quarta-feira, 2 de março de 2011

Histórias com Música (37)

O fim do mundo…
É, definitivamente, o fim do mundo!

Foi assim que ela se sentiu naquele dia já distante, enquanto olhava a chuva pela janela.
Nada mais interessava a partir daquele momento, não havia mais sentido possível para a sua vida, tudo se desmoronava à sua volta e a chuva forte que se fazia sentir lá fora só reforçava a sua ideia, a sua vontade de não mais prosseguir, de ficar por ali.
Sentira que perdera todas as suas forças, que mais nada interessava depois daquilo.
E estivera feliz. Sim, estivera tão feliz antes. Nunca se tinha sentido tão eufórica, com tantas certezas, com tanta vontade de rir, cantar e dançar.
E fizera-o. Fizera-o com todas as ganas. Dançara nas ruas, cantara nos jardins e rira-se por todo o lado. A vida não podia ser mais bela.
E, de repente, a frustração, o desencanto, o desabar de todas as vontades, de todas as euforias, de todas as esperanças.
É o que normalmente sucede depois da euforia, o retomar da normalidade é sempre doloroso, só que, para ela, nada disto era normal, tudo era uma anormalidade pegada.
Do fogo chegara ao gelo num ápice. E nem se lembrou do velho ditado que dizia, depois da tempestade vem a bonança, porque não veio, não chegou nenhuma espécie de bonança, veio apenas uma tempestade de sentido contrário. Que a maltratava, como nunca se sentira maltratada antes.
Foi então que se lembrou que dia era aquele e, num breve lampejo de lucidez, ou da sua ausência completa, sentiu que tinha uma vida inteira à sua frente.
Quase sem se aperceber sorriu: hoje faço 17 anos!


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