quinta-feira, 3 de julho de 2008

A propósito de Ingrid


As pessoas deviam ser livres! Deviam conseguir separar-se das grilhetas que os prendem quotidianamente, deviam poder voar quando lhes apetecesse, mergulhar quando lhes conviesse, andar quando, simplesmente, a brisa os convidasse a isso.
As pessoas não deviam estar sujeitas a grades, as de ferro e as outras que, sendo invisíveis, são ainda mais fortes.
Os carcereiros não deviam ser mais do que sonhos maus, sem existência táctil, sem rosto factual, apagados a cada abrir de olhos.
A reclusão só devia existir na medida em que fosse desejada por cada um.
A liberdade não devia ser condicionada, porque isso, obviamente a restringe. A liberdade não devia ser perseguida, porque isso, obviamente, a limita. A liberdade não devia ser conquistada, porque isso, obviamente, a diminui.
Mas esse mundo ideal, obviamente, não existe! Por isso parece restar-nos desejá-lo, sonhá-lo, idealizá-lo!
A utopia, obviamente, nunca é cumprida, porque é essa a sua natureza! Mas é, obviamente, para ser buscada, porque é esse o seu sentido!
Nessa busca, nesse comprometimento de vida, nesse vontade de alcançar o, supostamente, inalcançável, é que reside, provavelmente, a gestação dos heróis. Daqueles que nós próprios criamos e daqueles que, naturalmente, emergem das situações mais corriqueiras.
Não sei se Ingrid é uma heroína, não sei se as suas causas são as mais justas, não sei se quer ser um símbolo de alguma coisa. Mas sei que pode iluminar mais algumas utopias, pode emocionar mais uns quantos idealistas, pode, efectivamente, dar-nos, mesmo sem querer, alguma esperança na conquista de um mundo melhor!

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