sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Cartaz TV (47)

Não sou consumidor de telenovelas. Nem aquelas que são feitas por cá, nem as que vêm do outro lado do Atlântico. Nos últimos 20 anos não terei visto mais de duas dezenas de episódios de todas as telenovelas que foram transmitidas nas televisões portuguesas.
De forma geral chateia-me ter de esperar vários meses para perceber o fim da história e, por norma, a repetição de clichés, de modelos já muito batidos, de enredos repetitivos, também não ajuda à festa. Houve alturas em que via os primeiros episódios e depois só voltava lá pela última semana, o que se revelava suficiente para tudo perceber. Lembro-me, no entanto, de ficar bastante agradado com algumas das telenovelas brasileiras que vi. Primeiro que tudo a primeira, Gabriela Cravo e Canela no já distante ano de 1977. Depois gostei de outras, sobretudo aquelas que apostavam numa vertente mais ligeira e bem-humorada, como Tieta do Agreste ou Vereda Tropical. A seguir veio o desgaste e simplesmente deixei de ver. No que respeita às portuguesas tenho três palavras que tudo definem: não há pachorra! Com enredos completamente tolos e desprovidos de sentido, com realidades que não condizem em nada com a nossa, estas novelas mais não são que uma forma, legitima, de dar trabalho aos actores e aos modelos portugueses, mas resultam, na sua esmagadora maioria, em produtos fraquíssimos, que nada acrescentam. Servem, sobretudo, para encher páginas de revista cor-de-rosa e fornecer motivos de discussão às tertúlias da mesma cor que, nos últimos tempos, passaram também a ser programas televisivos!

No entanto, quero deixar aqui hoje uma referência, positiva e elogiosa, a Vila Faia, não a versão que passa por esta altura na RTP (de que só vi, aliás, o primeiro episódio), mas à outra, à primeira. No fundo a culpada por toda esta desenfreada febre telenovelística, mas que mostrou outros caminhos que não foram cumpridos. Acima de tudo uma verdadeira portugalidade, uma maior proximidade entre o que se via no ecrã e o que se passava, efectivamente, nas ruas. Porque, no fundo, o conceito de telenovela tem implícito ser um retrato fiel daquilo que é a vida quotidiana e não uma qualquer salada de morangos regados com açúcar.

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