sexta-feira, 13 de julho de 2007

Censuras!


No J.N. de hoje:
«'Tintin no Congo' acusado de racismo
A denúncia é da Comissão Inglesa pela Igualdade Racial "Tintin no Congo" contém "palavras de aviltante preconceito racial e é um livro em que os 'nativos selvagens' parecem macacos e falam como se fossem imbecis". Trata-se do segundo livro das aventuras em banda desenhada do célebre repórter criado por Hergé e que foi originalmente publicado em 1931.
A comissão humanitária inglesa não se limitou a lavrar o protesto - que é cíclico uma vez que o livro já sofreu diversas alterações de reedição, nomeadamente em 1946 e 1975 - e, desta vez, foi mais longe solicitou ao grande retalhista Borders que retire definitivamente o álbum das suas prateleiras. O pedido foi atendido só pela metade: "Tintin no Congo" foi colocado numa secção de vendas exclusivamente dedicada a conteúdos para adultos.
Um porta-voz da Borders, citado pela BBC, justificou a sua posição "Entre os milhares de livros e discos que temos à venda pode haver, naturalmente, produtos considerados controversos dependendo dos interesses, gosto pessoal e visão política de cada um".(…)»

Esta comissão, para além de parecer mentecapta, não percebe nada de História, dos seus contextos e da sua valorização para o conhecimento de realidades passadas!
O livro em questão foi feito no inicio da década de 30, quando estas questões eram, normalmente e aceitavelmente, tratadas deste modo. Quantos britânicos não o fizeram, efectivamente, no seu dia a dia? Estavam errados? Estavam, aos olhos de hoje, daquilo que hoje se crê ser o politicamente correcto, já que "atoardas" racistas e xenófobas continuam a ser cometidas todos os dias, até pelos súbditos de Sua Majestade!
Este livro é, talvez, o mais "fraco" na obra de Hergé. É, sobretudo, muito naif, feito sem preocupações humanitárias, ou, muito simplesmente, preocupações documentais. Era apenas um livro de gags sobre o Congo Belga, cheio de preconceitos e imagens feitas, o que na época era considerado normalíssimo.
Não sejamos mais papistas que o Papa, não retomemos o index, não criemos novas inquisições e percebamos as coisas no seu próprio contexto e como documentos que nos podem transmitir sabedorias.
Já agora, esta comissão, para além de "vomitar" disparates destes, serve para quê?

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