De forma geral chateia-me ter de esperar vários meses para perceber o fim da história e, por norma, a repetição de clichés, de modelos já muito batidos, de enredos repetitivos, também não ajuda à festa. Houve alturas em que via os primeiros episódios e depois só voltava lá pela última semana, o que se revelava suficiente para tudo perceber. Lembro-me, no entanto, de ficar bastante agradado com algumas das telenovelas brasileiras que vi. Primeiro que tudo a primeira, Gabriela Cravo e Canela no já distante ano de 1977. Depois gostei de outras, sobretudo aquelas que apostavam numa vertente mais ligeira e bem-humorada, como Tieta do Agreste ou Vereda Tropical. A seguir veio o desgaste e simplesmente deixei de ver. No que respeita às portuguesas tenho três palavras que tudo definem: não há pachorra! Com enredos completamente tolos e desprovidos de sentido, com realidades que não condizem em nada com a nossa, estas novelas mais não são que uma forma, legitima, de dar trabalho aos actores e aos modelos portugueses, mas resultam, na sua esmagadora maioria, em produtos fraquíssimos, que nada acrescentam. Servem, sobretudo, para encher páginas de revista cor-de-rosa e fornecer motivos de discussão às tertúlias da mesma cor que, nos últimos tempos, passaram também a ser programas televisivos!
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No entanto, quero deixar aqui hoje uma referência, positiva e elogiosa, a Vila Faia, não a versão que passa por esta altura na RTP (de que só vi, aliás, o primeiro episódio), mas à outra, à primeira. No fundo a culpada por toda esta desenfreada febre telenovelística, mas que mostrou outros caminhos que não foram cumpridos. Acima de tudo uma verdadeira portugalidade, uma maior proximidade entre o que se via no ecrã e o que se passava, efectivamente, nas ruas. Porque, no fundo, o conceito de telenovela tem implícito ser um retrato fiel daquilo que é a vida quotidiana e não uma qualquer salada de morangos regados com açúcar.
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