Há muito tempo que sou (ou fui) leitor do jornal A Bola. Durante muitos anos em papel, hoje através da net. Ontem com agrado geral naquilo que lia, hoje só para ver as gordas. Era um fiel comprador do trissemanário, cada segunda, quinta e sábado. Habituei-me a ler excelentes jornalistas, Carlos Pinhão, Alfredo Farinha, Aurélio Márcio, Carlos Miranda, Homero Serpa, Vítor Santos e vários outros. Cada texto era mais muito mais do que apenas desporto. Cada crónica, dizia muito mais do que apenas aquilo que se tinha passado no jogo. Para além disso a escrita era limpa, bonita, contagiante. Aprendia-se lendo A Bola. Talvez, também por isso, a tenham apelidado a bíblia.
Com o tempo A Bola foi esvaziando, aliás um pouco como a generalidade da imprensa em Portugal. O crescente mediatismo oco, fez com que os jornalista quase que deixassem de ter vontade em sê-lo realmente. Estou mesmo convencido de que a arte do jornalismo deixou de o ser. Há alguns sobreviventes, resistentes, mas a democratização dos cursos de jornalismo e afins, fez com que chegassem à profissão pessoas sem vocação, 9 to 5 workers que, a maior parte das vezes, têm uma incapacidade quase genética para a escrita. E falamos só da imprensa, porque se estendermos a nossa opinião à rádio e, sobretudo, à televisão, muitos outros galos cantariam (e muito mal).
Vem isto tudo a propósito duma petição on-line que A Bola decidiu levar a cabo. Uma petição para que apoiemos a candidatura de Cristiano Ronaldo a melhor jogador FIFA. Confesso, como aqui já fiz, que, como jogador, acho o madeirense excelente. Por aí não me custava muito vê-lo eleito, tal como a vários outros jogadores. O que me entristece é que A Bola, outrora referência incontornável da imparcialidade no desporto, se alie a esta onde de um mediatismo exacerbado que se vem revelando, inevitavelmente, estéril e histérico! Ainda por cima quando a meio do texto da petição se diz que o jogador “ (…) se assumiu como referência da equipa (…)” durante o Euro 2008, o que, em boa verdade, não abona muito em relação à excelência que se quer propalar. Pior é quando dizem que o futebolista em causa é um “ (…) ícone da juventude (…)”, quer dizer, talvez até seja verdade, mas é exactamente isso que me entristece grandemente!!!
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