terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ignorâncias


A ignorância é, a maior parte das vezes, a mãe de juízos de valor negativos. E, se vier acompanhada do seu parente diz que disse, então ainda pior se torna. Pela ignorância não ganhamos nada, a não ser uma maior ignorância tantas vezes mascarada de unanimidade, ou de maioria qualificada, que nos torna, ou pode tornar, membros de um rebanho de meros cordeirinhos obedientes ao establishement vigente junto da chamada opinião pública, ela que, em muitos casos, mais não é que um eco de muitas vozes que teimam em gritar as suas certezas ignorantes! E de tanto serem gritadas, aos sete ventos, tomam-se de ares pseudo-verdadeiros e são aceites sem contestação, sem verificação, sem dúvidas, certas na sua santa ignorância!
Vem isto a propósito, também, da obra de um cineasta português de nome Manoel de Oliveira, tantas e tantas vezes maltratado na sua própria terra por aqueles que, julgando-se arautos do gosto geral, lhe maldizem o trabalho, lhe denigrem a obra. Eu não sou um grande apreciador dos seus filmes, falta-me, talvez, alguma da sensibilidade necessária para apreciar a amplitude da sua obra, todas as nuances que lhe percorrem o celulóide, mas, de qualquer forma, admiro-o! Admiro-o pela sua tenacidade, pela sua capacidade de estar sempre em movimento, de se encantar pelos filmes, por aquilo que faz e nos teima em mostrar e também por hoje fazer 99 anos e continuar cheio de projectos para o futuro, combatendo a ignorância.
É necessário haver, sempre, pessoas como ele, que nos façam ter consciência de que os ignorantes, por muito que nos afirmem o contrário, nunca serão os mais felizes!

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