A televisão não tem, por norma, uma linguagem poética. Não tem porque não a procura, não a divulga, não lhe fica bem! Cada vez mais o imediato, o efémero, o vazio, se torna corrente nas programações televisivas. O público tem-se tornado menos exigente, mais passivo, acrítico!
De vez em quando lá surgem momentos que, infelizmente, se revelam raros. Momentos que exaltam a inteligência, que assolam os sentidos, que dão razão de ser a quem procura algo mais que um olhar estupidificante perante o ecrã.
Hoje relembro o inimitável homem de artes que se chamava Mário Viegas, num programa cujo modelo não mais se repetiu. Em meados da década de 80, Palavras Ditas mostrava-nos os caminhos que as palavras podem percorrer quando lhes dão asas, quando as deixam respirar e as pintam com cores ainda por descobrir. Mário Viegas conduzia-nos como só ele seria capaz e nós ficávamos presos a olhá-lo e sobretudo a ouvi-lo dizer aquilo que os poetas nos queriam contar. Foi, por exemplo, ali que descobri a imensa magia surreal de Mário Henrique-Leiria.
A sabedoria das palavras faz-nos falta hoje, como fará sempre. Tal como falta nos faz termos alguém que nos ajude a descobri-las, lê-las, ouvi-las e saboreá-las de forma única!
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