terça-feira, 30 de junho de 2009

Ícones do século XX (7)

O verdadeiro artista!

Vi isto hoje no Y online, a propósito da actual digressão dos U2:

«Começa hoje, em Barcelona, a digressão mundial do grupo mais conhecido do rock. Os irlandeses vão estrear uma nova estrutura giratória como palco. Segundo eles é revolucionária. (...)
Em declarações à imprensa espanhola têm utilizado mesmo a palavra "revolução" para descrever o palco. A intenção é criar um ambiente de alguma intimidade, com qualquer pessoa, em qualquer zona do estádio, a ter acesso ao mesmo tipo de visão do concerto, graças à acção giratória de 360º. Através dessa estrutura e também da actuação de cerca de 17 operadores de câmara que trarão de tentar mostrar tudo o que está a acontecer em palco(...)»


Custa-me a crer que estes senhores, que até devem ser muito inovadores, nunca tenham visto isto:


É que a Growing Up Tour foi em 2003!!!!

De Vila Velha para o Mundo


Há livros e livros. Daqueles que nos prendem até ao infinito, dos outros que nos vão dando asas, até aqueles que passam por nós sem deixar rasto. Tenho vários de todos estes.
Normalmente quando me apaixono por um livro mantenho-o debaixo de olho, olho-o quase todos os dias e, cá dentro, vou-me lembrando dele amiúde, vendo-lhe as palavras, lembrando-me das imagens, transferindo-o, cada vez mais, para o meu interior, até que, acaba inevitavelmente por suceder, o livro torna-se meu, já não de quem o escreveu, já não de quem o imaginou e lhe deu forma, mas meu, aliás como creio que deve acontecer com todos os livros e com os seus leitores mais afortunados.
Não vou fazer uma listagem de todos os livros que me pertencem, nem sequer alinhavar uma meia dúzia, por não poder, depois, suportar a minha falta perante todos os outros. Mas vou só referir um, ou melhor três em um.
Álvaro Guerra escreveu-os e eu já os li dezenas de vezes. De todas, e são muitas, qualidades que neles encontro, vou realçar uma só, é o melhor compêndio de História do Século XX que conheço e tudo escrito em estilo de folhetim. É indispensável para quem gosta de ler, para quem gosta de conhecer e para quem precisa de perceber o sítio onde vive e como este se foi fazendo.
Tudo isto a propósito da reedição pela D.Quixote, em formato de bolso, da imperdível trilogia dos Cafés. O Café República já saiu, esperemos que o Central e o 25 de Abril não demorem e esperemos, sobretudo, que corram a comprá-los e a lê-los.
Vila Velha dar-vos-á a conhecer Portugal e o Mundo como nunca mais ninguém foi capaz!

Absolut (69)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

histórias de Rosa Branca


VI

Leonel Carranca fazia jus ao seu nome. Uma expressão dura marcava-o constantemente. Nem ele próprio se lembrava de usar outra. Os habitantes de Rosa Branca nunca chegaram a saber se aquele era mesmo o seu apelido, ou apenas uma alcunha que a ele se tinha colado em definitivo.
Carranca não tinha amigos, nem mesmo os seus subalternos tinham por ele algum tipo de reverência, ao não ser aquela que derivava do receio de o contrariar. Tinha mão de ferro e não suportava qualquer falha na disciplina inflexível que lhes impunha. A eles e a toda Rosa Branca. Não admitia desvios nem contrariedades, ao que ele julgava ser a ordem pública e a decência moral.
Carranca apenas tinha um desejo, encarcerar todos aqueles que não cumpriam os seus preceitos, ou seja, quase toda Rosa Branca.
Os seus dias eram passados em rondas cujo único fim era controlar aquilo a que ele chamava movimentações subversivas. Raramente tinha sucesso, embora isso não lhe esmorecesse o zelo e a dedicação à causa, que, no fundo, só ele conhecia.
Já era tenente há um ror de anos e a sua ambição era muito maior, tinha, por isso, que mostrar serviço, o que, ali naquele fim de mundo, não era coisa fácil.
Mas o tenente Carranca estava agora esperançado. Os rumores que lhe tinham chegado aos ouvidos renovaram-lhe as esperanças de promoção. O que aí vinha era de grande monta e os seus superiores haviam de ficar satisfeitos, muito satisfeitos, se ele, o eficiente e leal Tenente Carranca, lhes conseguisse provar que, também em Rosa Branca, a honra da pátria estava bem defendida…


