A cada dia que passa me assusto mais com o país que temos! É verdade que motivos para um bom susto não faltam. Fugas de gás, perda de poder de compra, encerramento de unidades de saúde pública; o que por aí não faltam são motivos causadores de sustos. Mas, neste caso particular, assusto-me muito com as pessoas que temos. Com as demonstrações de futilidade, de leveza nos actos, com o virar de costas ao importante e fundamental, que acontecem todos os dias a todas as horas.
A gente não lê e não se importa com isso! A gente não pensa e não se preocupa! A gente não olha para o próximo e nem se dá ao trabalho de reparar nisso! A gente olha para o umbigo e isso basta-nos para aquilatar do estado do país e do mundo, porque para a gente o que importa é sabermos de nós e fecharmos os olhos ao resto!
A gente não sabe nada e não se importa com isso, não vale a pena ler livros, nem vale a pena ir a cinemas que não tenham pipocas, nem é necessário sabermos que há vida para além dos telemóveis, ou dos shopping centers, ou das histórias rocambolescas que enchem a generalidade dos nossos telejornais.
Estamos a inundar, cada vez mais, o nosso país de futilidades, de cabeças ocas, de massas prontas para um consumismo desenfreado e vazio de conteúdo.
Estamos a deixar-nos ir para uma nova ditadura, pior, muito pior do que a outra, porque nos é auto-imposta e quando nos dermos conta já nada haverá a fazer, quando nos apercebermos do mal, já este estará tão forte e impenetrável que só nos restará ir comendo mais e mais pipocas, até estalarmos de vez!
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