (quase) ecuménica.
Mostra-nos, provavelmente, uma iconografia vaidosa, ou valiosa, de uma das mais aclamadas mãos literárias.
Chama-se consistência dos sonhos, deverá evocar uma vida que, inevitavelmente, se vai aproximando do fim. Parece que não é uma homenagem, parece que é, tão só, uma mostra de sítios, memórias, imagens, papeis, símbolos, ideias que um escritor foi coleccionando através dos seus tempos.
Chama-se consistência dos sonhos, vai mostrar-nos a nós, simples mortais, como se constrói a imortalidade, como se consegue ultrapassar a mais comum lei da física, como se transformam as letras e a suas formas palavrosas, em instantes de sabedoria, em lúcidos momentos de êxtase, em harmonias vivas e actuantes.
Chama-se consistência dos sonhos e celebra igualmente o prémio mais apetecido, o único conquistado pela nossa língua. Um prémio que vale o que valerá, mas que vale muito!
Chama-se consistência dos sonhos e cria-nos uma nova forma de nos alegrarmos com uma obra incomum, de nos voltarmos a lembrar de livros que nos acompanham, de continuar a esperar por outros novos.
Chama-se consistência dos sonhos e fala-nos de alguém que pensa por si, que diz o que pensa, que foi quem foi, que polemizou, que errou, que se baixou e levantou, que nos irritou e alegrou, fala-nos de um homem afinal, mas sobretudo de uma escrita, que fica, que ficará, que importa ler e reler, compreendê-la é também compreender o seu autor e saber, afinal, porque valeu a pena gostar dela e, porventura, dele.
Chama-se consistência dos sonhos e está a parecer-me que os sonhos consistentes são exactamente aqueles que não precisam de consistência terrena, aqueles que verdadeiramente deixamos voar à boleia de um vento bonançoso, qual Passarola Voadora!

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