(continuará)

Tentativas


Às vezes a cabeça começa a fervilhar, parece que vão sair ideias em catadupa. Pego logo na caneta, ou apresso-me a pôr o teclado mesmo à mão. E penso para comigo, naquela excitação que antecede a concretização de uma inspiração súbita, está quase… hoje vai sair uma coisa de jeito. Então escrevo a primeira palavra, olho-a e volto a olhá-la, à espera que a segunda e a terceira lhe sucedam rapidamente e formem uma frase certeira, daquelas que me conseguem deixar vaidoso, pensando, desta vez acertei!
E, se o momento for bom, lá consigo escrevinhar mais umas quantas palavras, adorná-las de algum sentido, nem que seja só para mim, e acabar um parágrafo, ou dois, com alguma sorte, três. Paro então, leio de cima a baixo, releio, troco uma palavra, uma vírgula, um acento e pronto, já está!
O problema surge no momento seguinte.
O que a inspiração fervilhante me trouxe não foi a maravilha esperada.
Foi apenas um espécie de estrebucho, um desfilar de palavras pouco cheias, enfim, um laivo de inspiraçãozinha, que mais não deu que uma espécie de textinho.
De qualquer forma continuo a insistir.
Um dia destes, ainda sai qualquer coisa de jeito…

Ícones do século XX (6)

Absolut (68)

sábado, 27 de junho de 2009

Uma canção bonita...

... uma busca de novos caminhos...
...ou a necessidade, efectiva, de viajar entre estados de espirito!


Comunhão com a arte


Às vezes, ao olhar para um quadro tenho esta sensação:

...que bom deve ser estar ali, naquele momento preciso, no instante em que o pintor imaginou aquele desenho, no instante em que o pintou, em que o transformou em eternidade.
Olho-o e imagino-me nele, não como peça integrante daquele momento, mas como alguém que ali vive, se passeia, vagueia. Não numa casa parecida com aquela, onde há móveis e portas e janelas, mas naquela exacta, naquele preciso momento, parado naquele tempo, com aquela luz, com aquela paisagem, naquela noite imorredoira.
Vejo-me ali, num conforto imaginado, num sossego desejado, ali, naquele preciso momento, onde a vida parece suspensa, mas onde eu poderia corrê-la.
É isto que sonho, ou julgo sonhar quando vejo uma imagem que me assalta os sentidos e puxa por mim. A vontade de nela entrar e me perder até me encontrar...


Deve ser a isto que se referem quando falam em comunhão com a arte.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Arcade Fire again


Ora aqui está uma boa noticia!
A mais espectacular banda da actualidade está de volta ao trabalho! Um novo disco está já em preparação.

Paris em Lisboa


A este nunca o conheci, a não ser quando estava já despojado de vida, esventrado pela voracidade das novas exigências, que não deixam espaço para que as antigas atitudes, mais lentas, mas, ao mesmo tempo, mais profundas, se continuem a verter para os dias que, apesar de tudo, ainda desejamos que passem devagar.
Chamava-se Paris. Tinha um nome luminoso e ficava à beira de Campo de Ourique, ali onde o bairro encontra a Estrela. Hoje creio que é um monte de escombros em que os passantes já nem reparam. Assim se vai fazendo grande parte da cidade, deitando ao chão as lembranças que já não utiliza e erguendo muros mesmo à frente dos nossos olhos, muros que não nos deixam vislumbrar a luz que ainda resta nalgumas memórias, naquelas que ainda insistem em ficar coladas a nós.
Bom fim de semana!

Ícones do Século XX (5)

Absolut (67)

Jackson

Não tarda nada e Michael Jackson estará capaz de refazer o Thriller com verdadeira propriedade!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mad Hatter

Este é o Chapeleiro Louco de Alice in Wonderland, redesenhado por Tim Burton para a sua próxima loucura:


E este é o Chapeleiro Louco da The Famous Charisma Label , que ilustrava os discos que foram a minha primeira loucura!

