quinta-feira, 16 de março de 2006

À la carte


Há alguns uns anos era frequentador assíduo do cinema Quarteto, ia lá quase todos os fins de semana e via todos os filmes que estavam em cartaz. O Quarteto era mais que uma (ou quatro) sala de cinema, era um local de passagem e estadia obrigatórias, muitas vezes só para beber um café.
Lembro-me de um dia, chuvoso por sinal, ir sózinho ao Quarteto, comprar o bilhete para uma das suas quatro salas, sentar-me na primeira fila, não havia lugares marcados, e ver um dos filmes que mais me impressionou, O Cozinheiro, o Ladrão, a sua Mulher e o Amante.
Com ele descobri a arte de Peter Greenaway, que até aí desconhecia. Fiquei estarrecido com este filme, perfeitamente colado à cadeira com a sua beleza barroca, com as suas cores fortes, com a sua crueza hipnotizadora. Cada cena era como de uma tela se tratasse, com os cenários do restaurante Le Hollandais, as suas cozinhas imensas, as suas salas esplendorosas; com os fatos desenhados por Jean Paul Gaultier; com a enormíssima música criada por Michael Nyman; com o extraordinário desempenho dos actores, destacando-se a brilhante Helen Mirren.
Quando saí da sala ia "cheio" daquele filme, que me incomodou maravilhosamente, nem dei pela chuva que continuava a cair.

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