sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Surrealizar por aí...


Gosto de ler! E entre as leituras que gosto de fazer estão aqueles pequenos contos, com poucas páginas ou mesmo com poucas palavras, mas que nos dão prazer e, por vezes nos suscitam o sorriso ou mesmo a gargalhada. De entre estes, poucos me deram tanto gozo como os dois excelentes livros produzidos por essa multifacetada personagem que dá pelo nome de Mário Henrique Leiria, jornalista, operário metalúrgico, pintor, escritor entre outas actividades que desenvolveu e sobretudo um surrealista activo, que nos seus Contos do Gin Tónico de 1973 e nos Novos Contos do Gin de 1978, nos ofereceu pequenos textos em tamanho, mas enormes em conteúdo. Mordazes, irónicos, acutilantes, são verdadeiras pérolas da nobre arte de escárnio e mal-dizer, sendo, acima de tudo, muito divertidos, como convém. Um exemplo:

TELEFONEMA
Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa. Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias. Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.

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