No labirinto das letras


Percorro as letras do alfabeto à procura das palavras certas, daquelas que ainda não conheço e que quero criar. Paro à volta das vogais, os olhos passeando por cada uma delas, fugindo do u, para o a, deixando rebolar o o, vendo o i subir lentamente como um balão enquanto o e se vai desprendendo do meu olhar. Tento agarrá-las, dar-lhes a minha consistência, misturá-las com as consoante que se mantém ali tão quietinhas, à espera que eu lhes pegue. Tento confundi-las, ouvir-lhes os segredos, explicar-lhes o que quero. Mas elas trocam-me as ideias, pulverizam-se à minha frente, explodindo em mil gritarias, mostrando-me mil faces diferentes.
Percorro todos os caminhos das letras, tentando perceber todas as palavras que sabem formar, escolhê-las para mim, trazê-las comigo. Mas elas não se deixam prender, querem ser livres, são livres, até que alguém as cative e lhes dê o uso que esperam e aí sim, ficam aparentemente sossegadas, a deliciarem-se com todos os sentidos que fazem, com todos os significados que adquirem, com a beleza que ajudaram a criar. Até que outro alguém lhes surja ao caminho e as desafie de novo, as leve consigo numa outra viagem, numa nova volta ao mundo, onde só elas permitem ver para além do óbvio!

Ícones do século XX (4)

Absolut (66)

Une belle histoire

Há muitos anos atrás, estava eu no inicio da puberdade, quando vi um filme francês, que nos mostrava a história de dois jovens, pouco mais velhos que eu, que se conheciam quase por acaso e que acabavam por acreditar que se tinham apaixonado. Lembro-me que, na altura, este filme me deixou uma séria impressão. Nunca mais o vi e não me consigo lembrar do nome. A verdade é que, sempre que ouço esta canção de Michel Fugain, me recordo daquele filme e acredito que foi feita de propósito para ele.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Colditz


Ao vaguear pela rede, ao ver nostalgias várias, lembrei-me desta série, que deve ter passado na RTP lá pela segunda metade dos 70. Era uma realização da BBC e, como tal, era duma qualidade assinalável. Contava a história de um conjunto de oficiais aliados, sobretudo ingleses, mas também americanos e franceses e das suas desventuras numa prisão de alta segurança alemã, situada num castelo de nome Colditz, que existe de facto.
A trama central de série passava pelas tentativas de evasão que os prisioneiros levavam a cabo, mas, ao mesmo tempo, dava-nos várias histórias baseadas nas relações humanas que entretanto se formavam no interior do presídio, quer entre os diferentes prisioneiros, quer entre estes e os seus carcereiros.
Tenho uma ideia um tanto difusa dos episódios que vi, mas sei que gostei muito, a ponto de ter comprado, nessa altura, dois livros da autoria de P.R.Reid (que foi prisioneiro no castelo) que estiveram na origem da série e dos filmes que antes e depois dela foram realizados a partir das memórias de Reid.

Neda somos nós


Esta jovem morreu em Teerão, atingida a tiro por alguém que estava do outro lado duma barricada. Esta jovem tornou-se um símbolo de uma vontade de mudança. Era necessário que esta jovem morresse, esta ou uma outra qualquer, mas era fundamental que houvesse uma morte em directo, uma morte que corresse mundo, que mostrasse aos nossos corações deitados no sofá que há lutas justas que se sucedem a muitos milhares de quilómetros e que nos fazem tremer de raiva, nos fazem soltar impropérios perante as injustiças do mundo, perante os regimes opressores que grassam pelo planeta, nos confundem na nossa placidez quotidiana, nos abanem, ainda que por breves momentos, na nossa surdez perante o que se passa lá fora.
Somos assim, clamantes pela justiça, ofendidos pela crueza e desumanidade a que todos os dias assistimos pela televisão.
Neda morreu, atingida por um tiro.
Na verdade, todos os dias vários tiros atingem muitas Nedas por todo o mundo, até aqui no nosso recanto, onde pensamos que coisas destas não acontecem. A voracidade mediática traz-nos as imagens, desconforta-nos e tranquiliza-nos por as sabermos longe.
A vida, hoje, faz-se em directo e nós, todos, estamos no centro da acção, porque, quando menos esperarmos, uma bala perdida pode vir atingir-nos e, mesmo que não o desconfiemos, há sempre uma câmara apontada na nossa direcção.

Ícones do século XX (3)

...


