quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Blindness
Por tudo aquilo a que vimos assistindo em todo o mundo; crises financeiras, fomes, assassínios em massa, guerras intermináveis, dor, medo, repressão, mortes sem justificação, o futuro surge-nos com uma carga de escuridão muito intensa.
Escuridão ou então luz em demasia, em tão larga escala que chega a cegar, com tal dimensão que nos enche os olhos de uma espécie de pasta leitosa, de uma cegueira branca, como tão bem nos contou Saramago no seu ensaio sobre a dita!
Pode ter sido uma alegoria, uma previsão, uma simples fantasia, mas que nos alerta, nos toca e nos comove, lá isso é verdade!
Estreia hoje em Portugal a sua versão em cinema, feita por Fernando Meirelles com o beneplácito do escritor. Ainda não a vi, mas mantenho muito viva a ideia com que fiquei depois de ter lido este livro, que, a par do Memorial e da Jangada, são os que verdadeiramente destaco de entre toda a obra de Saramago que já li (e faltam-me ler poucos).
Normalmente, prefiro a linguagem escrita às suas versões animadas, porque aquela nos permite, aos leitores, criar as nossas próprias imagens, idealizar as nossas visões, reescrever, no fundo, a nossa própria versão.
No entanto, reconheço que a imagem em movimento, devido sobretudo a essa capacidade, nos pode ajudar a criar sentimentos, senão maiores, pelo menos mais imediatamente vincados.
No mínimo, faço votos para que este filme consiga fazer jus à excelência da história de Saramago. Nos permita visualizar aquela intensa e obsessiva branquidão que só os cegos conseguem (pre)ver. E, quem sabe, nos ajude a abrir de novo os olhos para que o mundo possa vir a ser mais colorido!
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