segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Grandes
Nós, na nossa pequenez evidente, temos uma necessidade gritante de encontrar ídolos, elevar alguém a um pedestal irrepreensível de grandeza e excelência. Houve e há, de facto, muita gente que se ultrapassou nos mais variados domínios da actividade humana. Muitas pessoas que mostraram, pelas mais variadas formas, que conseguiam e podiam ser mais distintos do que a maioria dos seus contemporâneos. Pessoas que contribuíram para a evolução do género humano, que trouxeram e confirmaram novas teorias, que obrigaram o mundo a saltar em frente, o tornaram maior. Nos nossos tempos, creio que os endeusamentos são mais fáceis e que, por via disso, estes novos deuses têm, na maior parte dos casos, pés de barro! A mediatização constante a que estamos condenados, faz com que a necessidade de estar sempre na linha da frente obrigue a que se elevem pessoas a estatutos que não têm capacidade para manter. São fogos fátuos, meras construções na areia, que não aguentam uma maré cheia.
A grandiosidade de alguém não se pode medir pela sua mediatização, por simples frases sem consistência, por feitos meramente ocasionais.
Grandes são aquelas pessoas que, na sua humildade, sabem reconhecer a sua pequenez, a sua finitude e o seu lugar no mundo. Grandes são aqueles que, anonimamente, conseguem oferecer felicidade sem esperar troco, conseguem transmitir humanidade sem esperarem as luzes da ribalta, conseguem adiantar o mundo sem ultrapassar ninguém.
Grandes são os que sabem sorrir e, sobretudo, colar sorrisos constantes nas caras de outras pessoas. Grandes são aqueles que não se põem em bicos dos pés para serem vistos, que nunca precisam de subir escadas para serem reconhecidos.
Grandes são aqueles a quem, embora aparentemente pequenos na sua passagem pela vida, ficaremos em dívida eterna, porque foi por eles que conseguimos aspirar a um mundo melhor!
Felizmente que essas pessoas não necessitam de se tornar (falsos) deuses. Felizmente a essas pessoas basta-lhes serem pessoas! Verdadeiras!
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