quarta-feira, 9 de julho de 2008

Fragilidades


Há pessoas que têm um pedaço de vidro espetado no coração.
Um pedaço grande, de vidro temperado, aparentemente inquebrável, de uma transparência luminosa, quase brilhante.
Alguns sabem-no, outros não.
Ninguém sabe, contudo, como lá foi parar. Como se encaixou de forma tão certeira e suave, que parece lá ter estado desde sempre.
Há pessoas cujo coração bate ao ritmo de um vidro que lá está espetado! Cujo coração se torna, por vezes, frio, dorido, duro.
Em certas ocasiões o vidro aumenta de tamanho. Ocupa quase todo o espaço disponível e é então que se torna maior o perigo do coração se partir.
Cada movimento, cada pulsar, cada batida, torna-se quase insuportável e é nessa altura que surge a opção.
Ou se ganha um novo coração, aparentemente limpo, sem vidros, pronto para novas batidas, mas agora, talvez mais inviolável, insensível.
Ou se deixa o coração seguir o outro caminho e tornar-se num coração de cristal. Mais precioso, mas sempre à beira de se quebrar, definitivamente. Por isso são tão raros!

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