quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Paraíso já não é uma livraria!


Ficamos sempre mais pobres quando desaparecem lugares cuja principal função, ou objectivo, era a de nos proporcionar momentos agradáveis, dar-nos a possibilidade de vaguearmos pelos seus caminhos, olhar em volta e ver alguns dos nossos amigos, permitir que conhecêssemos outros, abrir-nos portas e janelas para mundos novos, para vivências mais luminosas, para atitudes, no mínimo, mais louváveis.
Ficamos sempre um pouco mais sós e mais tristes quando lugares como esses nos fogem, deixando-nos mais sozinhos, abandonados, sem alternativa à feroz fúria de outros lugares, que nos querem apenas prender com as suas consumistas garras cegas.
Triste é, por isso, saber que a maioria dos nossos conterrâneos prefere comprar livros juntamente com cebolas. Admirar as lombadas e as capas ao mesmo tempo que escolhem os melhores legumes. É sempre amargo saber que a maioria das pessoas não quer, ou simplesmente não sabe, olhar para os livros nos seus verdadeiros lugares. É sempre desconsolador saber que os espaços do saber, do recreio, das letras, da cultura, não servem para enriquecer essas pessoas que se passeiam vazias por outros lugares, julgando-se preenchidas.
A Byblos desapareceu hoje! Era só uma livraria, uma das maiores em Portugal, um sonho megalómano talvez, mas um sonho que merecia viver, porque nos queria ajudar a sonhar também.
Lisboa fica assim um pouco mais triste hoje e a maioria das pessoas nem se apercebe disso. É essa a maior tristeza!

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