sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006
Era uma vez...
Quem gosta de contos de fadas, é porque gosta de aventuras, do fantástico, da magia; de mundos novos que dão cor aos quotidianos, que permitem o sonho e, porque não, a evasão.
Este tipo de literatura permite-nos ser tocados pelo maravilhoso e pelo fantástico, a magia anda à solta, acontecimentos irreais, inverosímeis, maravilhosos, fantásticos, são, afinal, acontecimentos normais, sobretudo aqueles que nos dão o conforto do final feliz. Que os heróis casem, ou não, é indiferente, mas uma coisa é fundamental, que fiquem em segurança, que achem o caminho para casa, que vivam felizes para sempre !
No fundo é aquilo que todos nós queremos! Que a criança que, por vezes, espreita o mundo através dos nossos olhos, nunca se vá embora!
Passemos a palavra a quem sabe do assunto:
“(...) contos de fadas não são (...) histórias acerca de fadas ou elfos, mas histórias acerca do Feérico, o reino ou estado onde as fadas existem. O Feérico contém muitas coisas para além dos elfos e das fadas, e para além de anões, bruxas, trolls, gigantes, ou dragões : abarca igualmente os mares, o sol, a lua, o céu; e a terra, e todas as coisas que nele habitam : árvore e pássaro, água e pedra, vinho e pão, e nós próprios, homens mortais, quando estamos encantados.
A definição de um conto de fadas – o que é, o que deve ser – não depende, pois, de nenhuma definição ou facto histórico sobre elfo ou fada, mas sim da natureza do Feérico : o Reino Perigoso, e o ar que se respira nesse país. Não vou tentar definir isso, nem descrevê-lo directamente. Não pode ser feito. O Feérico não pode ser contido numa rede de palavras; porque uma das suas qualidades é ser indescritível, embora perceptível. Possui muitos ingredientes, mas a análise não descobrirá, necessariamente, o segredo no seu todo.(...) um conto de fadas é uma história que toca ou usa o feérico, qualquer que seja o seu propósito : sátira, aventura, moralidade, fantasia. O Feérico pode, talvez, ser melhor traduzido por Magia – mas magia com uma disposição e um poder peculiares(...)” (On Fairy Stories. Tree and Leaf, J.R.R.Tolkien)
“A jornada dum conto de fadas pode parecer um caminho exterior através de planícies e montanhas, castelos e florestas, mas, na verdade, o movimento é interior, aos domínios da alma. O caminho negro da floresta dos contos de fadas está nas sombras da nossa imaginação, nos abismos do nosso inconsciente. Viajar no bosque, enfrentar os seus perigos, faz-nos emergir transformados por essa experiência. Particularmente para as crianças cujo mundo não se confina ao simplista mundo das séries de televisão... esta capacidade de viajar interiormente, de enfrentar o medo e transformá-lo, é uma ferramenta que usarão para o resto da sua vida. Prestaríamos um mau serviço às crianças, e a nós próprios, censurando os velhos contos, suprimindo as passagens mais negras e ambíguas.” ( White as Snow . Fairy Tales and Fantasy, Terri Windling)
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