quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Grandezas
Li ontem a entrevista que Isabel da Nóbrega deu à revista Tabu. Li com a atenção devida, com o gosto que, normalmente, ponho na leitura de entrevistas, sobretudo aquelas que envolvem pessoas deste calibre.
Independentemente de tudo o que lá é dito e que, provavelmente, não acrescentou dados novos a quem já conhecia este Senhora, o que superiormente perpassa aqui é a grandeza intelectual da entrevistada, desta e de tantas outras pessoas como ela. Certamente que Isabel da Nóbrega não é conhecida daquela imensa mole humana apelidada de grande público. Não usufrui do carimbo da recente tribo dos famosos que pululam pelas páginas de uma certa imprensa rápida, fácil e sobretudo fugaz. Nem sequer se pode incluir na, quase, demencial quantidade de escritores portugueses que, nos dias que passam, publicam a toda a hora.
Esta senhora é daquelas pessoas que parecem ter vivido num outro tempo, não me refiro concretamente e apenas ao, aparentemente cinzento, século XX português, mas falo dum tempo que só está acessível aqueles que o sabem procurar, porque só existe em locais muito especiais, onde o vulgar não tem lugar.
Passam por ser vidas preenchidas, vidas que deixam marca, vidas que se mereceram e deixam futuros, mesmo junto daqueles que nunca disso se aperceberão.
São estas pessoas, apesar de serem apenas pessoas, que nos conseguem legar o contentamento que nos permite fugir da vulgaridade em que os novos tempos nos parecem querer afundar.
Quando acabei de ler a entrevista senti-me agradecido por esta senhora ainda estar connosco e connosco ainda se permitir falar. Senti-me confortado e conclui que, afinal, foi no meio do cinzentismo salazarento que refulgiram algumas das cores mais cintilantes da cultura portuguesa.
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