Pôs o dedal no dedo para não se picar.
Para poder colher as rosas que quisesse sem se espetar. Para poder segurá-las e levá-las consigo, sem sangramentos inúteis, não mais do que aqueles que, com a sua vermelhidão escura, iam enchendo a paisagem.
Olhou-as contraluz e reparou na sua fina translucidez, que ia deixando passar fios de uma luminosidade ténue e rubra, pingando sobre a sua mão onde o dedal ainda jazia.
Foi enchendo os caminhos de pétalas vermelhas, deixando que cada uma voasse ao sabor dos ventos que começavam a soprar.
Pousou o dedal no fim do caminho.
Ainda o sangue pingava quando a última pétala o sobrevoou, levada pela derradeira brisa do dia.
Quando a lua assomou, já há muito que os caminhos estavam limpos. Na sua cadência infinita o tempo não esperou e quando o sol acordou na manhã seguinte já o dedal tinha desaparecido…

Absolut (65)

terça-feira, 23 de junho de 2009

A banda de António Pinho


Há tempos atrás, como poderão ver aqui, falei duma banda portuguesa que nos anos 70/80 liderava a vanguarda da música feita em Portugal e, estou certo, se hoje ainda existisse o continuaria a fazer. Vem isto a propósito de ter conhecido, hoje mesmo, um dos seus membros mais destacados, António Pinho. Um senhor da música e sobretudo das palavras, daquelas que escreveu para a sua banda e das outras com que, muito gostosamente, nos vai contando histórias imperdíveis de momentos que lhe marcaram a vida e que, a nós, nos deixam um gosto de profunda satisfação.
Malfamagrifada - Banda do Casaco

PSD / Contemporâneos

Mais uma vez com pontaria certeira e humor delirante.
Imperdível e impagável!

The Return of Rael


Está em circulação online, uma petição para voltar a reunir os cinco mais emblemáticos elementos dos Genesis. Ou seja, trazer de volta Peter Gabriel e Steve Hackett ao convivio, ainda que breve, dos seus mates Mike Rutheford e Tony Banks e do inenarrável Phil Collins. A ideia é retomar The Lamb Lies Down on Broadway e mostrar a todos os que nunca o viram e/ou ouviram, a excelência das suas músicas. Confesso que me custa ver reunidos à mesma mesa o mágico Gabriel e a máquina registadora Collins mas, por outro lado, se o segundo ficasse escondido atrás dos tambores e deixasse que o verdadeiro Rael se movimentasse à vontade, mostrando toda a sua magia, o meu lugar seria, com toda a certeza, na primeira fila.
Entretanto, devo acrescentar, já subscrevi a petição.

Ícones do século XX (2)

Absolut (64)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ícones do século XX (1)

O século XX foi pródigo em imagens.
Foi, até agora, o século mais rápido, aquele em que os dias correram mais céleres, aquele em que, de 1901 a 2000, aconteceram momentos mais relevantes na História da Humanidade, pelos menos em termos de alterações bruscas do que conhecíamos anteriormente.
Algumas dessas imagens ficaram marcadas nas memórias. São facilmente reconhecidas, embora, nem sempre, o sejam pelas melhores razões.
Vou deixar aqui algumas delas, numa escolha aleatória que estará longe de ser exaustiva ou completa. Ficarão aqui como referências, minhas, a um século que foi uma espécie de charneira nesta humanidade em aceleração constante.

Absolut (63)

domingo, 21 de junho de 2009

Song for ten (again!)

E como o prometido é devido, aqui fica novo vídeo desta contagiante canção!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sessões (des)contínuas


Caetano Veloso fez uma canção com o seu nome, se bem que se referisse a um congénere baiano e não ao alfacinha de gema que trazemos aqui.
O Olímpia fica numa zona onde outrora se acotovelavam casas de espectáculos e onde hoje apenas algumas ainda, felizmente, se vão mantendo.
Depois de ter sido inaugurado em 1911, prometendo «salões para concertos, salões para exibições animatográficas, gabinete de leitura, restaurante, etc.», esta sala foi, nos idos de 40/50/60, uma das mais populares salas de cinema da capital, exibindo os chamados filmes de grande público. Depois de 1974 o hard-core 1º escalão ali se instalou, as sessões contínuas foram a solução para uma sala que passou a ficar identificada com a pornografia.
Depois, como tantas outras, fechou. Diz-se que irá reabrir como sala destinada a teatros. Assim seja!
De qualquer forma e como Caetano dizia a propósito do outro:
«(…)Eu quero pulgas mil na geral
Eu quero a geral
Eu quero ouvir gargalhada geral
Quero um lugar para mim, pra você
Na matiné do cinema Olympia(…)»

Também aqui as gargalhadas, os sustos, as emoções, até as pulgas dos outros tempos, já não voltarão, tal como tantas memórias desta cidade que se vão diluindo no meio do betão inclemente.
Bom fim de semana!

