terça-feira, 9 de junho de 2009

histórias de Rosa Branca


III

Teodoro Vitorino, com os seus pequenos óculos de aros redondos encavalitados na ponta do nariz, abanava a cabeça manifestando assim a sua condescendência perante uma Rosa Branca que conhecia melhor que qualquer outra pessoa.
Chegara muito novo, acabado de se formar em medicina, com uma maleta cheia de esperanças, com uma vida inteira para preencher.
Agora que estava quase completa, a sua história dava-lhe uma certa autoridade para poder julgar, e não condenar, aqueles que, à sua volta, ainda não sabiam o que ele já vira.
Olhou nostálgico para o casarão vermelho, de onde Mariana Estrela espreitava a rua.
Sorriu quando a memória, sua eterna e fiel companheira, lhe voltou a mostrar tudo aquilo que parecia ter ficado tão lá atrás.
Teodoro sabia de cor o caminho que lhe faltava percorrer e sabia, igualmente, onde acabava. As ilusões já não o iludiam e quanto a sonhos, já possuía aquela sabedoria que só lhe permitia sonhar com o que muito bem lhe apetecesse.
Acenou em direcção de Mariana Estrela, sorriu-lhe e entrou em casa. Pôs um disco a tocar, o mesmo que ouvia há mais de 40 anos e sentou-se na sua velha poltrona.
Sabia que Zacarias Gorjão não tardaria e esperou…


(continuará)

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