Sabemos todos que a História não se escreve, a História acontece!
Alguns tentam, depois, descobri-la, dar-lhe luz, significado, explicá-la. E nós outros, que a lemos, dessa e de outras maneiras, acreditamos, tomamos como boas as versões que assim se nos apresentam.
Mas e se a História estivesse errada? Se as pequenas histórias que a fazem, que lhe dão sentido e forma não correspondessem, no seu somatório, àquela grande História que nos querem contar?
Se pudéssemos recuar aqui e ali, revisitar breves momentos, falar e ouvir um ou outro protagonista, saborear sons, ventos e vozes que vêm do fundo das terras, dos rios. O que nos contariam elas?
Porventura aquilo que Jaume Cabré nos mostra e nos faz ver e ouvir se escutarmos com atenção as vozes do rio Pamano!
A História reinventada pelas histórias pequenas que nunca chegamos a conhecer, porque ficaram perdidas por entre as memórias daqueles que as querem só para si, daqueles que teimaram e conseguiram mudar o curso da História para que as suas histórias pudessem sobreviver e vingar, daqueles que, apesar de só humanos, se permitem ter nas mãos um deus em que julgam acreditar, mas em quem não confiam.
Numa dureza extrema, mas com uma mestria imparável, as montanhas de uma Catalunha longe da fascinante Barcelona, mostram-nos como é possível viver e ter esperança, mesmo sabendo, tendo a certeza, que ela nunca se irá concretizar!
As Vozes do Rio Pamano fazem crescer em nós um desejo que nunca terá um final feliz, mas que, apesar disso, nos faz ficar em paz, porque a vida, por muito madrasta que, aparentemente, se revele, só terá sentido quando é vivida com a vontade inteira. Tal como este livro deve ser lido e entendido!
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