terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Diferenças


Há poucos anos foi lançada uma campanha cujo objectivo seria,em sentido lato, o atenuar das diferenças entre os povos. Todos diferentes - Todos iguais, assim lhe chamaram. Palavra de ordem principal: a tolerância. Conceito, que por si só parece generoso, mas implica igualmente uma noção de sobranceria dos que se julgam superiores perante os outros, julgados não tão "perfeitos". Não tem de haver tolerância quando se fala, ou pretende falar, de igualdade. Havendo igualdade não há lugar à tolerância, mas sim ao respeito pelas diferenças que cada um comporta.
Sejamos então todos iguais, mas também todos diferentes, quando falamos de cor da pele, de etnia, de opções ideológicas, filosóficas, politicas, de sexualidade, clubísticas, de capacidades intelectuais e físicas, respeitemo-nos uns aos outros! Politicamente é muito correcta esta acepção, muito assertiva também, todos poderemos dormir mais descansados se pensarmos assim, mesmo que na prática continuemos cheios de preconceitos mentais e, pior que tudo, activos e actuantes, mesmo sem nos darmos conta.
Contudo o maior preconceito e também, talvez, o mais aparentemente invisível, é aquele que nos faz não olhar para as diferenças que cada um de nós possui. Ou seja, na verdade todos nós somos diferentes, todos nós somos um e só um, a individualidade é um bem que cada um tem em si e que deve acarinhar, porque assim ressalva a sua personalidade e identidade perante o mundo. O facto é que todos os dias julgamos o nosso semelhante, muitas das vezes com sentimentos mesquinhos que nos minimizam enquanto julgadores e sobretudo enquanto pessoas.
Por aí é que devemos marcar a diferença, evitando juízos de valor que não se justificam de modo nenhum, acabar com intrigas e mesquinhices que nos tornam, agora sim, intolerantes e, diria mesmo mais, pouco dignos.
Deixemos que a vida possa correr, lesta e segura, acreditando nas nossa diferenças e tomando consciência que só assim podemos garantir uma maior justiça nas relações pessoais, uma maior capacidade para sorrir, um caminho mais seguro para uma possível felicidade.
Sejamos todos iguais nas diferenças que, felizmente, nos marcam!

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