sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Felizmente ainda há muitos chapéus!!!
Estreou há exactamente 75 anos aquele que foi o primeiro filme sonoro inteiramente produzido no nosso país. O filme que inaugurou a comédia cinematográfica portuguesa, que tão bem ficou patenteada nos anos seguintes em filmes como O Leão da Estrela, O Pátio das Cantigas, O Pai Tirano, O Grande Elias, O Costa do Castelo ou A Menina da Rádio, para citar só alguns.
A Canção de Lisboa, realizada pelo arquitecto Cottinelli Telmo, contou igualmente com o trabalho de outros vultos imortais das nossas artes, Chianca de Garcia, Carlos Botelho José Gomes Ferreira e Almada Negreiros, foram alguns desses nomes.
Para o êxito de público, a receita astronómica serviu para financiar grande parte dos Estúdios da Tóbis, muito contribuíram o fabuloso leque de actores que nele participaram. Vasco Santana, Beatriz Costa, António Silva foram cabeças de cartaz num filme que, curiosamente, contou com Manoel de Oliveira no papel de Carlos, o melhor amigo do protagonista Vasco Leitão.
Várias foram as cenas e as frases delas retiradas que fizeram, e continuam a fazer, furor. Por exemplo quando o falso veterinário Vasco pede ao elefante para dizer 33 333, por ser muito grande, em vez do simples 33 da praxe! Ou quando, no seu exame final, o mesmo Vasco, expressa cabalmente a sua sabedoria: “ele até sabe o que é o mastoideu”!!! Ou ainda quando Alice, com a terna complacência de seu pai, canta, com uma frescura hilariantemente desafinada, A Agulha e o Dedal! Ou ainda quando o alfaiate Caetano faz as contas à herança das tias do Vasco nas costas da prova do seu cliente!
São momentos como estes que nos fazem crer que, apesar de algum cinzentismo que grassava na época pela nossa terra, era possível ser criativo, era possível saber como sorrir e fazer sorrir os outros. Naquela altura, tal como hoje, chapéus há muitos e decerto seremos mais felizes se os soubermos, e conseguirmos, escolher!
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