quarta-feira, 5 de novembro de 2008

(manu)Escrever


Actualmente escrevo muitas vezes, a maioria para ser sincero, batendo nas teclas acopladas a um monitor, fazendo com que as letras que vou juntando, as palavras que vou alinhavando, apareçam directas e escorreitas num folha de papel virtual que o computador me vai mostrando. Faço-o porque é mais prático, faço-o porque é mais rápido. Não o faço por gosto, não o faço por convicção, não o faço alegremente!
Continuo a preferir, e acho que vou continuar sempre, a verdadeira folha de papel, a verdadeira caneta, a delicadeza do aparo a deslizar pela brancura duma folha inteira. Continuo a deliciar-me com o preenchimento dessa folha, com o surgir de pequenos traços e riscos negros que vão formando as ideias e dando consistência a saberes, dúvidas, alegrias e ideias soltas, que se vão juntando e unindo, formando a beleza única que transporta consigo uma folha manuscrita.
Gosto de ver a caneta dançar, desenhar. Gosto de sentir a ruga tintada soltar-se do bico e passar inteira para o papel. Gosto de ver as letras desenhadas, gosto de saber que foram feitas por mãos dotadas de inteligência e não por meros sistemas alfa numéricos que, no fundo, não compreendem a essência daquilo que escrevem. Gosto de saber que as palavras tem alma própria, que são escritas com vontade, com força e certeza.
Sou adepto da escrita verdadeira. Muito daquilo que aqui vou escrevendo, rascunho-o primeiro no papel, risco e emendo no papel, volto a escrevê-lo no papel, até que o passo para o teclado. Sou um amigo do bloco de anotações, sou um moleskineano. Ficaria mais contente se pudesse alimentar este espaço com posts de papel. Ficaria mais realizado se pudesse distribui-lo em envelopes de papel.
Mas como (ainda) tal não é possível, vou fazendo assim, esperando que quem me leia o consiga imaginar dentro de uma folha, com uma letra desenhada, com o cheiro próprio da tinta fresca, como um bloco cujas folhas se mantém vivas, tal como as palavras que o habitam!

Sem comentários: