sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os bons vampiros


Na estrada de livros que venho percorrendo, alguns dos primeiros que me surgiram no caminho e que me acompanham desde então, são aqueles a que, por norma, ou comodidade, chamamos policiais. Mesmo que nas suas histórias a representação física da autoridade e da lei não marquem presença decisiva.
De entre os vários que entretanto foram aparecendo, continuo a destacar uma colecção em particular. Chama-se Vampiro e os seus livros são tão grandes em conteúdo como pequenos em formato. Possivelmente foi também isso que me atraiu quando os conheci. O seu tamanho confortavelmente transportável e as capas, das quais emanava um desejo irreprimível de conhecer o que lá estava dentro. Depois começava-se a ler e o folhear só parava no fim, tal era a força contagiante que saía daquelas páginas.
Os primeiros que li marcaram o meu gosto por este tipo de registo literário. Eram da autoria de uma senhora que me surgia quase como uma avó bondosa que sabia histórias de aterrar! O primeiro livro chamava-se Crimes Patrióticos e a avozinha Agatha Christie. Depois li muitos outros. Muitos Poirot e Miss Marple e várias outras histórias da avozinha. A seguir resolvi explorar ainda mais a Vampiro e conheci Erle Stanley Gardner e o seu Perry Mason e percebi que Erle também escrevia livros sob o pseudónimo de A.A.Fair. Mais tarde surgiram Georges Simenon, Rex Stout, Harry Carmichael e tantos outros e a colecção dos livros pequeninos, de tons escuros, cujas capas foram desenhadas (quando ainda o eram) por artistas como Lima de Freitas ou Cândido Costa Pinto, continuou a crescer, se bem que o formato dos livros se tenha mantido, felizmente, o mesmo! *
De vez em quando volto atrás ou, muito provavelmente, dou um passo em frente neste caminho da literatura que gosto de percorrer e leio, ou releio, mais um volume da pequena colecção negra. Volto a deixar-me maravilhar pelas intrigas imaginadas pelas pequenas células cinzentas destes escritores fantástica e deliciosamente negros!



* apesar de ter surgido uma irmã mais nova desta colecção, que se chamou Vampiro Gigante, devido exactamente ao formato dos seus volumes e que continha duas histórias completas.

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