Anjos da Guarda


Wim Wenders e Bruno Ganz deram-nos este filme.
Étero, flutuante, que vai pairando sobre nós, deixando que uma escuridão luminosa nos vá abrindo os corações, tantas vezes subjugados a negritudes mais duras que este céu de Berlim.
Gosto, sobretudo, desta imagem.
Que nos deixa assim, à beira de uma espécie de abismo, mas, ao mesmo, tempo presos pelas asas brancas que nos vão mantendo...

Chico Buarque

O melhor dos meus homónimos completa hoje 65 anos.
Uma vida cheia, uma carreira bonita, canções imortais, livros inesquecíveis.
E esta tocante canção que nos dedicou...
Obrigado Chico!

Absolut (62)

Soma fantástica

E enquanto passeava no You Tube descobri esta soma fantástica:
Kate Bush + Placebo + Dr. House!
O resultado, claro, só podia ser este:

OVO

O ambiente era caloroso. À sua volta todos se mexiam, como numa espécie de transe colectivo. Olhavam em frente, fixamente, naquele instante nada mais existia.
Sentia-se também assim. Uma inebriante vontade de se deixar levar. Uma força, maior que todos os desejos, envolvia-lhe o corpo.
Fechou os olhos e sentiu-se inundar de sensações novas, embora acreditasse, inexplicavelmente, já as ter experimentado.
Sentiu que os seus braços se erguiam, numa cadência unânime com todas as outras pessoas que ali estavam.
Das suas gargantas…
Não!
Dos seus pulmões jorraram as palavras que saiam em catadupa, atropelando-se numa incontida vontade de não ficar para trás.
Era um momento de júbilo. O tempo parava aqui e todo o espaço em redor mais não era que um marulhar de uma harmoniosa conjugação de quereres.
Bem no centro outra canção começava agora e milhares de vozes soltavam-se outra vez, como se fossem uma só… e o mundo ficou de pernas para o ar!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

histórias de Rosa Branca


V

Não vivem, por aqui, seres estranhos, monstros indizíveis, criaturas aladas, seres subterrâneos, fantasmas vários, almas de outros mundos.
Não passeiam, por aqui, príncipes e princesas, bruxas e feiticeiros, gnomos ou gigantes.
Não há por aqui castelos encantados, cavernas de tesouros, florestas mágicas.
Não é costume, por aqui, surgirem nevoeiros vindos do nada, explosões fantásticas sem explicação plausível, chuvas miraculosas.
No entanto, tudo isto é, aqui, possível!
Porque, aqui, a vontade anda abraçada à fantasia. A imaginação não se deixa prender. O inesperado pode esperar-nos em qualquer esquina, debaixo de qualquer árvore, por detrás de qualquer rocha.
Das pessoas normais que, por aqui, vão fazendo os seus dias, tudo se pode esperar, porque estão ligadas a um único movimento, aquele que lhes permite viver sem receios quotidianos e que, por isso, lhes dá asas para que possam explorar tudo aquilo que sonham.
Tudo aquilo que está contido na imaginação desmedida que lhes dá cor, imagem e vida.
É isto, e muito mais que isto, que se pode encontrar aqui, em Rosa Branca…


(continuará)

Kwak


Apesar de saber que provoca o aumento exagerado (e não desejado) da zona abdominal, com este calor e com a sede que o mesmo vai provocando, nada melhor que uma destas, bem fresquinha, no seu copo especial!

67 anos



Happy Birthday Sir Paul...

Absolut (61)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Gainsbourg & Hannon

Depois de Jane e Serge. De Birkin e Gainsbourg. Charlotte também canta. Canções como esta, construida por Neil Hannon. E encanta!

Ainda as eleições


Via TSF online:

«CNE confirma que cidadãos votaram duas vezes nas europeias
A Comissão Nacional de Eleições confirmou, esta quarta-feira, que tem conhecimento informal de cidadãos que votaram duas vezes nas últimas eleições europeias. Apesar da situação irregular, a CNE garantiu à TSF que o resultado eleitoral não está em causa.»


Se vasculharem bem, ainda descobrem que houve apenas meia-dúzia de eleitores que se entretiveram a passear por todo o país e a votar por aqui e por ali.
Bem vistas as coisas, pode ser uma boa solução para se acabar com a abstenção!

Representações

Tal como todos já devem ter reparado, a representação que os outros fazem de nós não corresponde, normalmente, aquela que temos de nós próprios.
Eu creio, no entanto, que isso não revela nada de negativo ou menos simpático. Pelo contrário, quanto maior for o número de representações que tivermos, maior será a possibilidade de alguma estar certa!

Absolut (60)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Encore le musée hergé

Par Bruxelles


Entretanto, por Bruxelas, vão-se espreitando os caminhos...

Absolut (59)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

histórias de Rosa Branca


IV

Rosa Branca pode ficar nas cercanias da serra, ali onde o sol se esconde e onde os invernos gostam de trazer os flocos, tornando as paisagens mais próximas da perfeição branca.
Ou pode ficar naquela planura cor de cobre, pontuada por pequenas vírgulas verdes, que mal se vislumbram quando o sol, inclemente, nos olha em todo o seu esplendor.
Também pode ficar nas fronteiras da cidade, nos arrabaldes hortícolas que, ao longo dos tempos, correram as longas madrugadas para que nada faltasse à urbe.
Ou pode ser apenas ali, naquele sítio onde todas estas imagens se fundem, onde as várias paisagens ganham vida própria e a transformam num lugar único. Naquele que só os seus habitantes conhecem, naquele em que só aos iniciados é permitido entrar.
Rosa Branca fica mesmo aí, no fim desse caminho, que mais não é que o inicio de um outro…

(continuará)

Uma vez na vida

Os dias correm naturalmente... naturalmente sem nada que os assinale de forma particular. Até que, quando menos se espera, sem trombetas ou sinais luminosos, nos assoma uma sensação única, que nunca é passageira, que marca, que se mantém, que se espraia pelo tempo, que nos nos deixa a sensação de ter sido um momento inesquecível, irrepetível, daqueles que nos fazem dizer; once in a lifetime!



Felizes aqueles que o conseguem repetir muitas vezes!

Convém mas é não confundir género humano com Manuel Germano


«(...)O Beco das Sardinheiras é um beco como outro qualquer, encafuado na parte velha de Lisboa. Uns dizem que é de Alfama, outros que é já de Mouraria e sustentam as suas opiniões com sólidos argumentos topográficos, abonados pela doutrina de olisiponenses egrégios. Eu, por mim, não me pronuncio. Tenho ideia de que é mais Alfama, mas não ficaria muito escarmentado se me provassem que afinal é Mouraria.(…)
Recomendaram-me que desenhasse um mapa neste livro para que o Beco pudesse ser encontrado sem custo. Lérias! Basta ir por Alfama abaixo ou por Mouraria acima, meter o nariz em todas as vielas e pracetas e o Beco surgirá, sem sombra de dúvidas de que é aquele. Para quê entrar em mais pormenores.(...)»


Quando um dia me atrever a escrever alguma coisa, espero ser bafejado por uma gota do talento deste senhor!

O Museu


Este é, sem dúvida, um dos locais mais fascinantes que visitei!

Este é, sem dúvida, um dos locais a visitar frequentemente!

Parem!


Todo este ruído à volta dos dinheiros que Cristiano Ronaldo gasta por noite em hotéis norte-americanos e dos dinheiros que o Real Madrid irá pagar pela sua transferência, me causa nojo. Pela imoralidade de que tudo isto se reveste, pela irrelevância que tudo isto transporta, pela importância vazia que tudo isto tem.
Que lhe paguem o que ele quer, que gastem os rios de dinheiro que queiram, mas não nos digam, não façam disso alarde, não brinquem com os milhões de pessoas que, em Portugal, mal têm dinheiro para manterem um quotidiano digno.
Não discuto as importâncias, mas renego as luzes que lhe teimam em dirigir. Não precisamos de saber da vida deste senhor, precisamos, sim, que a nossa vida se possa realizar com a seriedade que todos merecemos!

Absolut (58)

sábado, 13 de junho de 2009

Á espreita do Rossio


Se há zonas nobres em Lisboa, esta é a mais nobre das nobres. A praça por excelência, o local onde todos vão, o coração da baixa, provavelmente da própria cidade. No lado oposto a este ergue-se, imponente o D.Maria, aqui, logo depois do arco, fica esta salinha, com uma fachada bonita, com um nome singelo, com uma história de muitos filmes. Degenerou entretanto e passou a peep-show, a loja de outras artes, a local de prazeres escondidos. O Animatógrafo já só anima almas solitárias em buscas quase desesperadas de prazeres quase clandestinos. O coração da baixa também guarda, talvez em demasia, rostos que se vão perdendo no esquecimento daquilo que já foram, como esta Lisboa que teima em fugir de nós.
Bom fim de semana!

sexta-feira, 12 de junho de 2009